É mito ou verdade que gado Wagyu recebe massagem para melhorar a carne?

Diretora da associação de criadores da raça falou sobre o potencial do mercado para a carne e quais as principais diferenças no manejo dos animais em clima tropical

Em vídeo exclusivo enviado ao quadro Giro do Boi Responde, a médica veterinária e pecuarista Tatiana Claro Caruso, diretora de marketing da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos das Raças Wagyu, respondeu dúvidas de dois telespectadores do programa.

O produtor Héber Cardoso, de Desembargador Otoni, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, quer saber detalhes da criação dos animais, mercado para a sua carne e se vale a pena investir na raça.

“Com relação à demanda das carnes dos animais da raça Wagyu, a gente ainda tem uma demanda muito grande e uma oferta pequena, isso tanto olhando o mercado nacional quanto internacional. Temos demanda internacional, mas não temos volume para atender a exportação. É um nicho de mercado e tem muita gente apostando no cruzamento”, confirmou a veterinária.

“Com relação ao cruzamento, a gente tem notado maior homogeneidade na produção de marmoreio com animais produzidos em base taurina, até mesmo o Holandês vem produzindo bem quando cruzado com Wagyu. O tricross também é uma opção”, completou Caruso.

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Já Ademar Marques, de Guararapes, São Paulo, perguntou se é mito ou verdade que o marmoreio característico da carne da raça se deve a massagens que os animais recebem dos tratadores durante o confinamento, além de querer saber o que o produtor brasileiro pode aprender sobre a suplementação desse tipo de gado.

“A gente também recebeu uma outra dúvida sobre um mito muito grande que existe com relação à massagem que o gado Wagyu recebe no Japão. Isso não tem relação nenhuma com o marmoreio”, rejeitou a médica veterinária. “É algo que criadores pequenos fazem. A gente já esteve no Japão, já visitou criações no Japão e não tem nada de massagem. É algo muito específico de um criador ou outro de criação pequena em que o pecuarista tem poucos animais e ele faz esse agrado para o gado. Mas aqui no Brasil o gado é criado solto, a pasto, sempre com algum tipo de suplementação”, acrescentou.

“A parte da terminação requer um pouco mais de tempo quando a gente almeja alcançar o potencial máximo de marmoreio desse animal. Então a gente acaba investindo um pouco mais na fase de terminação, mas nada de massagem. É um trato normal, um gado que fica bem a pasto, que vai muito bem com relação a calor também. São animais que suportam bem o clima quente, vai muito bem no Sul também, claro”, descreveu a diretora de marketing da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos das Raças Wagyu.

Caruso ponderou que o principal cuidado com os animais da raça deve ser com infestação de carrapatos nos primeiros meses de vida. “A maior delicadeza, vamos dizer assim, é com relação aos bezerros nos primeiros três meses de vida com carrapato. […] Não é como um Angus, nós podemos tratar o Wagyu como um cruzamento industrial a nível de adaptabilidade para clima, para carrapato, para tudo isso. Eu acho que, como um cruzamento industrial, a gente vai ter um gado bom manejo e que vai se desenvolver bem”, ressaltou. Segundo a médica veterinária, os animais da raça se equilibram entre o Angus e o Nelore com relação à resistência.

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Confira a resposta completa de Tatiana Claro Caruso que foi ao ar no Giro do Boi desta terça, 23:

Foto: Reprodução / Facebook