Como vacinar gado contra aftosa? Veterinário lista série de dicas

No quadro Papo de Curral desta terça, 31, médico veterinário Roulber Silva lista dicas de manejo dos animais, das vacinas e agulhas para garantir a imunização do rebanho

Nesta terça, 31, o médico veterinário Roulber Silva, gerente técnico da Boehringer Saúde Animal, falou com exclusividade ao Giro do Boi sobre dicas de vacinação contra a febre aftosa, tendo em vista a segunda etapa da campanha nacional que começa oficialmente nesta quarta-feira, dia 1º de novembro.

Para o veterinário, o pecuarista não deve apenas aplicar o medicamento, mas fazer aplicação no local correto, manejar o animal e fazer sua contenção devidamente e selecionar os equipamentos que vai utilizar, como agulha e a pistola. “Tudo isso influencia muito no resultado que ele vai ter, seja para vacina contra aftosa ou mesmo aplicação de antiparasitário”, adiantou Roulber.

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Confira abaixo os trechos mais importantes da entrevista com o especialista:

Principais erros

“Talvez o erro mais comum seja a aplicação no local errado. Medicamentos como endectocidas e vacinas são indicados para serem aplicados na tábua do pescoço do animal. Mas muitas vezes a vacinação é feita sem contenção e o peão não consegue aplicar na tábua do pescoço, ele acaba vacinando aonde dá”, lamentou Roulber.

A limpeza do material é outro ponto preocupante do manejo de vacinação. “Se a agulha ou o aplicador estão sujos, sem limpeza, acabam contaminando o animal. É o que gera abscesso, um problema que todo mundo reclama”, advertiu.

O que pode amenizar os principais problemas, segundo o gerente da Boehringer Saúde Animal, é capacitar a equipe para que as boas práticas sejam multiplicadas no campo. “A questão da aplicação correta ajuda na imunização do animal e também previne o prejuízo. Um animal com abscesso ou dor, efeitos da aplicação errada, vai comer menos e render menos. Na carcaça, aquele pedaço de carne vai ser retirado e isso conta menos peso no gancho do frigorífico. É prejuízo no bolso do pecuarista”, frisou.

Conservação das vacinas

Roulber disse que a conservação, de modo geral, também é feita de modo equivocado. “Um dos erros mais comuns é quando o pecuarista sai da revenda e não traz caixa de isopor. Ele faz o transporte em um saco de mercado cheio de gelo”, relatou. Segundo o veterinário, o ideal é colocar as doses em uma caixa de isopor com uma boa quantidade de gelo em cubo ou escama. “Pode até ser gelo reciclável, mas não pode deixar ele encostar nas vacinas porque pode invalidar o medicamento, quebrando o adjuvante com antígeno, aí a vacina perde a eficácia”, instruiu.

Ao chegar à fazenda, o produtor não deve se esquecer de tirar a caixa de isopor do carro, evitando exposição ao sol para não prejudicar a refrigeração. “Chegou, coloca de preferência em uma geladeira específica para a vacina. Não é aquela que tem comida e água, que abre e fecha toda hora, como a geladeira do tereré”, exemplificou Roulber. “Tem que tomar cuidado porque estas geladeiras perdem a refrigeração”, completou.

O transporte das vacinas ao curral também deve ser feito em caixa de isopor com gelo. E com a pistola já abastecida, o frasco deve voltar à refrigeração. Se houver pausa no serviço, como para o tereré ou almoço, a pistola cheia de doses também deve ir ao gelo para não degradar o medicamento. “Se a pausa for longa, coloque de novo na geladeira. Em pausas mais curtas, ao menos tire do sol e deixe na sombra”, indicou.

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Troca de agulhas

Quando fazer a troca da agulha? Esta é uma dúvida comum entre os pecuaristas e peões responsáveis pelo manejo da vacinação. “A gente indica um cálculo que facilita saber a hora de trocar a agulha: a cada 50 animais, que é geralmente a capacidade de um frasco da vacina. Isto porque a agulha perde o corte, vai sujando”, destacou.

Mas caso a agulhe não perca o corte nem esteja torta, ela não necessariamente deve ser descartada. Se estiver ainda em boas condições, ela deve ser trocada apenas para esterilização em água fervente por 10 minutos e estar seca para ser novamente utilizada. “Se estiver sem corte ou torta, descarte. Não tente desentortar porque quando ela entorta, perde a durabilidade e, muitas vezes, se o animal se mexer, quebra a agulha dentro do boi”, alertou.

O preço acessível, cerca de R$ 2,00 cada agulha, ajuda na troca constante e não inviabiliza o custo da vacinação.

Pós-manejo

No pós-vacinação, deve-se prestar atenção na limpeza do equipamento para poder reutilizá-lo em uma outra campanha. Antes de guardar, é importante deixar pistola e agulha em água fervendo, secar e lubrificar para guardar para a próxima oportunidade.

“Quanto à vacina em si, se o frasco estiver aberto, a gente recomenda jogar fora. Como você está usando agulha que já teve contato com os animais no frasco, pode acabar contaminando de alguma forma. Se deixar vacina dentro do frasco, ela pode virar um meio de cultura para bactéria. Por isso a gente indica não fazer isto. Usou, abriu o frasco, use no dia e o resto, descarte”, recomendou.

Veja abaixo a entrevista completa de Roulber Silva ao Giro do Boi: