Estudo vai analisar impacto do uso de luz artificial em confinamento de gado

Pesquisadora disse que além de observar se o consumo alimentar será maior, a influência da suplementação com luz no comportamento também será analisado

Em entrevista ao Giro do Boi desta quinta, dia 18, a doutora em zootecnia e professora da UFMT Fernanda Macitelli falou sobre um novo estudo que está prestes a começar. A princípio, a pesquisa quer identificar a influência do uso de luz artificial no desempenho dos animais no confinamento de gado de corte.

Conforme adiantou Macitelli, o objetivo é entender se esticar o dia artificialmente com a suplementação de luz acelera a engorda do gado. “Na literatura a gente tem muitos estudos que mostram que suplementar luz para muitas espécies traz benefícios por causa das alterações fisiológicas, produções hormonais e tudo mais”, justificou.

HISTÓRICO NA LITERATURA

Por exemplo, na literatura, disse Macitelli, já existem descobertas sobre a influência da iluminação artificial em aves, ovinos e equinos.

“Então, pensando e estudando bastante, a gente percebeu que 16 horas de luz é o que seria indicado para toda a parte fisiológica do animal, principalmente a regulação da parte cerebral dele”, completou.

Contudo, no Brasil a luz do dia não dura em média 16 horas num confinamento de gado. “Então nós vamos suplementar luz no fim da tarde, uma luz suplementar, que tem que ter os lúmen certo e tudo mais. E vamos estudar se isso aumenta o consumo dos animais, aumenta o desempenho e se também não causa nenhum problema comportamental neles”, lembrou.

Segundo a pesquisador, o experimento também servirá para observar se mesmo com aumento do consumo outros fatores da produção animal não serão afetados. “Também não adianta a gente beneficiar uma ponta e ter animais com brigas, por exemplo. Então esse é o nosso novo estudo agora”, detalhou.

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BEM-ESTAR ANIMAL: BOVINOS CONFINADOS

Assim como falou sobre o novo estudo, Macitelli respondeu se as boas práticas no confinamento de gado de corte são difíceis de serem implementadas.

“Não são! E vou te falar que a maioria não tem nem custo. E as que têm custo, a gente tem que entender como um investimento, porque geralmente em um ou dois ciclos já está pago”, informou.

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Em seguida, Macitelli alertou que muitos pecuaristas que fazem confinamento de gado estão atentos aos aspectos físicos dos cinco domínios do bem-estar animal (veja mais no link a seguir). Contudo, os aspectos psicológicos costumam ficar esquecidos. “A gente vê as pessoas focando muito nos princípios saúde e nutrição e esquecendo dos outros princípios também do bem-estar animal que podem afetar saúde e nutrição. Como, por exemplo, o comportamento e o conforto do animal. Então a gente vem desenvolvendo os estudos mais ou menos nesta linha”, comentou.

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ESTRESSE TÉRMICO NO CONFINAMENTO

Nesse sentido, um dos estudos conduzidos por Macitelli foi o impacto do estresse térmico no confinamento de gado. “Estamos no quarto estudo de estresse térmico agora. Em cada um a gente vai evoluindo, como o tipo da tela usada, a metragem, a forma de colocar dentro da baia e tudo mais”, detalhou.

De acordo com a professora da UFMT, além de um ganho de 80 a 120 gramas a mais por dia, os animais têm mais benefícios com o sombreamento das baias. “A gente vê também redução dos problemas de saúde, porque sempre que a gente deixa o animal estressado a gente reduz a imunidade dele. Então a gente tem visto melhoria na saúde também dos animais. Ou seja, tem menos uso de antibiótico, menos animais com problemas respiratórios, melhores comportamentos, menos briga, menos sodomia. […] Por isso a gente recomenda de todas as formas que as pessoas coloquem sombra no confinamento”, sugeriu.

A princípio, Macitelli revelou que com o uso de câmera termográfica a redução na temperatura com o uso de sombreamento chegou a 20º C, dependendo da hora do dia.

Sombrite no confinamento: diferença de até 20ºC na temperatura.

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Por fim, assista a entrevista completa com Fernanda Macitelli, da UFMT, pelo vídeo a seguir: