Sustentabilidade da pecuária no Pantanal é convertida em premiação

Preservação do bioma e geração de valor para a população local foram reconhecidos na forma de desconto de ICMS ao abate de gado para o pecuarista pantaneiro

A sustentabilidade da pecuária no Pantanal em Mato Grosso do Sul transformou-se em prêmio ao produtor de gado de corte. Este é o intuito do Programa Carne Sustentável e Orgânica do Pantanal, parceria entre a ABPO e a Semagro.

Segundo informou Rogério Beretta, superintendente da Semagro, o incentivo é uma característica já tradicional do governo do estado de MS. “O estado tem uma característica de programas de incentivo há muitos anos. Entre os programas de incentivo a gente tem o Precoce MS, que é o nosso programa guarda-chuva”, lembrou.

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Em suma, o programa foi criado em 2019, entrando em operação em 2020. “Então de 2020 até agora já foram abatidos 45 mil animais dentro desse programa de carne sustentável e orgânica. E já foram distribuídos mais R$ 4,5 milhões de incentivo direto ao produtor pantaneiro, que foram pagos no momento do abate dos animais”, especificou Beretta.

Agora os administradores do programa, tanto ABPO como a Semagro, unem esforços para aumentar o número de pecuaristas beneficiados. “Isso é importante dizer: o mercado consumidor está procurando essa carne. Então a gente tem que colocar os produtores em linha direta com os frigoríficos. E os produtores precisam se cadastrar para poder receber seu benefício”, confirmou o superintendente.

PRÊMIO PELA CONSERVAÇÃO

Conforme revelou Beretta, a importância pecuária no Pantanal para MS vai além da reposição de bezerros. “Todos sabem a importância do Pantanal para a pecuária de Mato Grosso do Sul. É a região de cria de animais e também é uma região que abrange uma história muito bonita. São 150 anos de pecuária sendo desenvolvido nesse bioma, o Pantanal, com 85% de preservação da vegetação natural. Então é um equilíbrio”, declarou.

Nesse sentido, completou Beretta, o governo de MS entendeu que seria importante o oferecimento do incentivo aos produtores, “que fazem esse belíssimo trabalho de ocupar o Pantanal, desenvolver a pecuária e manter aquele ambiente em total sustentabilidade”.

VALORIZANDO O PANTANEIRO

De acordo com Beretta, o programa incentiva não só a pecuária no Pantanal, bem como o pantaneiro. “Esse programa visa a valorização da cultura do homem pantaneiro […]. Todos nós sabemos as dificuldades que o Pantanal tem. Não é qualquer um que consegue tocar uma atividade dentro do Pantanal com os seus ciclos de seca e cheia. É um bioma muito complexo nas questões de estrada, distância e comunicação. Então nós entendemos ser importante valorizar isso”, acrescentou.

CARNE ORGÂNICA E SUSTENTÁVEL

Logo depois, Beretta lembrou que dois protocolos de bonificação compõem o programa. Em primeiro lugar, o incentivo à produção de carne orgânica pela pecuária no Pantanal segue os critérios de uma lei federal consolidada em 2003.

Leia aqui na íntegra a lei nº 10.831, de 2003

Além disso, no incentivo à produção de carne sustentável, a ABPO estabeleceu os critérios através de protocolo junto à CNA. “É um protocolo comercial onde se estabelece normas de produção, de atendimento aos empregados, de capacitação, normas de uso de produtos, de manejo de pastagem, de uso de ração”, explicou Beretta.

INCENTIVOS

Depois que explicou os critérios dos protocolos de incentivo à pecuária no Pantanal, Beretta revelou os valores.

“Os critérios do orgânico são um pouco mais exigentes. Portanto o pagamento de incentivo é um pouco maior […]. Mas eles são muito próximos. Hoje o programa paga em torno de R$ 100,00 a R$ 110,00 por cabeça em média para a produção de carne sustentável e R$ 110 a R$ 120,00 por cabeça na produção de carne orgânica”, disse em suma.

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QUEM PODE SE BENEFICIAR?

Do mesmo modo, Beretta comentou quais pecuaristas podem receber o incentivo à pecuária no Pantanal. “São os produtores que fazem parte da região pantaneira de Mato Grosso do Sul. Isso é bem fácil de identificar, já que a gente tem a identificação da propriedade quando ele abre a ficha no órgão de defesa sanitária, no Iagro”, explicou.

“Fazendo parte da planície pantaneira, ele pode se cadastrar no programa e ter acesso aos benefícios”, complementou.

Em seguida, o superintendente apontou onde os pecuaristas podem buscar mais informações para o cadastramento. “É importante que ele busque essas informações na Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO). […] O pecuarista também pode procurar os técnicos da Semagro […] que eles vão passar todas as informações”, assegurou.

FRIGORÍFICOS HABILITADOS

Desde já os parceiros do Friboi em Mato Grosso do Sul contam com o protocolo disponível em duas unidades. São elas Anastácio e Campo Grande I. A unidade II de Campo Grande estará também em breve apta a fazer os abates com o incentivo fiscal por meio do desconto de ICMS.

Por fim, assista a entrevista com Rogério Beretta:

Foto: Divulgação / ABPO