Positivo na balança e no bolso: fazenda melhora resultado premiando funcionários

Gestor mostrou força de vontade exemplar para atualizar conceitos sobre recursos humanos e mudou a história da Fazenda Caruru, em Nova Monte Verde-MT

Nem sempre o que trava o resultado financeiro de uma fazenda é seu desempenho zootécnico e sua produtividade. Um desses casos virou destaque no Giro do Boi desta sexta, dia 22, quando o gestor Miguel Rech, da Fazenda Caruru, de Nova Monte Verde-MT, destacou em entrevista que a virada de chave da propriedade veio com ajuda do programa de capacitação em gestão e comparação de resultados Fazenda Nota 10, que apontou o caminho para extrair o máximo de engajamento dos seus colaboradores e reconhecendo o seu trabalho financeiramente.

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“Na verdade hoje a nossa grande ferramenta da sua fazenda são as pessoas. Sem elas não tem como você trazer resultado, não tem como as coisas acontecerem. Para tudo na sua rotina do trabalho na fazenda, você vai precisar de gente. E quando as pessoas estão engajadas e comprometidas e acreditam no trabalho, elas se doam muito mais”, sustentou Jacqueline Lubaski, coordenadora da área de gestão de pessoas no programa Fazenda Nota 10.

A especialista resumiu o efeito positivo que a boa gestão de recursos humanos tem em uma fazenda de pecuária: aumenta a produtividade e o lucro da propriedade rural. “A gente vai ver o modelo de gestão do seo Miguel, que é muito claro. Quando as pessoas sabem por que elas estão ali e conhecem o objetivo da fazenda, elas participam junto das tomadas de decisões. O resultado não tem como ser diferente: é positivo na balança e no bolso”, sintetizou.

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A consultora destacou também que a atitude do gestor responsável é essencial para o sucesso do gerenciamento de recursos humanos em uma fazenda. “Inicialmente , quando a gente começou o trabalho com o Seo Miguel, nós percebíamos que ele tinha um desejo muito grande de mudança. Ele tinha uma equipe sólida e não tinha uma equipe com muita rotatividade, mas ele percebia que a equipe poderia se doar mais. […] Quando iniciou o trabalho do Fazenda Nota 10, de acordo com relatos e fotos, […] isso começou a mudar”, recordou.

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Na sequência, Miguel Rech contextualizou a situação, que atua há nove anos como gestor da Fazenda Caruru, em Nova Monte Verde. Com alguma experiência no campo, Rech acreditava que conseguiria dar conta do recado, mas foi percebendo aos poucos as dificuldades: pastos sujos, degradados e funcionários desmotivados. “As vacas pegavam pouca cria, morria muito bezerro. E aí eu me perguntei como ia começar e fiquei um pouco perdido”, reconheceu.

Rech lembra que fez anotações de alguns dos indicadores da fazenda e, com o pouco recurso inicial que tinha, começou pela limpeza de pastos e compra de touros puros para enxertar a vaca. “Foi quando o mato começou a crescer mais ainda e os bezerros, quando nasciam, eram bonitos, pois eram filhos de touro puro, mas quando apartavam, eles emagreciam. Murchavam que nem maracujá passado”, brincou. “Os donos ficaram incomodados comigo e ficou complicado. Mas eu não podia desistir, eu tinha que achar uma saída. Então nós fomos ao Sebrae, eu conversei com os consultores sobre essa situação, que eu não estava dando conta do negócio, e pedi ajuda. Isso faz quatro anos”, contou.

Rech admitiu que, até então, pensava que a gestão de pessoas se resumia a algo simples como mandar embora quem não cumprisse o combinado. “Deu tudo errado”, disse sorridente.

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Mas o “desejo grande de mudança” de Miguel falou mais alto. Com a ajuda inicial do Sebrae a situação foi melhorando, o pastejo rotacionado passou a funcionar bem na recria dos bezerros que ao invés de “murcharem feito maracujá” agora já viravam bois que rendiam a produção de 38 arrobas por hectare no período das chuvas. “Feitas as contas, levando em consideração as despesas, depreciação, custo da oportunidade e juros sobre o capital investido, dava lucro”, observou. “Só que continuou com funcionários desmotivados e eu continuava com aquele jeito antigo e a coisa não estava indo como precisava ser”, ponderou.

