Em entrevista ao Giro do Boi nesta quinta-feira, 18 de julho, o engenheiro agrônomo Fernando Sampaio, diretor de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e membro do conselho diretor da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável, discutiu as recentes mudanças na legislação europeia que impactam a exportação de carne bovina do Brasil. Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista completa.
Em abril, o parlamento europeu aprovou uma nova exigência de certificações antidesmatamento para importação de produtos agropecuários a partir do próximo ano, visando a sustentabilidade na produção.
Impacto das novas exigências europeias
A medida exige que importadores garantam que os produtos não sejam provenientes de áreas desmatadas após 2020, mesmo que o desmatamento tenha sido legalmente autorizado no Brasil.
Essa norma da Europa afeta vários produtos, incluindo carne, couro, soja, café, cacau, e papel celulose. Sampaio ressaltou que essa legislação adiciona uma camada de exigências ambientais a uma lista que anteriormente se concentrava em critérios sanitários.
A nova demanda requer que produtores e exportadores brasileiros reforcem a rastreabilidade de seus produtos para atender às normas europeias.
Esforços para adaptação e certificação
Desde 2009, acordos com o Ministério Público Federal e demandas dos mercados varejista e financeiro têm pressionado por uma maior transparência e controle na cadeia de produção.
A Febraban, por exemplo, anunciou em maio que seus bancos associados só concederão empréstimos a frigoríficos na Amazônia Legal e no Maranhão se implementarem um sistema de monitoramento de fornecedores até o final do próximo ano. Isso visa comprovar que o gado não provém de áreas desmatadas ilegalmente.
Relevância da rastreabilidade
Sampaio destacou que a rastreabilidade precisa ser aprimorada para monitorar não apenas os fornecedores diretos, mas também os indiretos.
Produtores que já atendem a cotas específicas, como a cota Hilton, estão mais preparados, pois já cumprem requisitos rígidos de rastreamento desde a desmama dos animais.
Desafios e passos futuros da produção brasileira sustentável
Questionado sobre o impacto das novas exigências na cota Hilton e a posição do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), Sampaio afirmou que o Brasil está contestando a unilateralidade da legislação europeia junto à OMC.
No entanto, ele também reconheceu que os produtores têm a opção de atender a essas exigências para não perder acesso a mercados lucrativos.
Avanço nos investimentos por uma pecuária mais transparente
O Brasil, como principal exportador de carne bovina do mundo, precisa se adequar rapidamente às novas demandas dos mercados internacionais por sustentabilidade.
As mudanças instituídas pelo parlamento europeu e o posicionamento dos bancos brasileiros indicam que o setor deve investir em melhores sistemas de rastreamento e em práticas mais sustentáveis para garantir a continuidade e expansão das exportações.
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