RECRIA INTENSIVA A PASTO

Zootecnia de precisão: entenda técnica que faz boi atingir um GMD de 1,6 quilo na recria

A técnica foi detalhada por Maurício Lerro, zootecnista com quase 36 anos de experiência, durante entrevista ao programa Giro do Boi. Assista ao vídeo

Zootecnia de precisão: entenda técnica que faz boi atingir um GMD de 1,6 quilo na recria
Zootecnia de precisão: entenda técnica que faz boi atingir um GMD de 1,6 quilo na recria

Ganhos de até 1,6 kg por dia na recria? Isso já é realidade na pecuária brasileira graças à aplicação da zootecnia de precisão. A técnica foi detalhada por Maurício Lerro, zootecnista com quase 36 anos de experiência, durante entrevista ao programa Giro do Boi. Assista ao vídeo abaixo e confira.

Com passagens pelos Estados Unidos, Canadá e Chile, além de forte atuação no Brasil, Lerro é referência em nutrição e manejo de pastagem.

E a base de seu trabalho de alta performance está em um tripé: planejamento, precisão e pastagem bem manejada.

GMD de 1,6 kg: resultado da zootecnia de precisão

Bovinos em recria a pasto. Foto: Reprodução
Bovinos em recria a pasto. Foto: Reprodução

No centro da estratégia está a recria intensiva a pasto, aliada ao uso eficiente de volumosos, suplementação adequada e estrutura funcional.

Em um dos projetos coordenados por Lerro, os animais chegaram a ganhar 1,6 kg por dia, um ganho médio diário (GMD) considerado extraordinário.

“Não precisa fazer investimentos gigantes. Basta manejar melhor o pasto e aplicar a suplementação correta. Isso já é intensificar a recria”, destacou o zootecnista.

Ele reforça que a zootecnia de precisão não se resume à tecnologia de ponta, mas sim à aplicação correta de técnicas simples com rigor e constância. Um exemplo é o uso de sal proteinado na seca e ração energética nas águas, em sincronia com o ciclo do capim.

Cuidado com o bezerro: categoria mais sensível da fazenda

Vaca com bezerro ao pé. Foto: Divulgação
Vaca com bezerro ao pé. Foto: Divulgação

Maurício alerta que a recria é a fase mais crítica da produção. O bezerro, ao ser desmamado, sofre estresse nutricional e ambiental, especialmente em transições bruscas ou em ambientes sem estrutura adequada.

Por isso, em seus projetos, Lerro adota o sequestro de bezerros na seca, mantendo-os em ambiente controlado e suplementando com volumosos como casquinha de amendoim.

Com isso, os animais são soltos nas águas já com 10 arrobas, encurtando o ciclo da recria.

Pasto bem manejado é a base de tudo

Bovinos em recria intensiva a pasto (RIP). Foto: Reprodução
Bovinos em recria intensiva a pasto (RIP). Foto: Reprodução

Outro pilar da zootecnia de precisão é o bom manejo de pastagens. O zootecnista defende que investir em estrutura, como cochos cobertos e corredores de manejo, viabiliza uma suplementação eficaz mesmo no período chuvoso, quando o acesso ao cocho é dificultado pelo barro.

Além disso, ele sugere o uso estratégico de insumos adquiridos na safra e armazenados na fazenda, como forma de reduzir os custos com ração e suplementos ao longo do ano.

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Angus ou Nelore? Diferenças no desempenho

Na entrevista, Lerro também comparou o desempenho de raças como Angus e Nelore.

O Angus, segundo ele, é como “um motor V8”: consome mais e entrega resultados rápidos — ideal em épocas de comida barata. Já o Nelore é mais eficiente na conversão, sendo mais econômico em períodos de insumo caro.

“Temos que entender o metabolismo do animal e ajustar a dieta conforme o objetivo final: engorda rápida ou eficiência no custo por arroba produzida.”

Fêmeas também ganham com a intensificação

A técnica também beneficia novilhas de reposição. Lerro coordena projetos onde bezerras entram na RIP com 6 arrobas e saem com 13 em apenas 6 meses.

Segundo ele, com o controle da deposição de gordura, é possível melhorar a taxa de prenhez e garantir a precocidade sexual, sem comprometer a fertilidade.

Zootecnia de precisão: mais que uma técnica, uma mudança de mentalidade

A zootecnia de precisão propõe uma pecuária mais eficiente, rentável e sustentável, baseada na medição constante, no uso estratégico dos recursos e no foco nos detalhes.

E, como ressalta Maurício Lerro, o produtor brasileiro tem tudo para liderar o mercado global:

“Não basta gostar de pecuária. Tem que amar, medir e fazer bem feito. A pecuária do futuro começa com a gestão do presente.”

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