A saúde do rebanho é fundamental para a produtividade e sustentabilidade da pecuária. Uma das condições que exigem atenção especial nos bezerros é popularmente conhecida como “sapinho”.
A descrição comum desse quadro inclui sintomas visíveis na boca amarelada dos animais, levando muitos a acreditarem tratar-se de uma candidíase. Contudo, estudos da Embrapa nos ajudam a esclarecer e abordar eficientemente esta doença.
O desafio do “sapinho” em bezerros
Embora o termo “sapinho” faça imediatamente pensar na infecção por Candida albicans, comum em seres humanos, no caso dos bovinos, estamos lidando com uma condição distinta.
Diferentemente da infecção fúngica que afeta crianças e adultos imunocomprometidos, o “sapinho” em bezerros refere-se, na maior parte dos casos, a uma manifestação da difteria.
Esta condição, sobretudo nos animais jovens em fase de aleitamento e coincidindo com a erupção dos primeiros dentes, é mais propriamente causada pelo germe Spherophorus necrophorus.
Este microrganismo penetra no organismo através de pequenas feridas na mucosa bucal e da garganta, sendo um componente da flora normal de muitos herbívoros e onipresente no meio ambiente.
Identificação e sintomas do sapinho no rebanho
Caracterizada por febre, ulceração e edema das áreas afetadas, o “sapinho” pode afligir significativamente a laringe (laringite necrótica) ou a cavidade oral (estomatite necrótica), produzindo lesões necróticas nas membranas mucosas.
Normalmente, essas lesões surgem nas bordas da língua, lábios e revestimento da laringe. Em estágios mais graves, podem expandir-se para a cavidade nasal, laringe, traqueia e até os pulmões.
Os primeiros sinais incluem inflamação e ressecamento da mucosa bucal, seguidos pelo aparecimento de placas amareladas ou “brancacentas”, as quais dificultam a alimentação do animal, que começa a babar, mostrar desinteresse por comida, tosse e apresentar respiração laboriosa.
Profilaxia e tratamento
A prevenção é a melhor estratégia contra o “sapinho”. A administração adequada do colostro imediatamente após o nascimento é crucial para fortalecer o sistema imune do bezerro.
Cuidados meticulosos com o manejo dos bezerros e das condições ambientais, como a higiene e a escolha de forragens, são essenciais para evitar a doença.
Em casos incipientes, a aplicação de desinfetantes ou bicarbonato de sódio sobre as lesões, junto à administração de antibióticos, pode oferecer algum alívio.
No entanto, uma vez que a doença avança, as opções de tratamento tornam-se limitadas e menos eficazes.
Outras considerações sobre estomatites
Vale ressaltar que o “sapinho” pode indicar outras condições inflamatórias na boca dos bezerros, muitas vezes ligadas a doenças subjacentes, como diarreias.
A investigação cuidadosa da causa raiz é fundamental para aplicar o tratamento correto, evitando práticas inadequadas que possam agravar o quadro de saúde dos animais.
Cuidar da saúde do rebanho jovem é um passo fundamental para garantir um futuro produtivo e lucrativo para a pecuária.
Com atenção aos sinais e adoção das medidas preventivas corretas, é possível superar desafios como o “sapinho” e promover um ambiente saudável e próspero para os bezerros.