No primeiro conteúdo da série especial de reportagens do Giro do Boi sobre as pesquisas dos núcleos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em Campinas-SP, destaque para entrevista com o pesquisador chefe da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda.
Ele apresentou dados da contribuição da agropecuária e de seus agentes para a preservação do meio ambiente e revelou que ao considerar somente as áreas preservadas dentro das propriedades rurais, o número equivale a 21% do território nacional. O dado veio da primeira leva de estatísticas do Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisadas pela Embrapa Territorial, mas é ainda maior, estima Miranda.
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“Na primeira leva, totalizou 177 milhões de hectares, ou 48% dos imóveis rurais, e 20,5% do Brasil. Mas é mais porque ainda vão entrar dados do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e mais um milhão de produtores que declararam ao longo 2017 até o início deste ano”, contabilizou.
“Isto é uma contribuição econômica que os produtores estão dando. Porque se eu tenho uma fazenda de mil hectares e dedico 20% ao meio ambiente… E quanto vale um hectare? Vamos falar em R$ 10.000,00 por exemplo. Eu estou imobilizando R$ 2 milhões do meu patrimônio em prol do meio ambiente”, calculou o pesquisador. “Fazendo uma média (do valor do hectare destinado à agropecuária), isso deu um valor de patrimônio imobilizado pelos produtores em prol do meio ambiente na ordem de R$ 3,5 trilhões. Que outra categoria profissional dedica ao meio ambiente 3 trilhões de reais?”, indagou Evaristo.
Segundo outra análise da Embrapa, além de imobilizar o patrimônio, o produtor ainda investe anualmente R$ 20 bilhões de reais para a preservação, contando gastos com cercas, limpeza de aceiros, monitoramento de áreas e outras atividades do tipo.
Miranda comparou os dados de preservação do Brasil com o países que são protagonistas da economia mundial e têm território significativo, como EUA, Austrália e China. Enquanto os brasileiros preservam 66,3% do território (entre áreas protegidas como parques nacionais, áreas de conservação, reservas indígenas e áreas de proteção dentro dos imóveis rurais), os demais países preservam em média 10% de seu território.
Dentro destes 10%, então áreas desérticas e até territórios sob neve, como o Alaska, que não serviriam à produção agropecuária, ao contrário do que se vê no Brasil, ainda disse o pesquisador ao repórter Marco Ribeiro. “E se a gente pegar o estado do Mato Grosso, que é maior que muitos países, e tratá-lo como um país, ele só perderia em matéria de proteção ambiental para o próprio Brasil”, comparou.
Mas na prática, para Evaristo, o Brasil preserva mais do que os 66,3% já contabilizados. Isto porque dentro de biomas como o Pantanal, o Pampa e a Caatinga, há territórios utilizados pela agropecuária, mas de uso limitado pela natureza e que pouco altera sua condição natural. São as chamadas áreas conservadas.
Confira no vídeo abaixo todos os números reunidos pelo pesquisador chefe da Embrapa Territorial: