Minhas vacas Jersey produzem pouco leite. Como aumentar a ordenha?

Pecuarista do interior mineiro reclamou da produção baixa do rebanho e quer saber como se tornar mais produtivo na atividade leiteira

Em edição do quadro Giro do Boi Responde que foi ao ar nesta sexta, 05, o zootecnista Guilherme Marquez, gerente nacional de produto leite da central Alta Genetics, atendeu a questão enviada por Geovani Geraldo.

O pecuarista de Araxá-MG disse que tem vacas da raça Jersey, mas lamentou a produção de leite abaixo do esperado. Ele pediu então dicas para se tornar mais produtivo.

“Primeiro nós temos que entender como funciona o metabolismo da vaca de leite”, contextualizou.

Para entendimento do produtor, Marquez comparou as necessidades de energia de uma vaca como a de uma caixa d’água com três ladrões – o primeiro a ser preenchido é o da mantença. Tampado o ladrão da mantença, ou seja, da sobrevivência, vem o segundo ladrão, o do crescimento. Depois de tampado mais este burado, o próximo ladrão é a produção de leite.

“Então olhe o que acontece. Se eu às vezes não estou mensurando corretamente qual é a necessidade daquela vaca, eu não consigo ‘encher as caixas’. Então ela não vai produzir leite”, completou.

“Depois da produção, eu tenho a engorda dela, a mudança de escore, e depois a reprodução”, disse Marquez, continuando a comparação. “Então é extremamente importante você saber como alimentar as suas vacas”, sustentou.

Marquez explicou como usar o peso vivo de uma vaca para calcular a quantidade de matéria seca a ser consumida para dar à fêmea tudo o que ela precisa para produzir leite. “Uma dica é a gente trabalhar com peso vivo, o que ela precisa comer quando a gente utiliza seu peso vivo como referência. E aí a gente vai de uma faixa de 2,5% até 3,5% do peso vivo, dependendo da qualidade, do peso e também da produção de leite dessa vaca. Uma vaca de 35 quilos de leite vai comer 3,5% do peso vivo dela de matéria seca”, estimou.

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O especialista também esclareceu como descobrir a quantidade de matéria seca do alimento fornecido ao gado. “O que é matéria seca? É quando eu tiro toda a água da matéria verde. Para descobrir, eu pego uma silagem de milho, por exemplo, ponho um quilos de silagem no microondas e tiro depois de 2 a 3 minutos. Quanto que está pesando aquilo? Aí você vai descobrir a matéria seca da sua silagem de milho”, revelou.

“Geralmente as silagens de milho têm de 30 a 33% de matéria seca, ou seja, a cada quilo que eu dou para o gado, 300g é matéria seca. Então você tem que fazer essa conta”, indicou.

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Marquez lembrou também da importância do componente genético na produção de leite – a vaca não terá potencial para produzir leite mesmo bem nutrida caso a sua genética seja limitada.

“Agora para aumentar a produção de leite desse animal, você tem que lembrar que ela tem que ter genética de leite. Não é só porque é a raça Jersey, mas ela tem que ter uma genética apurada para produzir leite”, advertiu.

“Então minha dica: comece a mensurar quantidade de alimento, pese seu gado, saiba o quanto ele tem potencial para comer, saiba o quanto que você está oferecendo, faça o balanceamento proteico e energético com nutricionistas. Acione, talvez, a sua cooperativa e também olhe a genética desse animal para ver se a quantidade de comida que você está dando vai dar o resultado de leite (conversão) que você quer e aumentar a sua produção”, resumiu.

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Pelo vídeo abaixo é possível acompanhar a resposta completa de Guilherme Marquez:

Foto ilustrativa: Reprodução / Jersey Brasil – ACGJB