CHOQUE DE SANGUE

Angus e Nelore: “casamento de conveniência” impulsiona melhoria da carne brasileira, diz presidente da ABA

O cruzamento das raças garante carne premium e fortalece o Brasil no mercado global. Entenda os detalhes na entrevista com José Paulo Cairoli, presidente da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack (ABA)

Angus e Nelore: “casamento de conveniência” impulsiona melhoria da carne brasileira, diz presidente da ABA
Angus e Nelore: “casamento de conveniência” impulsiona melhoria da carne brasileira, diz presidente da ABA

A integração entre Angus e Nelore tem sido um dos principais impulsionadores da qualidade da carne brasileira nos últimos anos. O chamado “casamento de conveniência” entre as raças combina rusticidade e precocidade, garantindo um produto final que atende aos mais exigentes mercados internacionais. Assista ao vídeo abaixo e confira.

Para José Paulo Cairoli, presidente da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack (ABA), essa parceria entre o taurino britânico e o zebuíno mais criado no Brasil é um dos fatores que permitirá ao país assumir a liderança global na produção de carne bovina até 2027, conforme projeção da consultoria Datagro.  

Carne premium: um mercado em expansão

José Paulo Cairoli, presidente da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack (ABA). Foto: grafaels85 Fotografia/ABA

Cairoli destaca que o crescimento da demanda por carne de qualidade é uma tendência global, e o Brasil está se consolidando como um dos principais fornecedores desse nicho.

“Não precisamos dizer que nossa carne é a melhor do mundo, pois ela já é reconhecida internacionalmente”, afirma o presidente da ABA.  

O cruzamento entre Angus e Nelore tem desempenhado um papel fundamental nesse avanço.

“A heterose gerada entre as raças possibilita um animal que engorda rápido, com marmoreio adequado e alta eficiência produtiva”, explica Cairoli.

Segundo ele, bovinos meios-sangues já atingem 22 arrobas em confinamento com apenas 110 dias, um ganho expressivo que combina qualidade e eficiência.  

Angus e Ultrablack: genética adaptada ao Brasil

Avaliação de lote de bovinos Angus. Foto: Teixeira Fotografia (@teixeiraagro)/ABA
Avaliação de lote de bovinos Angus. Foto: Teixeira Fotografia (@teixeiraagro)/ABA

A evolução da genética Angus no Brasil também tem sido determinante para a sua popularização.

“No passado, importávamos genética da Argentina e dos Estados Unidos, mas hoje desenvolvemos animais mais adaptados ao nosso clima e sistema produtivo”, ressalta Cairoli.  

Essa necessidade de adaptação levou à criação do Ultrablack, uma raça que combina 80% de sangue Angus com 20% de Zebu, garantindo maior rusticidade e melhor adaptação ao calor, principalmente em regiões do Centro-Oeste e Norte do País.

Outro fator que tem contribuído para a expansão da raça é a popularização da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), tornando mais acessível a introdução da genética Angus no rebanho nacional.  

Acompanhe todas as atualizações do site do Giro do Boi! Clique aqui e siga o Giro do Boi pela plataforma Google News. Ela te avisa quando tiver um conteúdo novo no portal. Acesse lá e fique sempre atualizado sobre tudo que você precisa saber sobre pecuária de corte!

Presença da carne brasileira de Angus no mercado externo

Corte de carne Angus. Foto: Divulgação
Corte de carne Angus. Foto: Divulgação

O programa de certificação da carne Angus no Brasil já atende a 55 frigoríficos e está em expansão para novas plantas, garantindo que apenas animais que atendem aos padrões da raça sejam comercializados com o selo de qualidade.

Em 2024, a exportação de carne certificada Angus cresceu 21,7% em relação ao ano anterior, mostrando que o mercado premium segue aquecido. O reconhecimento da qualidade da carne brasileira também abriu portas para novos mercados.

“Conseguimos a aprovação do governo dos Estados Unidos para exportarmos carne certificada Angus para lá, sendo a primeira associação fora dos EUA a obter esse feito”, destaca Cairoli.

Isso significa que cortes nobres como chorizo, ancho, picanha e filé-mignon agora fazem parte da lista de exportações para o exigente mercado norte-americano.  

O futuro do cruzamento industrial no Brasil

Lote de vacas Nelore com bezerra Angus ao pé em área de pasto. Foto: Divulgação
Lote de vacas Nelore com bezerra Angus ao pé em área de pasto. Foto: Divulgação

A integração entre Angus e Nelore já é realidade em diversos Estados, e a tendência é que esse modelo se amplie para novas regiões.

Hoje, estados como Piauí, Maranhão, Tocantins e Rondônia já adotam a raça em seus sistemas de produção, sempre buscando um animal mais eficiente e adaptado às condições tropicais.

Com a expansão do mercado de carne premium e o avanço das tecnologias de melhoramento genético, o Brasil segue consolidando sua posição como referência mundial na produção bovina.

A aposta na integração entre raças e na rastreabilidade da carne permitirá ao país ampliar ainda mais sua presença no cenário global, agregando valor e reconhecimento ao produto nacional.  

News Giro do Boi no Zap!

Quer receber o que foi destaque no Giro do Boi direto no seu WhatsApp? Clique aqui e entre na comunidade News do Giro do Boi 2.