Quantos litros de leite por dia uma vaca Pardo-Suíço x Gir Leiteiro produz?

Criador do agreste pernambucano quer saber se o animal é rústico para produzir leite pastejando em terreno acidentado e quer sugestões para fazer o tricross nas F1

O criador Yuri Brito, que tem propriedade no agreste pernambucano, enviou sua dúvida sobre cruzamento voltado à atividade leiteira ao Giro do Boi:

“Estou apostando no cruzamento do Pardo-Suíço de linhagem leiteira com o Gir e gostaria que vocês me informassem, se possível, o que devo esperar deste cruzamento em relação a rusticidade, qualidade do leite, adaptação, volume de produção a pasto, se suporta pastar em terreno acidentado e, principalmente, o que eu devo fazer com as fêmeas F1, que raças devo utilizar para cobrir, levando em conta que eu não creio que seja viável o uso do Holandês pelas condições climáticas e que a obtenção de bezerros com apelo comercial é uma necessidade real, já que eles são minha ‘poupança’, quando os vendo depois de apartados”.

As dúvidas complexas do pecuarista pernambucano foram esclarecidas pelo zootecnista Guilherme Marquez, gerente nacional de produto leite da central Alta Genetics.

“O Pardo-Suíço é uma raça que veio do nordeste da Suíça. Ele veio no Brasil nos anos de 1900. E o que o Pardo-Suíço trouxe para nós? O clima do nordeste da Suíça tem uma variação muito grande de temperaturas. É lógico que ele não chega a uma temperatura de calor, como nós, mas a variação, pelo lugar ter altitude alta, tem uma variação muito grande de um dia para o outro. E esse animal conseguiu se destacar na sobrevivência dessas mudanças”, apresentou Marquez.

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As características da região em que se originou o Pardo-Suíço também se encaixa bem na necessidade do pecuarista precisa de cascos fortes para pastar em terreno acidentado. “O Pardo-Suíço também é um animal que traz cascos muito fortes porque ele precisava subir montanhas. Então essas características de produção de leite, uma pelagem extremamente forte e resistente para os raios solares, já que ele ficava exposto demais aos raios solares, faz dessa uma raça rústica e também muito produtiva”, destacou.

“O Gir Leiteiro veio de um sistema um pouco diferente, lá da Índia, mas um sistema também com exposição ao clima muito forte, agora para mais quente. Ele também tem os cascos muito fortes e a gente completa características nesse cruzamento, com essas características que a gente gostaria de ter para um animal rústico”, disse Marquez, aprovando a criação do F1 Pardo-Suíço x Gir Leiteiro.

“Nós vamos ter um animal de um porte um pouco maior quando comparado com o Gir Leiteiro puro, mas nós vamos ter animais com uma pelagem muito firme. Não vai ter uma variação de pelagem dentro do seu rebanho, vai ter uma uniformidade de pelagem. Animais com cascos pretos, fortes, então casco não vai ser um problema que você vai estar vivenciando muito claramente na sua propriedade”, confirmou.

“Enquanto qualidade de leite, nós acreditamos, e alguns resultados já nos mostram, que a qualidade de leite para sólidos e proteína é excepcional. Esse é um cruzamento que fortalece essa qualidade. O volume de produção vai girar em torno de 15 a 17 kg de leite dentro da sua propriedade. Lógico, a gente sabe que a genética faz a sua parte para produção de leite, mas tem muito do ambiente, ou seja, a alimentação e o sistema com o qual você vai criar os seus animais, que vai ser responsável pela manifestação daquela genética. Então se você ofertar uma comida de mais quantidade e qualidade, é claro que esses animais podem ir acima de 20, 25 kg de leite por dia”, projetou o especialista.

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Marquez também falou dos bezerros machos que por ventura possam ser vendidos ou levados até a engorda. “Como eu vou ter uma pelagem muito uniforme e vou ter um aumento da estatura, os machos são interessantes, sim, para o mercado de carne. Então você pode utilizar esse cruzamento e você está no caminho certo. Eu acredito que você vai ter bons resultados por meio desse cruzamento entre o Pardo-Suíço e o Gir Leiteiro”, constatou.

O zootecnista também fez recomendações quanto ao uso de uma terceira raça para um tricross sobre as F1 Pardo-Suíço x Gir Leiteiro, uma vez que o criador acredita que o Holandês puro não possa ser utilizado para não prejudicar a rusticidade do rebanho.

“A gente precisa conhecer muito o seu clima, o seu sistema para a gente te orientar com isso. […] Eu entraria, então, com o Girolando, e até a própria Associação Brasileira Criadores Gado Pardo-Suíço também recomenda essas raças com composto leiteiro para a gente reter as fêmeas e não atrapalhar o sistema para obter renda com a venda ou engorda dos machos. Então veja só, na F1 a gente tem o Pardo-Suíço com Gir Leiteiro e, nessa F1, você pode ter uma opção, que é a raça Girolando, o touro Girolando ⅝, colocando um pouco de Holandês, mas mantendo a rusticidade do Gir Leiteiro na F1 sua com Pardo-Suíço. Então pode ser uma opção, ok? Essa pode ser uma ideia. O que é bom é você sempre manter as suas avaliações zootécnicas e fazer os seus comparativos para a gente chegar no animal que vai mais te proporcionar a sustentabilidade do seu negócio”, sugeriu Marquez.

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A resposta completa do especialista segue disponível no vídeo abaixo:

 

Imagens: Reprodução / Facebook Associação Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço e ABCGil