Em seu Aerorancho, localizado na Terra do Peão, em Barretos, interior de São Paulo, a engenheira civil, pecuarista e amazona Chris Morais conseguiu a proeza de aumentar em mais de seis vezes e meia a taxa de lotação na recria de gado de corte, saltando de 30 para 200 cabeças distribuídas em 9 piquetes de 24 hectares ao todo. A mega pecuarista concedeu entrevista ao Giro do Boi nesta quinta, 18, para contar sua trajetória.
A produtora disse que suas raízes no campo foram uma herança de seu pai. “Tem até genética de família. Meu pai nasceu na fazenda e, como ele sempre diz, minha mão é grossa porque eu nasci tirando leite. Depois ele acabou se formando como engenheiro civil. Meu pai é um exemplo porque ele tem 86 anos, está na ativa e tem mais energia que todo mundo. E consequentemente eu acabei crescendo dentro também, com pé na fazenda, comecei a andar a cavalo, apartando gado, então a pecuária é muito ligada à minha família, a mim mesma. Eu sou engenheira civil de formação, mas eu sempre amei o campo e por isso eu moro na fazenda e minha ligação com a pecuária é genética”, resumiu.
Além de engenheira civil e pecuarista de recria, Chris também se destacou como amazona e faz apresentações de adestramento clássico. “Tive a felicidade de uma vez ter ganhado o campeonato brasileiro, mas eu sempre falo – a gente mais perde na vida do que ganha. Sou muito competidora, sou muito dedicada em tudo que eu faço, gosto de ouvir muito as pessoas, ouço demais da conta para poder fazer muito planejamento, físico, financeiro, para poder fazer execução tanto nos projetos de trabalho e também nos meus projetos pessoais de vida”, sustentou.
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Chris contou como é a sua rotina de sol a sol na fazenda, começando o dia pela madrugada, às 5h, e tratando de seus cavalos, do gado de corte, da mente e do corpo. Além das atividades operacionais no campo, a produtora também dedica parte importante de seu tempo a atividades no escritório, de onde planeja o futuro da fazenda. “Eu sou uma pessoa extremamente conectada, nascida ‘dentro da Matrix’, como eu falo. A gente usa conectividade, por isso eu posso morar na fazenda e ser conectada com o mundo todo”, salientou.
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Foi com esta dedicação que Chris Morais otimizou seus nove piquetes distribuídos em uma área total de 24 hectares para, dentro de um ano, aumentar o rebanho de 30 para 200 cabeças, saindo de uma lotação média de 1,25 para 8,3 cabeças por hectare.
“O boi precisa comer, então a gente tem que dar comida para a planta. Nós estamos no Brasil, temos as melhores terras do mundo e nós temos que aproveitar essa benção que Deus nos deu. Para dar alimento para a planta, nós fomos estudar o assunto, a última tecnologia que existe no mercado”, lembrou a empresária rural. A pecuarista usou um tecnologia desenvolvida pela Coopercitrus, um quadriciclo chamado Geofert, que “por meio do sistema de agricultura de precisão, colhe entre 20 e 40 amostras do solo. Pelas coordenadas do GPS interno, o equipamento identifica as áreas de coleta e analisa a plantação, sinalizando os locais onde precisam de mais fertilizantes ou pesticidas”, consta em reportagem sobre o lançamento da tecnologia no site oficial da Agrishow.
A pecuarista adubou seus piquetes após fazer análises de detalhadas do solo em toda a sua propriedade. “Em cada um dos nove piquetes, até no piquete dos meus cavalos também”, acrescentou. Além de acelerar o giro do boi dentro da fazenda, Chris contou que o trabalho também evita a degradação, cujo processo também pode ocorrer mais rápido uma vez que mais animais estão pisando na terra e consumindo a forrageira.
“Com a análise do solo do Geofert, que é o quadriciclo, na propriedade toda, eu tive uma economia de mais de 30% no lançamento do calcário. […] O desenvolvimento da boiada foi violento, foi grande, eu pude saltar de 30 para 200 cabeças no período de um ano”, celebrou.
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“A gente fez um teste até nesse pasto que estou (a pecuarista concedeu a entrevista ao vivo em meio a um dos piquetes – assista abaixo), que foi formado em novembro e ele passou pela época das chuvas, agora nós estamos em junho, época de seca, a pluviometria já está bem baixa, mas, sem brincadeira, parecia aqui uma floresta porque o capim no pasto estava super alto e o pessoal falava ‘pelo amor de Deus, tem que colocar boi em cima’! E foi um ano bom de chuva”, brincou a pecuarista.
O avanço na produtividade viabilizou a terminação de seus animais dentro de um padrão que os consumidores dos mercados nacional e internacional exigem atualmente – um boi precoce, de zero a dois dentes, com boa cobertura de gordura. “Você conversar e ter um bom diálogo com o mercado e também com a indústria é necessário para toda a cadeia, para que você possa entregar aquilo. O que eu fiz aqui na propriedade foi estudar o que mercado estava querendo, o que o mercado pedia e o que eu tinha que fazer. Então eu fui fazendo trocas de lotes, fui estudando, fui vendo as bonificações. […] Você tem que ter genética, você tem que ter uma boa apartação do gado, você tem que ter o manejo, cuidado do dia a dia, tratar e dar tempo para o desenvolvimento para lá na frente ter um boi, como eu sempre falo junto com o pessoal, um boi novo, zero a dois dentes, porque é o que o mercado mundial hoje pede, não só o Brasil”, reforçou.
A pecuarista que faz a recria no Aerorancho envia seus lotes para a terminação na unidade do Confinamento JBS de Guaiçara-SP, onde passam pelo “sprint final” para a deposição de gordura na carcaça e seguem para abate na unidade Friboi em Lins-SP.
“A gente sempre faz um belo de um trabalho em conjunto porque são eles que sempre me ajudam – e muito – para poder aumentar os nossos resultados de qualidade de abate. A gente sempre tenta deixar algum lote lá no boitel, deixar sempre pelo menos uma baia por lá, e é fantástico. Como eu sempre falo, o sprint final, que são os últimos 90 dias, eu prefiro deixar com os meus amigos lá de Guaiçara. Eles sabem fazer a terminação, eu entrego um boi do jeito que eles gostam, sem refugo de cocho, com o boi cuidado, que já chega adaptado, comendo muito bem”, aprovou a produtora.
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“Nós temos que estar unidos, mais do que nunca, toda a cadeia produtiva, trocar muita informação. O pessoal tem muita paciência comigo porque eu pergunto bastante e ouço muito, então tem que ter esta troca de informação para todos juntos, de todos para todos, podermos ter resultados compartilhados”, valorizou.
Chris destacou ainda algumas de suas práticas que podem inspirar outros produtores e produtoras a extrair o potencial máximo de suas fazendas. “Você tem que acompanhar e, com tudo isso, aproveitar a tecnologia pra você poder planilhar, fazer custos e etc. […] Você tem que participar! […] Vale, sim, a pena pecuaristas investirem, ver e ouvir o que o mercado internacional […]. Façam porque vale a pena, porque o gado, sim, é um bom negócio”, concluiu.
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Veja a entrevista completa com Chris Morais pelo vídeo a seguir:
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