O ciclo pecuário brasileiro está de mudança. É nesse momento em que há a troca da retenção para o abate de fêmeas bovinas. Este ano, por exemplo, o Brasil já abateu 15% a mais de vacas em relação a 2021. Assista ao vídeo abaixo e confira esses detalhes.
Quem apresentou o balanço do ano do mercado foi o zootecnista Eduardo Pedroso, diretor executivo de Originação da Friboi. Ele foi o entrevistado no programa Giro do Boi desta quinta-feira, 22.
O abate de 15% a mais de vacas e novilhas chegou a cerca de 1 milhão de cabeças em 2022.
“Tudo indica que o ano que vem será um ano de maior desfrute em relação a este ano”, diz Pedroso.
Ciclo pecuário acontece de 5 em 5 anos
De cinco em cinco anos, o ciclo pecuário acontece naturalmente, caracterizando, ora um período de oferta baixa de bovinos de reposição, ora um período de oferta alta de gado no mercado.
“Quando se pega a curva histórica dos últimos cinco anos, o abate foi caindo e agora ele começa a voltar. Isso é normal. De cinco em cinco anos, isso acontece”, diz Pedroso.
O ciclo pecuário acontece por conta da onda dos preços do bezerro. Em épocas de escassez dessa categoria de bovino, o preço do animal sobe.
É o momento em que os pecuaristas seguram as suas vacas para produzir mais bezerros e aproveitar a onda dos preços bons de venda desse animal.
Conforme o mercado vai acumulando a oferta de bovinos de reposição, a retenção deixa de ser atraente e faz com que a aposta do produtor seja no descarte de fêmeas.
Balanço do mercado pecuário nos últimos 5 anos
O pecuarista que conseguiu aproveitar as oportunidades se deu bem nesses últimos cinco anos.
Um dado relevante sobre isso foi a evolução do ágio do boi pago ao produtor, comparando a média de preços da arroba do boi nos anos de 2018 e 2022.
“O ágio cresceu 120%, o que é uma correção importante para a base do produtor”, diz Pedroso.
Associado a essa evolução de ganhos, o perfil de abate de bovinos da Friboi mudou no País, em termos de peso e idade.
A média de peso das carcaças bovinas era de 18,5 arrobas em 2018 e este ano está passando de 20 arrobas.
Quanto à idade, em 2018, 70% dos abates eram de bovinos de até quatro dentes. Essa taxa foi para 88% de bovinos com até quatro dentes em 2022.
Em 2023, o foco deve ser redobrado na gestão da fazenda
As tendências apontam para um pico nos custos por conta de investimentos do produtor. São custos demandados por conta da adoção de tecnologias como genética, nutrição e sanidade para a manutenção da produtividade na fazenda.
Apesar de uma retração esperada no mercado de exportação e um mercado interno ainda enfraquecido, é importante lembrar que o mercado de carne bovina voltará a demandar.
E o produtor, para não perder a oportunidade, deverá ter um foco redobrado na gestão da propriedade.
“Cada vez mais seremos dependentes da exportação e 85% dos mercados requerem animais jovens de até 30 meses”, diz Pedroso.
Este tipo de bovino precisa de pasto de qualidade, suplementação, uma sanidade devidamente assegurada e uma boa genética que garanta mais potencial na engorda.
Confira a entrevista na íntegra no vídeo acima com detalhes do mercado de carne premium que passa até conquistar o mercado externo.