Exportações de carne bovina para a China serão retomadas após fim de restrições

País asiático anunciou fim das restrições que estavam em vigor desde o dia 3 de setembro e setor se prepara agora para retomada gradual dos volumes de exportação

No início de sua entrevista ao Giro do Boi desta quarta, dia 15, o zootecnista Eduardo Pedroso anunciou a liberação das exportações de carne bovina para a China. Os embarques brasileiros estavam suspensos desde 3 de setembro em função de dois casos atípicos de BSE já esclarecidos. “Hoje, por volta das 2h da madrugada, chegou a tão esperada notícia da liberação para retomar as exportações para a China”, confirmou Pedroso.

Em seguida, o executivo lembrou da relevância do mercado do país asiático para a carne bovina brasileira. “A China vinha nos primeiros oito meses do ano representando um volume em torno de 100 mil toneladas por mês, correspondente a cerca de 25% de toda a produção brasileira dentro da inspeção federal. Um volume muito significativo”, informou.

Contudo, Pedroso lembrou que a boa notícia deve ser recebida com a ponderação de que haverá ainda um processo para que os volumes de exportações de carne bovina para a China retornem aos níveis anteriores à suspensão.

“Esse momento é de alívio e, por outro lado, uma grande força tarefa porque ainda temos estoques muitos significativos. Temos um volume enorme de carne já produzida anterior à data de 3 de setembro ainda em solo brasileiro que tem que ser desembaraçado, embarcado. As plantas habilitadas que foram revertidas para outros mercados precisam finalizar esses contratos em andamento. Então existe um hiato de transição. Mas a notícia da retomada é muito bem vinda e amanhecemos mais aliviados e confiantes de que o 2022 que se aproxima será um ano muito profícuo para toda cadeia produtiva”, analisou.

SUSTENTABILIDADE

Em seguida, Pedroso fez um balanço das ações da companhia em 2021 que contribuíram para várias frentes da sustentabilidade da pecuária de corte, passando pela gestão interna e perpetuação dos negócios das fazendas parceiras, proteção ao meio ambiente e atendimento aos anseios do mercado consumidor.

Conforme destacou o executivo, “sustentabilidade começa com a estabilidade econômica e financeira do produtor rural”. Nesse sentido, a companhia ampliou o programa de capacitação em gestão e comparação de resultados Fazenda Nota 10, que saltou para um atendimento a 450 propriedades em 2021. De acordo com Pedroso, o programa auxilia os produtores nas tomadas de decisão na busca por melhores resultados.

Além disso, a companhia atuou ainda na evolução do compliance socioambiental da pecuária de corte brasileira. O Friboi marcou presença na COP26, realizada em novembro em Glasgow, na Escócia, para escutar os anseios dos consumidores. “O consumidor cada vez mais está preocupado em saber a origem dos alimentos e como é que esse alimento foi produzido”, constatou Pedroso.

Para dar mais visibilidade a todo o trabalho de preservação ambiental e compliance à legislação brasileira, a empresa trabalhou na consolidação da Plataforma Pecuária Transparente. Em resumo, o executivo explicou como funciona a iniciativa. “O pecuarista pode verificar se a origem de sua reposição vem de áreas que estão regularizadas do ponto de vista socioambiental. Porque cada vez mais o consumidor quer saber a origem da trajetória do gado desde o nascimento. Então a Plataforma Pecuária Transparente vem para ser uma ferramenta de apoio ao produtor rural, totalmente gratuita. É uma plataforma em blockchain, sigilosa, criptografada, e nós mesmos não temos acesso ao conteúdo consultado. Simplesmente é deixar que o produtor utilize toda a tecnologia que nós utilizamos há mais de uma década em seu benefício de regularização”, disse em síntese.