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CONTATO COM O FAZENDA NOTA 10

“Então um dia eu encontrei um amigo meu, que chegou aqui dizendo que tinha um livro do Antonio Chaker e me deu de presente. Ele disse que tinha bastante coisa que eu podia aplicar na propriedade. Eu li o livro, tinha muitas coisas boas, mas eu não sabia como ia aplicar na prática. Eu comentei com meus filhos e eles disseram que tinha uma propaganda no Fazenda Nota 10. E eu me inscrevi e consegui ser classificado. Faz quase um ano que eu estou nesse sistema”, disse Rech.

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Além de organizar melhor os números e comparar a realidade da fazenda com outras propriedades em situação similar, Rech se transformou como gestor de pessoas. “Nós aprendemos com a Jacque a como lidar com pessoas, como organizar as coisas, acreditar que o funcionário […] precisa saber o que faz, que quer participar das coisas e começamos por esse caminho”, comentou.

Hoje a gestão de pessoas na Fazenda Caruru conta inclusive com uma estrutura própria e rotina bem definida. “A gente se reúne toda semana com os funcionários, nós temos metas. Nós fizemos uma salinha para fazer isso, que fica numa casinha que nós tínhamos. A gngt pintou as paredes para ficar bonitinho e aí colocou tudo o que os consultores sugerem que a gente coloque na parede. Temos um quadro dos certificados dos cursos que eles fazem para se profissionalizar, fizemos um outro quadro que a cada segunda-feira a gente atualiza com o que aprendeu na semana […] e nós elaboramos um sistema de pagamento por resultado”, detalhou.

Casinha sem uso na Fazenda Caruru virou a sala de treinamentos e gestão.

Poster no espaço de gestão destaca “10 coisas que fazem bem e não custam nada”: Ser pontual; Avisar com antecedência; Agradecer; Pedir “por favor”; Cumprir o combinado; Fazer bem feito; Ser ético; Falar a verdade; Dar satisfação a quem se deve; Responder com educação.

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O que as fazendas de pecuária de corte mais eficientes têm em comum?

A premiação é uma espécie de 14º salário, limitada a um salário mínimo por funcionários. “Para conseguir esse 14º salário, por assim dizer, eles têm que todos se ajudarem e terem o mesmo objetivo, as mesmas metas que nós definimos”, explicou.

Segundo Rech, são duas variáveis que sustentam o merecimento do bônus. “É a quantidade de bezerros que nós apartamos dividida pelo número de vacas que nós colocamos no touro ou inseminamos, porque isso é coisa que eles enxergam, que podem acompanhar e que eles mesmos fazem, e a outra é o GMD, ou a quantidade de peso que os animais ganham por dia na recria, que também é coisa que nós pesamos no início, no final e dividimos. São essas duas variáveis só. Nós definimos um valor máximo, que é um salário mínimo”, resumiu.

Capineira de fazer inveja na Fazenda Caruru: GMD na recria é uma das variáveis para bônus dos funcionários.

Gestão à vista na Fazenda Caruru: tarefas combinadas têm relação com a premiação dos colaboradores.

Como premiar os funcionários de uma fazenda de pecuária de corte?

“O seo Miguel entrou para dentro da fazenda muito próximo dos colaboradores e partindo do princípio de que eles poderiam contribuir muito mais com ele do que vinham contribuindo, dando ideias, dando sugestões. […] Nós tivemos alguns bate-papos e foi transformador não só para o seo Miguel e a Fazenda Caruru, mas também para a gente, para a equipe do Fazenda Nota 10. Foi maravilhoso porque o seo Miguel é incansável e fez questão de inserir todos os passos que estão inseridos no conteúdo do programa Fazenda Nota 10. Às vezes as pessoas acham que fazer reuniões e encontros falando dos objetivos da fazenda é balela, mas não é. Está aí o seo Miguel para provar exatamente a diferença”, reconheceu Lubaski.

Miguel Rech (à direita na foto acima) em companhia de sua equipe: muito aprendizado e mais resultados para todas as partes envolvidas.

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Confira no vídeo a seguir as entrevistas completas com Jacque Lubaski e Miguel Rech ao Giro do Boi: