Na terra de Portinari, pecuária também é arte na fazenda de Regina Moura

Pecuarista declama seu amor pela terra com poesia e revela que paixão é um dos segredos de transformar atividades no campo em verdadeiras obras de arte

Nas terras onde nasceu em 29 de dezembro de 1903 um dos mais reconhecidos artistas plásticos brasileiros, Cândido Portinari, no município paulista de Brodowski, São Paulo, distante a 337 km da capital, seu trabalho inspirou a criação de outras obras de arte. Em reportagem especial da série Rota do Boi, uma visita à Fazenda Santa Maria, da pecuarista Regina Moura, provou isto.

Não é somente seu gado, bois Nelore castrados abatidos com até 3 anos acima das 21@, que enfeita a paisagem da região, como também a própria inspiração da produtora, que fez uma verdadeira declaração de amor às suas terras.

Eis aqui o recado de uma empresária embriagada pela paixão de cuidar da terra.
Forneço cana e bois há 17 anos, cuido da minha terra com paixão,
como já fizeram antes o meu avô e o meu pai,
e agora posso dizer a você que tem sua terra:
ame a sua terra, dê a ela o que merece e terá em troca maior produtividade.
Pise com paixão no seu chão, não entregue sua terra para outros cuidarem.
Semeie você mesmo e gozará do privilégio de assistir ao milagre da vida na planta que nasce.
Sinta-se um mago na natureza
e seu coração estará jurando amor eterno àquela que, com a graça de Deus, lhe garante o pão de cada dia.
Eu sou a Regina
”, declamou a pecuarista às lentes do Giro do Boi.

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Regina Moura contou de onde vem sua inspiração para as obras de arte em forma de poesia e de boi que cria. “Do coração, do meu pai, do sangue que corre aqui dentro e dessa equipe muito boa que sempre colabora. Meus filhos também. E isso vem muito da terra, das lições de vida que a gente já teve, então é amor demais”, confirmou.

“(O gado) Sempre é bem tratado, tem sua sombra, a sombra que ele merece no pasto, tem água que nasce na própria propriedade, é um gado que a gente ama. Esse é o nosso princípio: é o amor à criação e aos animais”, acrescentou.

Gado “sombreado” produz muito mais

Regina faz o ciclo de recria e engorda na Fazenda Santa Maria e explicou como funciona seu sistema de produção. “Normalmente a gente faz a reposição num ano e no ano seguinte pretende que aquele gado já seja conduzido todo ele para o frigorífico. Às vezes isso não acontece, mas nessa reposição, dependendo do ano, você consegue animais de melhor qualidade ou não consegue tudo aquilo que você almeja”, ponderou.

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O gerente da fazenda Jorge Luiz Cabral Vieira revelou que vários tipos de pastagens formam os piquetes da fazenda, uma diversificação de cultivares que, segundo ele, é aprovada pelos animais. “É um pasto que vamos comparar como uma salada de capim. Não tem só um tipo de capim, tem braquiária, colonião, jaraguá, que é nativo da terra, então o gado fica à vontade para comer o que ele quer, o que ele acha que é mais favorável a ele”, reforçou. Conforme os piquetes vão sendo desgastados pelo consumo da forrageira, o olho está sempre treinado para fazer a rotação até que os lotes cheguem ao peso de abate, entre 20 e 21@.

Na hora do embarque ao frigorífico, a propriedade tem um rígido controle de cada animal, uma vez que integra a Lista Traces, ou seja, está apta a exportar a carne de seus animais para a União Europeia. “É uma planilha muito simples porque ela é feita de coisas simples. É uma planilha que acompanha cada manejo que nós fazemos nesse curral, mudança de pasto, vacinação, tudo é acompanhado por esta planilha que nos mostra os brincos, de A a Z, e várias colunas indicando a data das pesagens”, ilustrou Regina.

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As provas da qualidade e a validação do bom sistema de gestão vêm do Farol da Qualidade das boiadas. A Fazenda Santa Maria foi a primeira a abater animais dentro do Protocolo Junto por um Boi de Sucesso, hoje Protocolo Sinal Verde, que remunera o pecuarista conforme a qualidade das carcaças comercializadas. “Foi daqui o primeiro lote no estado de São Paulo, de nossas plantas frigoríficas aqui no estado, a ser abatido no protocolo”, recordou o gerente de originação da unidade Friboi em Lins-SP Douglas Castro.

O originador lembrou da conformação do lote. “Na casa de 78% de animais se enquadraram como Verde no protocolo. Ela tem a propriedade aprovada com os animais Trace, é uma propriedade pra (exportação para) Europa, que gera uma bonificação. Ela produz animais castrados em que a maioria desses animais se enquadram nesse protocolo […] e ela também aproveita as oportunidades que a gente tem de boi a termo, em que ela sempre está fechando contratos com a gente também no mercado futuro. E como ela é uma mulher muito corrida, de muitos negócios, não só de pecuária, mas também a parte de agricultura, ela não consegue às vezes acompanhar abate, ir lá ao frigorífico, então você vê que todas as informações que tem lá no Portal do Pecuarista (hoje disponíveis no aplicativo Friboi Pecuarista) ela aproveita, aproveita todas as ferramentas que a gente disponibiliza”, aprovou Douglas.

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Assista à reportagem da Fazenda Santa Maria, de Regina Moura, para a Rota do Boi:

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