Safra 2021 de touros Nelore e Brangus do Embrapa Geneplus já saiu do forno

Centrais contrataram ao todo 21 touros que foram destaques da mais recente prova de desempenho; veterinário revelou também o "pulo do gato" do melhoramento genético

A próxima safra de tourinhos Nelore e Brangus que vão contribuir para o melhoramento genético dos rebanhos de gado de corte brasileiros já “saiu do forno” da prova de desempenho do programa Embrapa Geneplus. Ao todo, foram 16 reprodutores Nelore e cinco da raça Brangus que se destacaram e foram contratados por centrais para servirem aos criadores já a partir da estação de monta 2021/22.

Nesta quarta-feira, dia 09, o médico veterinário e mestre em ciência animal Maury Dorta, coordenador das raças taurinas e compostas do Embrapa Geneplus, concedeu entrevista ao Giro do Boi para detalhar os resultados da prova.

O especialista disse que o resultado cria grandes expectativas para o futuro da seleção genética de gado de corte. “É um fato, de que o rebanho evoluiu muito, a genética evoluiu muito. E eu fico imaginando o que nós podemos evoluir daqui para frente, ainda mais com as ferramentas que nós temos para medir, para avaliar e para selecionar, melhorando a cada dia mais. As próprias provas passaram por esse processo, a forma de avaliar que nós temos hoje oferece muito mais segurança até do que nós tínhamos no passado. E o melhoramento é um processo contínuo, a gente tem que avançar sempre, procurar melhorar, incorporar características novas e características que sejam relevantes para o melhoramento, para a seleção. Então esse é o nosso trabalho e nós temos feito isso com bastante empenho”, comentou.

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E é justamente esta tarefa que tem sido executada pelo Embrapa Geneplus já há um quarto de século. “São 25 anos de programa Embrapa Geneplus desde a sua fundação. Quanto às provas, nesse formato, com avaliação de eficiência alimentar, avaliação de consumo individual e com a estrutura que possibilita que a gente faça isso, elas foram implantadas em 2016. Então dentro desse formato mais moderno, com avaliação automatizada de consumo diário de alimentos, pesagens automatizadas e diárias dos animais, desde 2016. Por ano passam aproximadamente 150 animais. […] É uma quantidade considerável de animais que já foram avaliados, e mais ainda: uma grande genética foi disponibilizada nas centrais para o melhoramento dos rebanhos. Muitos deles até vindos em do programa GP ACJ, do programa de avaliação de touros jovens dentro do Embrapa Geneplus. Para você ter uma ideia, na raça Nelore, um programa que está em vigor com sucesso desde 2011 nesse formato do GP ATJ, já foram 114 touros que tiveram a genética disponibilizada em centrais e usados nos rebanhos. E essa genética vem girando. É uma coisa que a gente vê que é muito interessante é que muitos dos touros que entram na prova, ou que entraram na prova esse ano, são filhos de touros GP ATJ de dois ou três anos atrás. Então essa genética vai girando e o gado vai evoluindo por conta disso, de acreditar na genética, de selecionar bem, de disponibilizar e isso”, celebrou Dorta.

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O PULO DO GATO

O veterinário simplificou o conceito de um programa de melhoramento genético. “A ciência e o pulo do gato está no seguinte: no geral, os filhos vão ser a média dos pais. No geral é isso. O motivo pelo qual o processo de seleção tem que estar bem estruturado é para identificar aqueles filhos que herdaram um pouco melhor do pai, um pouco melhor da mãe e esses vão ser melhores reprodutores. Então não é só questão de colocar para cruzar, é fazer isso e ter um processo que identifique aqueles filhos que de fato são diferenciados, que superam seus ascendentes – e aí usar esses animais. Então a arte e a ciência do melhoramento está nisso”, confirmou.

“Falando especificamente da prova deste ano, ela é uma ferramenta para isso. Na prova a gente tem condição de avaliar eficiência alimentar, avaliamos características de carcaça com ultrassonografia, ganho dos animais. Mais uma vez, uma série de características que são importantes no processo, na cadeia produtiva da carne, que são relevantes para a produção. E a gente tem que identificar e melhorar”, acrescentou Maury.

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O coordenador das raças taurinas e compostas do Embrapa Geneplus falou sobre os números de 2021 da prova de desempenho. “Nesse ano nós tivemos 108 animais da raça Nelore participando da prova, vindos de 21 criadores diferentes, então foi uma grande variabilidade genética, de linhagem, de criadores. E tivemos o Brangus voltando para a Embrapa Gado de Corte. A gente já teve provas do Brangus, aquelas provas mais tradicionais naquele modelo antigo, mais focado no ganho de peso, lá atrás, em 2001, 2002. E depois isso parou por um tempo e ficou assim até a volta no ano passado. Esse ano a prova do Brangus na Embrapa já está dentro do formato atual, o que era para ter acontecido no ano passado, mas a pandemia não deixou acontecer. […] Foram 30 animais Brangus de sete criadores diferentes de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e São Paulo, o que nos deixou bem satisfeitos, bem animados. Tivemos apoio muito grande da associação, que esteve envolvida no processo, os técnicos, todos lá estiveram engajados em, de fato, selecionar os animais. Esse é o nosso objetivo. Identificar, selecionar, apontar as características de cada um para que os selecionadores, para que o pessoal no campo possa fazer o seu trabalho de seleção porque sem medir, sem testar, você não tem como ter base, não tem como tomar as decisões corretas para o melhoramento”, relacionou o veterinário.

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O especialista destacou a contratação dos reprodutores descobertos na avaliação recentemente concluída. “Do Brangus, já foram cinco animais que saíram contratados para centrais, então é um resultado fantástico. Então é a genética Brangus vinda de seleção de dentro dos criatórios nacionais e que vai estar disponível, claro, para os criadores, para os selecionadores de Brangus, e também para o cruzamento industrial, que é importantíssimo e dá segurança para quem vai usar essa genética, pois são animais vindos de uma prova, de um processo de seleção consolidado. E no Nelore não é diferente. […] Esse ano foram 16 touros indicados com a chancela do programa, com carimbo do programa Embrapa Geneplus, e esses 16 touros vão para central, já vão sair direto da Embrapa para a central de coleta, vão ter sêmen coletado e distribuído entre todos os criadores que quiserem participar do programa, os criadores de Nelore do Embrapa Geneplus”, informou.

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O coordenador confirmou que a genética dos animais estará disponível para uso já na estação de monta 2021/22, que se avizinha. “Sem dúvida, porque a gente está em junho e o serviços da estação de monta vai começar entre setembro, outubro e novembro. O que agiliza no processo é que os touros já estão com 20, 22 meses, quase fechando dois anos, então já estão numa idade produtiva muito boa, eles já saem daqui com andrológico da Embrapa, então isso é muito interessante, dá dinamismo do processo. Essa genética tem que estar com os criadores o quanto antes e vai estar”, assegurou Maury Dorta.

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Assista a entrevista completa com o coordenador das raças taurinas e compostas do Embrapa Geneplus pelo vídeo a seguir: