Já são 14 anos de atividades desde que foi lançado em 2006 e, de lá para cá, muita transformação na produtividade e lucratividade de pequenas propriedades. O Pró-Genética, programa criado para facilitar a aquisição de touros provados geneticamente por pecuaristas familiares, foi o tema do Giro do Boi desta quinta, dia 20, em entrevista feita com o médico veterinário pela Universidade Federal Fluminense Lauro Fraga, gerente de melhoramento genético da ABCZ, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, e coordenador do programa Pró-Genética.
A iniciativa foi concebida pela ABCZ e tem o apoio de diferentes esferas do poder público – federal, estaduais e municipais -, além de suporte de órgãos de pesquisa, extensão rural, defesa sanitário e capacitação e formação de mão de obra. Por meio dela, o produtor cadastrado tem acesso acesso a linhas de crédito especiais para comprar touros de corte e leite, chancelados pelo programa de melhoramento genético da associação, que são ofertados em leilões e feiras.
Os eventos do Pró-Genética, como feiras e leilões, já foram realizados em 22 estados da federação e, depois de 2019, 24 estados: SC, PR, SP, MG, RJ, ES, BA, SE, AL, PE, PB, RN, PI, MA, PA, AC, RO, TO, MT, MS, GO e DF, CE a AM. Em 2018, foram comercializados pelo programa mais de 5.300 touros. “O importante é que lá atrás tivemos alguns visionários que entenderam o Pró-Genética como uma política importante para melhorar o rebanho dos pequenos produtores”, avaliou Fraga.
Ainda que a inseminação artificial cresça em números absolutos no Brasil, percentualmente a técnica tem tido dificuldades para romper os 12% de aplicação nas matrizes bovinas brasileiras em idade reprodutiva (cerca de 57 milhões de cabeças), avaliou Lauro Fraga. Outros 17% destas fêmeas são cobertas por tourinhos avaliados, restando mais de 70% desta categoria sendo atendidos por touros pontas de boiada, calculou o veterinário, apontando para a importância do papel do Pró-Genética para facilitar a compra destes reprodutores.
Lauro destacou um estudo recentemente encomendado pela Seapa-MG (Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais) à Funarbe (Fundação Arthur Bernardes, vinculada à Universidade Federal de Viçosa-MG), que constatou números expressivos de incremento de renda e produtividade aos pecuaristas que utilizam os animais ofertados pelo programa.
“Este trabalho mostrou que a partir do momento que produtor usa um touro PO, no segundo ano ele já começa a ter uma receita de R$ 2.544,00 extra. A taxa interna de retorno dele é de 26% ao ano, então se ele pegasse aquele dinheiro do investimento do touro e colocasse na poupança ele teria 6% de rendimento ao ano atualmente. Se ele fizesse o inverso, comprasse um touro PO, ele teria este retorno dos 6% e teria mais 26%. […] A Funarbe nos mostrou que em quatro anos ele tem o retorno total do capital dele”, revelou Fraga.
O levantamento foi feito no Triângulo Mineiro com 166 produtores e também especificou os impactos na produtividade e na gestão. “O peso adicional dos bezerros, por exemplo, é de 0,77@. […] E 78% (dos produtores entrevistados) dos que utilizaram os touros, levaram também outra tecnologia (para dentro da fazenda). Isto tudo impacta em melhoria na produtividade”, complementou o coordenador do Pró-Genética.
O médico veterinário revelou ainda outras contas, a partir de uma referência de R$ 7.500,00 por touro, levando em consideração que um reprodutor deste trabalha por seis anos em um rebanho (um custo diluído de R$ 1.250,00 ao ano) e produz ao menos 20 bezerros por estação de monta, e concluiu que o custo do investimento por bezerro de R$ 62,50. Como o peso destes bezerros é 0,77@ maior do que a média, o lucro adicional por bezerro é de R$ 82 em média, afirmou Lauro.
Um dos exemplos das transformações promovidas pelo programa foi enaltecido durante a entrevista com Lauro Fraga. Na cidade de Carneirinho, onde ocorre hoje a mais tradicional feira do Pró-Genética (desde 2007 foram 13 edições ininterruptas), o Sindicato Rural mobilizou os produtores para que aproveitem as oportunidades. Foi o caso do pecuarista José Sebastião de Lima, da Fazenda São José, que enviou imagens do plantel de vacas e bezerros padronizados criados a partir dos touros provados.
Confira a entrevista completa com Lauro Fraga e ainda os registros da Fazenda São José, organizados e enviados ao programa pelo veterinário e ex-presidente do Sindicato Rural de Carneirinho (de 2005 a 2010), Vicente Queiroz de Lima Neto, pelo vídeo abaixo: