Selo identifica reprodutores Angus com características de carcaça superiores

Veja quais são as características dos mais de mil animais que já receberam o Selo Seleção Qualidade de Carne, lançado pela associação de Angus em novembro de 2020

Já são 1089 animais, entre matrizes e touros, avaliados como superiores para produção de carcaças e carne de qualidade. Este é o resultado de um trabalho desenvolvido pela Associação Brasileira de Angus com o novo Selo Seleção Qualidade de Carne, lançado oficialmente no final de novembro de 2020. Nesta quinta, dia 25, o Giro do Boi tratou do assunto em entrevista com o médico veterinário Mateus Pivato, gerente de fomento da associação.

“Esse selo (veja na arte ao lado e clique para ampliar) vinha há bastante tempo sendo estudado, pesquisado e no final do ano passado, no mês de novembro, foi lançado pela Associação Brasileira de Angus em conjunto com o Promebo, que é o programa de melhoramento oficial da associação. Esse crivo é bem apertado, em torno de 6% só dos animais que têm ultrassonografia e que completam os pré-requisitos para ganhar esse selo conseguem obtê-lo. Foram 419 fêmeas que obtiveram o selo de seleção para qualidade de carne e 670 machos. Então esse é um selo que realmente visa identificar os animais superiores para as características de carcaça e vem somando a mais outras características para as quais esses animais têm dados para ofertar ao mercado realmente touros que venham agregar à qualidade de carne, pensando sempre lá na ponta, no consumidor, no programa de carne certificada, […]. Então esse selo vem chancelar os reprodutores que são superiores para a produção desta tão importante proteína […] e cada vez mais levando qualidade à mesa do consumidor”, sustentou o veterinário.

Pivato informou como os touros são avaliados até ganharem o selo e o que ele significa na prática. “Primeiramente para um reprodutor poder entrar neste crivo, poder verificar se ele pode ou não receber o selo, ele tem que fazer parte do nosso programa de melhoramento genético, então ele tem que ter suas avaliações lançadas no Promebo. Depois disso ele tem que ter sido avaliado para ultrassonografia de carcaça. […] A Associação Brasileira de Angus tem um programa que subsidia as avaliações de carcaça, a gente acabou avaliando 3.200 animais em 2020 e em 2021 ano a gente pretende avaliar 3.400 animais. Com os dados de carcaça sendo avaliados no Promebo, se o reprodutor estiver dentro do grupo dos 20% superiores para o índice bioeconômico de carcaça, ter sua DEP de marmoreio entre os 20% superiores e DEPs positivas para área de olho de lombo e espessura de gordura na picanha e costela, ele pode receber esse selo. Realmente é um selo bem criterioso, mas que a gente não tem dúvida de que vai auxiliar muito o pecuarista o mercado produtor de carne brasileiro”, projetou.

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Embora o selo seja uma novidade, a tecnologia de avaliar animais por ultrassonografia vem sendo praticada há mais tempo pela associação. “Nós completamos dez anos deste programa de fomento à ultrassonografia de carcaça de reprodutores. E é só devido a esses dez anos […] que nós conseguimos lançar esse selo Seleção Qualidade de Carne. […] Nós temos hoje tranquilamente em torno de 50 a 55% de todos os animais Angus avaliados no programa de melhoramento com ultrassonografia de carcaça”, observou o gerente de fomento.

Pivato comentou que além das características de qualidade de carne e de carcaça, os reprodutores também carregam outras informações importadores para o criador ou selecionador de Angus. “Esse índice também leva em consideração características de ganho de peso, então nós também selecionamos animais que são superiores para ganho de peso, os 20% superiores para marmoreio – e acredito que vá se falar muito sobre isso, a gente vem escutando muito do mercado consumidor sobre marmoreio – e positivo para as demais características de carcaça. Então assim que forem entrando novos reprodutores que atinjam esses crivos, eles vão recebendo o selo e, com o passar do tempo, como o melhoramento é algo móvel, os melhores de hoje não serão os melhores daqui a dez anos. Por isso os que deixam de cumprir esse crivo perdem o selo. Então sempre o que está sendo ofertado com o selo é o que tem de melhor dentro da raça Angus no Brasil para a produção de carne de qualidade”, ressaltou.

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O veterinário explicou os impactos positivos que o trabalho de seleção poderá ter sobre a cadeia produtiva da pecuária de corte como um todo, desde a cria até o consumo. “É uma agregação de conhecimento para toda a cadeia. O selecionador vai utilizar essa tecnologia para poder ter seus reprodutores e utilizar esses dados para produzir mais reprodutores com essa chancela. As centrais vão buscar reprodutores que tenham esse selo, que por si só já é um diferencial quando vai se ofertar um animal ao mercado de usuários da raça para quem produz carne de qualidade, e hoje existem inúmeros programas de carne de qualidade, e a gente pensou lá também na ponta do consumidor. Hoje existe um consumidor ávido por carne de extrema qualidade, que sabe o que é marmoreio, o que é qualidade, que sabe que uma carne vai muito além de ela ser macia somente. Então a gente pensou em todos os elos da cadeia e a gente acredita que esse selo vá se popularizar cada vez mais e vá se tornar o objetivo tanto dos selecionadores em produzi-lo, produzir animais com esse selo, das centrais de contratar esses animais e esses animais vão ganhar um mercado muito importante nos próximos anos, como vem acontecendo com a genética nacional de Angus, que já tem uma representatividade de 23% de toda a comercialização de sêmen do Brasil”, analisou.

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Pivato informou também como o criador pode acessar a genética dos animais com Selo Seleção Qualidade de carne. “Para as várias centrais […], basta entrar em contato conosco que nós enviamos a arte do selo. Logo mais, quando começarem a divulgação dos catálogos, que vão ser distribuídos, […] o consumidor de genética Angus já vai ver em alguns animais o selinho Seleção Qualidade de Carne e vai poder ter a certeza de uma crivo que a associação fez e que garante que esses animais irão produzir carne de qualidade. Isso vai se popularizando e vai aparecendo em remates dos nossos selecionadores diretamente, irá aparecer em catálogos de sêmen, sem dúvida nenhuma os consumidores de genética Angus vão se tornar cada vez mais familiarizados com a imagem desse selo”, estimulou.

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Confira no vídeo a seguir a entrevista completa com o médico veterinário Mateu Pivato, gerente de fomento da Associação Brasileira de Angus:

Foto ilustrativa: Gabriel Olivera / Reprodução Associação Brasileira de Angus