MELHORAMENTO GENÉTICO

Angus puro no calorão do Centro-Oeste? Pesquisa quer selecionar este animal

Confira os primeiros passos deste estudo na entrevista com a médica veterinária Caroline Oliveira Farias e o pesquisador da Embrapa Fernando Flores Cardoso

Já imaginou um bovino da raça Angus, desta vez puro, sendo criado sem problemas em áreas de clima quente, na região Centro-Oeste? Se não imaginou, a pesquisa sim. Um estudo inédito no País está em busca de selecionar animais adaptados. Assista ao vídeo abaixo e confira essa história.

Quem deu detalhes sobre essa pesquisa de melhoramento genético com bovinos da raça Angus foi a médica veterinária Caroline Oliveira Farias e o pesquisador Fernando Flores Cardoso, da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé.

O estudo que avalia a termotolerância dos bovinos da raça Angus faz parte da tese de mestrado de Farias no Programa de Pós-Graduação em Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

“A produção de bovinos Angus puros pode significar um nicho de mercado, já que é crescente no País o consumo de carne bovina de maior qualidade, com mais marmoreio”, diz Farias.

Sua pesquisa inovadora aborda um tema de grande relevância para a pecuária brasileira, especialmente em um contexto de oferta de animais de carne de melhor qualidade, como é o caso de raças taurinas como o Angus.

Mecanismos de termotolerância nos bovinos Angus

Novilhas Angus avaliadas no estudo. Foto: Divulgação
Novilhas Angus avaliadas no estudo. Foto: Divulgação

O estudo de Farias tem como foco principal a identificação dos mecanismos de termotolerância nos bovinos Angus.

A raça é uma das mais valorizadas pelos pecuaristas devido à qualidade de sua carne e com franco uso em programas de cruzamento industrial.

A pesquisa surge em um momento crucial para a pecuária, uma vez que as altas temperaturas se tornaram um desafio para o setor, afetando a produtividade e a saúde dos animais.

Cor e tamanho da pelagem do Angus

Diferenças entre animais de pelo mais curto e mais longo. Foto: Divulgação
Diferenças entre animais de pelo mais curto e mais longo. Foto: Divulgação

Para isso, foram utilizadas medidas objetivas, como a medição da temperatura com um termômetro especial.

O estudo avaliou duas características importantes: a cor da pelagem (preta ou vermelha) e o tipo de pelo (diferentes tamanhos e espessuras).

As primeiras conclusões é que não há diferença entre novilhas novilhas pretas e vermelhas quanto à regulação térmica dos animais.

É na questão do pelo que está essa diferença, pois são os animais de pêlo curto que conseguem ter melhor dissipação de calor e, consequentemente, se adaptam melhor ao calor, do que animais de pelo intermediário e mais longo e espesso.

União de forças no estudo de melhoramento genético

Estudo envolveu até sensores intravaginais que mediam a temperatura das novilhas que participaram do estudo. Foto: Divulgação
Estudo envolveu até termômetros intravaginais que mediam a temperatura das novilhas que participaram do estudo. Foto: Divulgação

A pesquisa foi feita com a supervisão do professor Rafael Gianella Mondadori, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel/RS). A Associação Brasileira de Angus (ABA), localizada em Porto Alegre/RS, também foi uma parceira essencial nessa pesquisa.

Além disso, o pesquisador e pecuarista Fernando Flores Cardoso, teve um papel fundamental ao ceder parte de sua Fazenda Barragem, em Dom Pedrito (RS), para a realização do experimento.

Esse estudo promete trazer novas informações sobre essas novilhas incríveis e como elas se comportam em condições climáticas desafiadoras. O futuro promete a produção de bovinos taurinos cada vez mais adaptados ao clima quente de demais regiões brasileiras.