Em uma entrevista com o zootecnista Pedro Veiga, da Cargill-Nutron, abordamos um tema crítico que afeta diretamente a rentabilidade dos pecuaristas voltados para a engorda de gado: o excesso de gordura em animais confinados. Esse fenômeno não só encarece o custo da arroba produzida em até 3,5 vezes como também afeta todos os elos da cadeia produtiva – do produtor ao consumidor. Assista ao vídeo abaixo e saiba como não gastar seu dinheiro à toa.
Conforme observado em abates recentes, animais, inclusive novilhas de 15 meses com genética meio-sangue, apresentaram uma gordura de cobertura acima do ideal, impactando negativamente na qualidade e no aproveitamento dos cortes.
“Estamos diante de uma questão que vai contra os princípios da sustentabilidade no agronegócio. Recursos estão sendo utilizados de maneira ineficiente, quando poderiam ser aplicados de forma a otimizar outras esferas da fazenda.”
Pedro Veiga
A importância da dieta balanceada para não ter gado com excesso de gordura
Um dos aspectos centrais abordados por Veiga é a necessidade de uma nutrição correta, que evite o excesso de gordura sem comprometer o desenvolvimento dos animais.
É imprescindível adotar uma abordagem holística que englobe todas as fases de vida do animal, desde a gestação até a terminação.
Quanto mais se estuda a genética, mais eu acredito na nutrição, é uma citação de um dos grandes pesquisadores de bovinos no País, José Bento Ferraz, enfatizando que ambas andam juntas, sem esquecer a parte crucial da sanidade.
Da gestação à recria: uma perspectiva integral
Para evitar problemas de eficiência na engorda, deve-se iniciar o cuidado nutricional já na gestação, assegurando o desenvolvimento fetal adequado e, por conseguinte, um animal com maior capacidade de crescimento muscular futuramente.
Este cuidado se estende por todas as fases subsequentes, incluindo a recria e a terminação, onde a dieta deve ser ajustada para promover um crescimento equilibrado sem predispor os animais ao acúmulo exagerado de gordura.
Proteína, energia e manejo apropriados
O manejo nutricional correto implica em oferecer uma dieta que satisfaça as necessidades proteicas e energéticas do gado em cada fase de seu desenvolvimento, sem ultrapassar os limites que levam ao ganho de gordura excessiva.
Nas palavras de Veiga, “uma das soluções está na proteína”, mas é fundamental considerar o sistema produtivo como um todo, para garantir que cada animal receba exatamente o que necessita para um crescimento saudável e eficiente.
Recomendações para o futuro na produção de bovinos
A mensagem de Pedro Veiga é clara: um manejo nutricional adequado não apenas evita prejuízos financeiros significativos devido ao excesso de gordura, mas também contribui para um setor mais sustentável e responsável.
A engorda de gado, especialmente de animais com maior predisposição ao acúmulo de gordura, deve ser abordada com ciência, conhecimento e respeito às necessidades individuais de cada animal.
Assim, é possível assegurar não somente a viabilidade econômica das operações pecuárias mas também sua contribuição para um agronegócio brasileiro cada vez mais sustentável e eficiente.