Acesse o site da Plataforma Pecuária Transparente

Ao descobrir alguma irregularidade por meio da plataforma, o pecuarista pode ainda contar com a consultoria gratuita dos Escritórios Verdes, que já conta com 15 unidades instaladas junto a unidades de abate da companhia espalhadas pelo Brasil. “Os escritórios fazem um trabalho como se fossem um “Poupatempo Socioambiental”. A gente já ajudou milhares de produtores a regularizarem as suas áreas através de um trabalho de assistência técnica no sentido de diagnóstico, apoio e encaminhamento dessa documentação junto aos órgãos oficiais para liberação e regularização dessas áreas. Então o nosso objetivo é que os produtores estejam em compliance, de acordo com a legislação socioambiental e que estejam aptos a participar ativamente da cadeia de valor que cada vez mais o Brasil tem um papel de protagonismo no mundo”, destacou Pedroso.

Confira aqui os endereços dos Escritórios Verdes em todo o País

O executivo lembrou ainda do suporte à criação da Brigada Aliança, que junto com a ONG Aliança da Terra levou brigadas de incêndio para unidades da empresa instaladas dentro do bioma Pantanal para ajudar a preservar a natureza das queimadas que se acentuam na entressafra.

“A Brigada Aliança tem uma plataforma de inteligência artificial que faz o monitoramento em tempo real de focos de incêndio em todo o Bioma do Pantanal e emite alertas quando eles são identificados. Por terra, temos equipes treinadas que agem rapidamente e vão de encontro a esses focos para conter os incêndios. Mais de 140 fazendas já foram atendidas e, inclusive, tivemos recentemente uma moção de aplausos na Câmara dos Vereadores do município de Pedra Preta, em Mato Grosso, pelo reconhecimento desse trabalho, que tem sido fundamental para ajudar produtores a se protegerem durante o período da estiagem”, ressaltou o zootecnista.

BALANÇO 2021

Por fim, o executivo lembrou dos desafio impostos ao setor em 2021, alguns deles consequência da pandemia, como a volatilidade do mercado e as dificuldades de logística. Contudo, ressaltou que acessar mercados que aumentem as alternativas de escoamento da produção de carne brasileira passa pela melhoria da qualidade.

“*88% da exportação brasileira, hoje, são restritivos com relação a até 30 meses de idade dos animais em função da mitigação de riscos sanitários de BSE. Os animais com até 30 meses, ou dois anos e meio de idade, são passíveis de serem produzidos somente com tecnologia. E por isso a parceria que a gente vem engajando outros players da cadeia, outras empresas do setor, a somarem esforços conosco porque nós precisamos levar ao produtor acesso tecnológico, inclusão tecnológica, inclusão comercial”, relacionou.

Para tanto, Pedroso lembrou da atuação dos boiteis da companhia, que aceleram a terminação dos animais. Além disso, falou também sobre a parceria assinada recentemente com a multinacional DSM para uso de um aditivo no núcleo mineral, o Bovaer, que pode reduzir em até 50% as emissões de gases de efeito estufa pelos bovinos.

“É como se fosse um Luftal para o problema do arroto do boi. O Bovaer é um aditivo no núcleo mineral que tem potencial de reduzir em até 50% a emissão de metano, que é um dos grandes pontos questionados da emissão de gases de efeito estufa. Então já estamos iniciando os trabalhos de campo também com a DSM. Nós iniciaremos pela unidade do Boitel JBS em Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul”, detalhou.

PROJEÇÕES PARA 2022

Por último, Pedroso projetou um ano de 2022 com demanda forte pelos produtos da pecuária brasileira. “Um ano em que a gente vai ter muita oportunidade comercial. Mas fica o recado de que a oportunidade está disponível a quem estiver preparado para isso. Nós precisamos ser cada vez mais profissionais e transparentes. Nós precisamos demonstrar, não só fazer bem feito, mas conseguir demonstrar isso aos nossos clientes e ao mercado. E é por isso que nós convidamos a todos os pecuaristas a estarem juntos conosco, acompanhando o resultado do seu abate, a tipificação do seu gado, a qualidade do gado abatido, as oportunidades de melhoria do seu sistema de produção porque não existe indústria forte com produtor fraco”, convidou o executivo.

Assista a entrevista completa com Eduardo Pedroso, diretor executivo de originação do Friboi, pelo vídeo a seguir: