CIÊNCIA DA CRIA

Estudo da USP mostra os impactos da suplementação proteica no terço final da gestação em Nelore

Pesquisa revela que nutrição materna na seca aumenta em 14 kg o peso de desmame da 3ª geração e eleva em 1 arroba o peso de carcaça da 1ª geração

Foto: Divulgação.
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Um estudo inovador conduzido pela USP de Pirassununga, que se estendeu por seis anos (2018 a 2024), comprovou que a suplementação proteica no terço final da gestação de matrizes Nelore tem um impacto duradouro, funcionando como uma programação fetal que se estende até a terceira geração dos bovinos.

Coordenado pelo professor Miguel Henrique de Almeida Santana, o estudo demonstrou que nutrir a vaca na seca é o segredo para ter animais mais produtivos e com maior qualidade de carcaça.

O desafio da pesquisa se concentrou no terço final da gestação da vaca Nelore, que coincide com o período mais crítico da seca no Brasil Central, onde o ambiente nutricional é restritivo. A suplementação proteico-energética (PE) neste momento se provou um investimento de alta rentabilidade.

Em entrevista ao Giro do Boi, o professor deu mais detalhes sobre a pesquisa. Confira:

Ganhos diretos: produtividade e qualidade da carcaça

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O estudo, que gerou 18 artigos científicos, revelou ganhos diretos e indiretos que vão além do esperado, demonstrando a importância de enxergar a nutrição como investimento e não como custo:

  • Aumento de peso (3ª geração): a pesquisa detectou que a diferença de desempenho se manteve nos netos (terceira geração), que desmamaram 14 kg a mais de peso vivo em comparação com o grupo controle.
  • Ganhos na terminação (1ª geração): os filhos das matrizes suplementadas ganharam 170 gramas/dia a mais de GMD (Ganho Médio Diário), o que resultou em cerca de 1 arroba (15 kg) a mais de carcaça ao abate (aos 21 meses).
  • Qualidade: a nutrição pré-natal estimulou um aumento na gordura subcutânea (mais de 10-12 mm de acabamento) e no marmoreio da carne, mesmo em gado Nelore (que não tem predisposição para isso).
  • Fertilidade: a suplementação melhorou a taxa de prenhez das vacas de 87% para 93%, e as matrizes mantiveram um melhor escore corporal.

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Ciência e o futuro da pecuária Nelore

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Santana e sua equipe utilizaram novilhas inseminadas com sêmen sexado para a produção de machos (para controle e precisão), e a genética da CFM (Agropecuária CFM) serviu como base. A conclusão reforça a máxima: “Quanto mais eu estudo genética, mais eu acredito na nutrição”, disse.

O próximo passo do estudo da USP será com animais meio-sangue Angus x Nelore (F1), onde se espera um resultado ainda mais expressivo na deposição de gordura e precocidade, devido ao maior potencial genético do F1.

O material da pesquisa está disponível para acesso gratuito na página da Embrapa Cerrados, servindo como base para que o pecuarista possa aplicar a ciência na fazenda.

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