O sistema de pastejo rotacionado é o mais adequado para dar tempo da forrageira se recuperar e manter a pastagem sempre produtiva na fazenda, conforme já sustentou no Giro do Boi o engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária.
Em novo episódio da série especial “Dez passos para construir e manter uma boa pastagem na sua fazenda”, apresentado no programa desta sexta, 29, o especialista ensinou um passo a passo para o pecuarista implementar o rotacionado na sua fazenda. “Vamos conversar com você agora a respeito de divisão, dividir para somar. Para fazer um bom rotacionado, é necessário uma série de detalhes que eu vou apresentar para você agora. Nós vamos poder fazer boas divisões e ter um bom resultado”, anunciou.
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O especialista dividiu então os 11 tópicos para começar a intensificação do uso do pasto na fazenda. Veja a seguir:
NADA DE MISTURAR GRAMÍNEAS
Pires apontou que o produtor não deve plantar espécies forrageiras diferentes em cada piquete nem deve misturar variedades em um mesmo pasto. “O rotacionado deve obrigatoriamente ser feito com a mesma gramínea. Não funciona você ter um rotacionado, por exemplo, com uma braquiária e um panicum junto. Não dá certo! Nem misturado e nem em piquetes separados porque cada gramínea tem o seu período de descanso, cada gramínea tem o seu período de rebrota, a sua altura de entrada e a sua altura de saída e a sua palatabilidade”, reforçou.
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DISTÂNCIA ATÉ A ÁGUA
“Você deve ficar muito atento para as distâncias máximas do seu rotacionado até a água. A distância não deve ultrapassar 300 metros para gado de corte e 150 metros para gado de leite. Por que isso? Porque o gado vai beber água pelo menos cinco vezes ao dia! Então imagine o deslocamento que ele tem para ir e para voltar… Se a distância for muito grande, ele não vai lá no fundo do pasto comer o capim e aí você começa a perder pastagem”, justificou.
CUIDADO COM A EROSÃO
“Tem que tomar cuidado com as divisões morro abaixo. Isso é muito importante porque o gado tem por hábito caminhar junto à cerca para ir beber água lá embaixo. Se a cerca está descendo, o gado se desloca e sobe e desce, sobe e desce e vai provocar uma erosão ali. Tomar cuidado com as erosões. Corrigir, evitando que ela aumente mais ainda”, alertou.
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TAMANHO DOS PIQUETES
Pires comentou que os pastos devem ter áreas totais parecidas. “Os tamanhos dos piquetes devem ser aproximadamente iguais. E o que é aproximadamente igual? É uma tolerância de até 10% de diferença entre os piquetes. Isso é muito fácil hoje de a gente conseguir com um levantamento topográfico bem feito, um mapa bem feito. A gente consegue ter pastos aproximadamente iguais. Aquele negócio de fazer pasto dividindo no olho não existe mais! Além disso, é fundamental que você trabalhe com a área líquida de pastagem. Às vezes você tem uma grota, uma bola de mata, uma represa, ou seja, você tem um pasto de 20 hectares, mas, na realidade, você vai ter 18 hectares de área útil com capim. Então você vai trabalhar com 18 e não com 20”, exemplificou.
ÁREAS DE LAZER
“As áreas de lazer são um ponto importante. O que é a área de lazer? É onde eu tenho o bebedouro, o cocho de sal, eu posso ter um cocho para suplementação, eu tenho sombra. A área de lazer normalmente é dimensionada de 10 a 20 metros por unidade animal. Se você tem um terreno mais argiloso, sujeito a encharcamento, em uma região que chove muito, deixe os 20 a até 25 metros por unidade animal. Se você tem um terreno mais arenoso, você pode trabalhar na faixa de 10 metros”, especificou.
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DIMENSÃO DO BEBEDOURO
“O bebedouro deve ser muito bem dimensionado. O que significa isso? Você deve ter um reservatório de pelo menos 50 litros por cabeça/dia. E sempre nós vamos dimensionar esse bebedouro na sua carga máxima, na sua quantidade máxima de unidade animal, que é um animal de 450 quilos. E o perímetro desse bebedouro deve girar em torno de 3 a 5 centímetros por cabeça”, detalhou.
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ADUBAÇÃO
“É fundamental que se mantenha os níveis de fertilidade num sistema rotacionado. O sistema rotacionado é feito para extrair muito, ter muito gado. Se você tem muito gado, você tem muita extração de nutrientes, então você tem que se preocupar com a adubação daquele rotacionado”, ressaltou.
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ADEQUAÇÃO DA LOTAÇÃO
“Nós devemos ter sempre em mente que na época das águas nós teremos 70% de produção de massa E na época da seca, 30%. Rotacionado não faz milagre. Nós temos que fazer uma adequação de carga no decorrer do ano”.
NÃO FAÇA O ROTACIONADO EM TODA A FAZENDA
O agrônomo observou que o pecuarista não deve implementar o sistema de pastejo rotacionado em todas as áreas de pastagem da sua propriedade e justificou seu apontamento. “Podemos dividir 100% da fazenda, mas não podemos intensificar 100% da fazenda. O que eu quero dizer com isso? Que você deve sempre tomar o cuidado de reservar 20 a 30% da área de pastagem total da fazenda para ser manejado eventualmente de forma diferente. Imagine você que passou uma seca em pleno período das águas, você está rodando o seu gado no rotacionado e chegou o momento de você colocar o gado e um determinado piquete, mas ele não cresceu o suficiente. Se você forçar a barra e colocar o gado, você vai degradar. O que você vai fazer? Vou tirar todo o lote de lá daquele rotacionado e vou colocar num pasto que nós chamamos de ‘pasto pulmão’. Deixe o gado lá 15 a 20 dias, dá um descanso geral no rotacionado e aí eu volto com o gado. Isso também serve para quando eu tenho ataque de pragas e mais uma série de imprevistos que podem surgir”, argumentou.
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APRENDA O SISTEMA ANTES DE ACELERAR
“Comece o rotacionado devagar. Monte um projeto, aprenda a lidar com esse rotacionado, aprenda a lidar com pasto adubado… Não queira montar um projeto grande. Comece aos poucos e vá aprendendo. Seu vaqueiro também vai aprendendo”.
EXPERIMENTE
“Finalmente, duvide do que eu estou falando. Duvide de mim e experimente. Coloque em prática! Dê esse passo importante para você ter um bom resultado na sua pecuária. Faça divisões na sua fazenda, monte um rotacionado, duvide, experimente, coloque em prática. Esse é o segredo. Quem não se arrisca a fazer algo diferente vai ficar sempre do mesmo jeito, vai colher sempre o mesmo resultado. E nós queremos que você mude, que você evolua. Esse é o objetivo do Canal Rural, esse é o objetivo do Giro do Boi! É que você seja um pecuarista que prospere, junto com toda a pecuária brasileira”, concluiu.
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Confira o episódio completo da série especial “Dez passos para construir e manter uma boa pastagem na sua fazenda”:
Foto: Reprodução / Embrapa