Em entrevista ao Giro do Boi nesta quinta, dia 06, o médico veterinário Dênis Antônio, gerente técnico de ruminantes da MSD Saúde Animal, apresentou um dado que indica um dos maiores gargalos da pecuária de cria no Brasil. Entre o nascimento e a desmama de bezerros, a taxa de mortalidade chega a 7%. No entanto, o especialista lembrou que medidas simples podem reduzir o indicador e aumentar o desfrute da atividade.
Por exemplo, o mês de janeiro oferece um desafio extra para os bezerros recém-nascidos. Portanto, se houver a possibilidade de concentrar nascimentos em outra época do ano, o resultado pode ser melhor. “Janeiro tem muita chuva e chuva é um grande vilão para o manejo da bezerrada que está nascendo. […] Alta umidade, proliferação de agentes e isso contamina o umbigo desses animais. E o ideal é que a gente tente fugir dessas datas de alta quantidade de chuvas, conseguindo fazer até mesmo uma IATF para direcionar a estação de nascimento para uma época mais favorável”, orientou.
IMPORTÂNCIA DA CURA DE UMBIGO EM BEZERROS
E é justamente nessa bezerrada que está o futuro da pecuária, seja nas novilhas para reposição do plantel de fêmeas ou nos machos que se tornarão bois gordos. Então entra em cena a importância da cura de umbigo em bezerros.
“Alguns fatores que causam problemas de umbigo e problemas de diarreia nesta fase de nascimento […] podem impactar a produção do animal ao longo da vida. E ele pode ser um animal mais atrasado, mais tardio em relação aos animais que não tiveram nenhum acometimento”, alertou.
De acordo com o veterinário, o umbigo é a porta de entrada de diversos agentes infecciosos e, portanto, uma oportunidade de começar a vida produtiva do animal da maneira correta. “As diarreias, problemas de saúde em geral, doenças respiratórias… O impacto na desmama é de 10 a 15 kg. Isso só na desmama. Alguns autores falam em 400 g por dia. Isso perdura ao longo da vida do animal”, advertiu.
“Aqui vale a gente investir em saúde, em capacitação de pessoal para realmente mitigar, minimizar o impacto desses desafios logo no início da vida dos bezerros”, reforçou.
Em seguida, Antônio ilustrou que problemas podem ocorrer com a cura mal feita do umbigo antes da desmama de bezerros. “Artrites, que é a junta inchada. É bactéria ali causando lesão. A própria diarreia também tem porta de entrada pelo umbigo. Pneumonias, abscessos no fígado. […] Tem as miíases, as bicheiras, que também podem tomar conta e atrasar o processo de cicatrização do umbigo. Então a inflamação vem como uma consequência de uma infecção”, lembrou.
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COMO CURAR UMBIGO DE BEZERRO?
Nesse sentido, o especialista simplificou como o manejo da cura do umbigo deve ser feito. “Precisa ter uma contenção calma do animal na maternidade, cuidadosa, procurar não arrastar os animais. Em seguida, fazer o corte do umbigo, se necessário, para fazer a cura com um iodo 10%. Aplicar 1ml de doramectina 1%, como o Exceller, que é a solução da MSD. Mas realmente ter muito cuidado com esse animal porque ele é delicado. […] Se possível, fazer o manejo de maternidade duas vezes por dia. E não deixar passar da hora a cura, da queima do umbigo para realmente ficar com esse aspecto bem sequinho e fechar essa porta de entrada de maneira rápida e eficaz”, orientou.
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DIARREIA EM BEZERROS
Além disso, o período neonatal dos bezerros, até os 30 dias de vida, apresenta o desafio das diarreias. “A contaminação via oral é fato. Ela acontece no ambiente, seja pela água, por algum comportamento que ele tenha em um ambiente mais contaminado. E a gente tem que prevenir isso ou fazer terapias curativas. […] Até os 30 dias de idade, os agentes que predominam são virais. Por exemplo, o coronavírus e rotavírus. O cryptosporidium também até os 30 dias acomete os animais”, comentou Dênis.
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Conforme apontou o especialista, a diarreia neste período tem boas chances de ser fatal. “Aqui é muito fatal a diarreia porque desidrata muito o animal e aqui acontece a grande perda. Entre o que nasce e o que desmama de bezerros, o Brasil perde em torno de 7% da produção. É um número muito alto. E aqui é uma grande oportunidade de melhorar a receita da fazenda, a receita da pecuária de cria do Brasil apenas com manejo e com uso correto das soluções”, sustentou o veterinário.
E DEPOIS DO PERÍODO NEONATAL?
Posteriormente, o criador tem outros desafios do período que vai dos 30 dias de vida até a desmama de bezerros. “A partir dos 30 dias, é uma outra etapa, em que predomina a eimeriose e a verminose como agentes causadores de diarreia e infecção nos animais.
Segundo ressaltou Antônio, a eimeriose, conhecida como curso negro, deve ter a atenção do produtor. “Pode ser um curso de sangue ou o curso negro. E por que é negro? Porque é o sangue digerido, que ficou ali no trato intestinal dos animais e passou por um processo da absorção e se apresenta desta forma. […] Ou enegrecido ou avermelhado. Isso é uma causa de mortalidade ou atraso também de produção muito grande dos animais”, avisou.
Em contrapartida, para oferecer uma solução aos produtores, a companhia lançou em 2021 um produto que faz justamente o controle dos principais problemas sanitários dos animais de corte ou de leite após o período neonatal até a desmama de bezerros, que é o Panacoxx (leia mais sobre o produto pelo link a seguir).
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Em conclusão, Dênis ressaltou ainda a importância das práticas de bem-estar animal e capacitação da equipe de vaqueiros para melhorar o manejo da cria. “A MSD tem o Criando Conexões, que é um programa espetacular de bem-estar animal que capacita a mão de obra da fazenda para aplicar técnicas de manejo que usam a postura corporal, o olhar e o respeito aos animais para fazer uma condução calma, um manejo tranquilo, sem agressão, sem grito”, lembrou.
Por fim, a entrevista completa com Dênis Antônio, gerente técnico de ruminantes da MSD Saúde Animal, sobre os desafios da saúde dos animais no período neonatal até a desmama de bezerros: