Aprenda a fazer o planejamento sanitário de gado de corte para sua fazenda

Veterinário listou as principais doenças que devem constar no planejamento sanitário de gado de corte anual, além de foco no ambiente da fazenda e capacitação de equipe

Em entrevista ao Giro do Boi desta terça, dia 15, o médico veterinário João Drumond, gerente técnico da área de biológicos da MSD Saúde Animal, falou sobre planejamento sanitário de gado de corte. Conforme ressaltou o especialista, o tema vai além da formulação do chamado calendário sanitário.

“Muitas vezes a gente pensa só no calendário sanitário. Porém, na verdade, tem que pensar na construção da saúde dentro da propriedade. Então aqui na MSD a gente trabalha muito visando sempre o conceito de saúde única”, disse em resumo.

Nesse sentido, o planejamento sanitário de gado de corte passa por análise do rebanho, do ambiente e das pessoas. “Eu tenho que pensar no animal. E aí eu voltar, vou rever meus dados zootécnicos do ano passado, rever quais problemas eu tive no ano anterior. Eu penso no ambiente também. Por exemplo, que melhorias eu fiz, o que mudou na minha propriedade para esse próximo ano que vai virar. E também no homem, no colaborador, principalmente. Em outras palavras, eu posso contratar novas pessoas que, às vezes, precisam de um treinamento, qualificação”, disse em síntese o veterinário.

Dessa forma, a equipe pode receber treinamento em vacinação, capacitação do programa Criando Conexões, visando o bem-estar. “Então esse contexto todo que a gente foca é visando um mapa, um guia ao longo do ano. E deve ser revisitado todo ano porque a fazenda a cada safra”, lembrou.

Em seguida, o especialista detalhou que informações do rebanho o gestor deve ter para concluir o planejamento sanitário de gado de corte. Assim, o produtor deve olhar para a categoria (animal jovem de cria, vacas em reprodução, gado mais erado de recria ou engorda). Depois disso, analisar o ambiente, como clima, relevo, bioma presente na propriedade para antecipar possíveis riscos.

RAIVA, BRUCELOSE E AFTOSA

Juntamente com a análise da propriedade, ambiente e equipe, Drumond dividiu os principais grupos de doenças a estarem no foco do produtor. Em primeiro lugar, raiva, brucelose e aftosa, cuja prevenção é facilmente feita com vacinas. “Essas vacinas dependem da legislação, dos órgãos de defesa, qual orientação e época do ano o pecuarista vai trabalhar. Lembrando que no caso da brucelose, a gente tem duas opções. A gente tem a vacina B19 e a vacina RB51, que o técnico responsável pela vacinação contra brucelose pode orientar o pecuarista. E o grupo das outras, que é decisão voluntária de qual vai usar”, salientou.

Depois que falou de modo geral, o veterinário destacou a vacinação contra a raiva em bovinos. “A vacinação contra raiva pode ser obrigatória em algumas regiões, mas você também pode fazê-la de maneira voluntária. Você pode agregar a vacinação contra a raiva se você, junto com seu técnico, julgar que a sua propriedade pode sofrer com o problema”, salientou.

PREVENÇÃO DAS CLOSTRIDIOSES (BOTULISMO, TÉTANO, CARBÚNCULO, OU MAL DE ANO, GANGRENA GASOSA, OU EDEMA MALIGNO, E ENTEROTOXEMIA)

De acordo com Drumond, as doenças têm impactos diferentes no planejamento sanitário de gado de corte conforme a categoria animal muda. “No caso do botulismo, se eu estou trabalhando com fêmeas prenhes, ‘opa, eu vou dar especial atenção à mineralização’. Se eu estou trabalhando com gado em confinamento, eu tenho que dar especial atenção com a qualidade do preparo da alimentação. Se estou trabalhando com gado mais jovem, tenho que prestar atenção à manqueira, por exemplo. […] Em resumo, para isso a gente tem um leque de diferentes vacinas na MSD para você usar conforme os fatores de risco”, informou.

Posteriormente, o veterinário revelou quais são as vacinas disponíveis. “A gente tem vacina única, que atende todos esses clostridios, como, por exemplo, a Poli-Star T. Eu tenho vacina para o caso da enterotoxemia, a Covexin 9, que eu vou trabalhar pesado nos animais em confinamento. Tem outra, a Poli-Star, que vai trabalhar o gado adulto que está a pasto. Portanto, hoje não é mais uma única solução para vários problemas. A gente tem a solução específica para cada um dos problemas”, detalhou.

RINOTRAQUEÍTE INFECCIOSA BOVINA (IBR), DIARREIA VIRAL BOVINA (BVD) E LEPTOSPIROSE

Da mesma forma, Drumond chamou atenção para este outro grupo de doenças, IBR e BVD (virais) e leptospirose (bacteriana). “São doenças que impactam diretamente ou em problemas respiratórios ou em problemas reprodutivos. Então se eu tenho confinamento, por exemplo, eu tenho que ter muito foco na IBR e BVD. Agora, se eu estou fechando estação de monta com IATF, eu tenho que me preocupar com IBR, BVD e a leptospira também”, acrescentou.

Atualmente, a companhia oferece duas soluções diferentes para as doenças, revelou o veterinário. “Tem a Fertiguard Selenium Max, que atende tanto o conjunto respiratório quanto o reprodutivo. E se o meu problema está mais focado no reprodutivo, eu tenho a Poliguard”, comentou.

PREVENINDO DOENÇAS REPRODUTIVAS

Dentro do planejamento sanitário de gado de corte, as vacas prenhes precisam de cuidados especiais. Drumond lembrou que, anteriormente, as bezerras que vão se tornar matrizes devem receber vacinas contra doenças reprodutivas com quatro a cinco meses. “Para quando chegar nessa época já de prenhez, esses animais já receberam mais de duas ou até três doses de vacinas”, orientou.

Por outro lado, quando a categoria já é vacas prenhes, o veterinário fez recomendações mais específicas. “Prover para esses animais o mínimo de estresse e uma boa alimentação, em que entra o bem-estar animal, o manejo. E já pensando na fase do pré-parto, caminhando lá para junho e julho, já pode pensar em outras vacinas visando o nascimento. Esse animal mamar o colostro já com a carga de imunoglobulinas”, completou.

DOENÇAS NEOTANAIS, COMO ROTAVÍRUS, E. COLI E CORONAVÍRUS BOVINO

Por último, Drumond falou sobre os cuidados com o recém-nascidos. “Essas doenças são doenças acometem os bezerros até os 28, 30 dias de idade pós-parto. […] Portanto, eu vou vacinar a mãe em torno de 60 dias pré-parto, nesse período de dois meses antes do parto. Logo, o animal mamando o colostro quatro a seis horas após o parto vai receber uma carga de imunidade passiva, a imunoglobulina que a mãe preparou e está no leite. Ela protege esse animal nesses primeiros 30 dias de vida”, relacionou.

“Então a gente tem diferentes estratégias que o pecuarista, juntamente com o técnico, junto à equipe da MSD, pode, sem dúvida, caminhar para o sucesso da propriedade”, disse em conclusão.

Por fim, assista a entrevista completa do veterinário João Drumond sobre planejamento sanitário de gado de corte:

Foto ilustrativa: Reprodução / Embrapa