O Giro do Boi recebeu para entrevista nesta terça, 26, o presidente da Associação Brasileira de Angus, Nivaldo Dzyekanski, para abordar o recente lançamento de uma plataforma digital que facilitará o acesso à genotipagem de indivíduos da raça. Através dela, os produtores poderão solicitar a análise genômica de seus animais de forma mais prática.
“Justamente pensando em incentivar o produtor a usar mais a genômica, a associação se preocupou em facilitar a vida desse pecuarista. Então nós criamos essa plataforma, que é simples, em que o produtor acessa, avisa que vai fazer a coleta do pelo do animal. Ele tem, inclusive, um dispositivo especial para colocar esse pelo, que a associação envia. E ele nos informa que está mandando o pelo, envia esse pelo, nós mandamos a amostra para os laboratórios, administramos todo esse processo, que ele acompanha via plataforma. Nós recebemos o retorno da análise, a parte da homozigose nós já informamos ao produtor imediatamente e os dados genômicos nós encaminhamos para o programa de melhoramento genético (Promebo). E o produtor poderá acompanhar por lá todas as suas DEPs. Isso é para ajudar o produtor, é uma coisa que com certeza facilitará a vida do produtor para que ele use mais a genômica”, explicou Dzyekanski.
“O produtor unicamente tem que querer fazer a análise genômica, tirar o pelo do animal e enviar para a associação. Ele não se preocupa com mais nada. A associação gera o boleto para ele pagar”, frisou.
Conforme informou Nivaldo, o produtor não precisa estar filiado à Associação Brasileira de Angus, embora haja vantagens. “Qualquer produtor, seja selecionador ou de Angus cruzado que queira fazer uso dessa ferramenta, ela estará disponível. A única coisa que difere é que o preço para o associado, evidentemente, é menor do que para um criador que não seja associado”, apontou.
“Principalmente o usuário, os produtores que fazem a genotipagem, precisam ter os seus animais inscritos no programa de melhoramento genético Promebo. Então ele estará disponível especialmente no Promebo. Evidentemente que a associação está sempre pronta para ajudar aquele criador que queira consultar os seus dados, que tenha porventura alguma dificuldade”, ponderou.
O genoma da raça Angus no Brasil, inclusive, nasce com números expressivos, de seis mil indivíduos, número até três vezes maior do que o início do genoma Angus em países como Argentina e Estados Unidos.
“Já iniciamos com seis mil animais, o que é um número razoável. E esperamos a cada ano genotipar pelo menos metade da safra de machos e fêmeas. Eu acredito que será em torno de 2,5 mil animais por ano, o que é muito bom, vai agregando e nós vamos aumentando nosso banco genômico. E quanto mais animais, mais assertividade, mais material para se trabalhar”, projetou.
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Além de democratizar a avaliação por genotipagem, o novo serviço da associação criará ainda um banco de dados com o material genético original coletado caso seja necessário – ou desejável – nova análise. “E, aliás, tem mais uma coisa muito importante. Nós guardamos uma parte dessa amostra na associação porque no futuro, se nós quisermos fazer uma nova análise desse animal – afinal a tecnologia evolui a cada ano. De repente, nós precisamos fazer novamente uma análise da pelagem desse animal e nós teremos então dentro da associação um banco de dados, um backup, podemos dizer, de material genético dos animais, além de, claro, ter todo o backup das informações, das DEPs, tudo armazenado dentro da associação”, revelou.
Para Nivaldo, o produtor já entende hoje a importância da genômica para seu plantel, mas ainda falha em aproveitar todo o seu potencial. “Eu digo que o selecionador hoje não está longe da genômica, que é uma ferramenta extraordinária para o desenvolvimento genético. Mas talvez ele ainda esteja longe do quanto ele deve utilizá-la. Então eu creio que dentro de um prazo curto ou médio, essa ferramenta será indispensável para ele, fará parte de seu dia a dia. Hoje ele usa diversas ferramentas, mais a genômica. Ele vai usar a genômica, mais todas as outras ferramentas que ele quiser – porque a genômica será indispensável na vida diária do criador”, destacou.
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Nivaldo comentou quais são os benefícios que a avaliação genômica trazem para o pecuarista. “Dá mais assertividade (no uso de reprodutores e matrizes) porque as informações […] são de uma precisão espetacular. Hoje se pode avaliar um animal que ainda não produziu filhos, pode-se saber o que ele vai produzir de filhos. Veja a velocidade que essa ferramenta permite e, com certeza, assertividade. Com muitos animais nesse banco de dados, será muito fácil escolher o acasalamento dentro daquilo que cada criador queira, seja ele um selecionador ou um produtor de Angus cruzados”, estimou.
O presidente da associação frisou ainda que foi criada uma modalidade exclusiva de filiação para dar suporte não só aos selecionadores, mas aos usuários da genética Angus em todo o país. “Eu queria trazer como informação especial para o Giro do Boi que nós criamos recentemente uma categoria sócio produtor, que é para o produtor que usa o sangue Angus, inseminando ou na monta natural, para que ele venha também para a associação, que se associe. Nós temos, então, duas categorias, o sócio criador, que é o selecionador de genética, e o sócio produtor. Nós queremos abraçar esse criador de Angus que está por todo o Brasil e que faz a diferença na pecuária brasileira e mundial”, enalteceu.
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Uma informação relevante para o criador de Angus Brasil afora, por exemplo, é a resistência ao carrapato, uma informação na qual o Brasil é pioneiro e que será disponibilizada exclusivamente pela associação por meio do seu programa de melhoramento genético. “Na raça Angus, o Brasil é pioneiro, é o primeiro país e o único que trabalha com essa DEP”, valorizou.
“A diferença consiste que nós temos a DEP para resistência ao carrapato, para identificação de indivíduos resistentes ao carrapato. É o único Angus no mundo com essa DEP. Então essa é a grande diferença. Todos sabemos que o carrapato é um grande problema na vida de quem trabalha com bovinocultura. Então a Angus está preocupada com isso e nós, nessa genotipagem, temos um item específico, uma DEP específica para identificar os indivíduos resistentes ao carrapato. Esse é o grande diferencial que nós temos”, ressaltou.
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Segundo Nivaldo, esta não é a única ação da Angus buscando a evolução da raça na resistência aos carrapatos. “Com essa preocupação grande com respeito ao ectoparasita carrapato, nós fizemos um contrato público-privado com a Embrapa Pecuária Sul, de Bagé-RS, em que nós, em parceria, faremos pesquisas em um trabalho de 38 meses de contagem de carrapatos. É inédito isso também e nós já temos dez selecionadores envolvidos nesse processo. Nós já temos dados de 1.200 animais cadastrados com essa contagem e nós pretendemos fazer anualmente em torno de 500 animais. Então essa parceria é extremamente importante para nós combatermos (o carrapato) e identificarmos, dentro da raça, os indivíduos mais resistentes a esse ectoparasita, para dar lucro para a nossa pecuária e multiplicarmos esses indivíduos para que o Angus seja mais resistente ao carrapato”, determinou.
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O presidente da associação afirmou que há ainda mais uma característica importante sendo avaliada que servirá para a disseminação da genética Angus nos trópicos. “Dentro desse contrato de colaboração e pesquisa com a Embrapa, nós também temos uma outra DEP que é para identificar animais de pelo curto […], que perdem o pelo com rapidez, visando pinçar elementos dentro do nosso plantel para multiplicar, para fazer touro para clima quente, ou seja, de cobertor pequeno, jaqueta leve, que aguenta calor. É isso que nós estamos buscando no Angus. Animais de pelo curto”, assumiu.
“Temos que estar preparados para atender essa demanda mundial que é crescente, por carne brasileira, por carne de qualidade”, concluiu Dzyekanski.
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Assista a entrevista completa no vídeo abaixo: