O desafio do controle de carrapatos em fazendas de pecuária de corte no Brasil aumentou com o avanço do cruzamento industrial. Nada que não possa ser solucionado com as tecnologias associadas ao manejo sanitário correto, conforme disse em entrevista ao Giro do Boi desta quarta, 17, o médico veterinário Daniel Rodrigues, gerente técnico de ruminantes da MSD Saúde Animal.
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“Com a evolução da eficiência e da tecnologia para inseminação artificial, cada vez mais nós estamos observando cruzamentos na região do Brasil Central. Essa é uma tendência. E junto com o cruzamento, alguns desafios aumentam, principalmente o (de controle do) carrapato, que está aproveitando esse cenário. São animais com sensibilidade maior e ele está se reproduzindo muito bem, encontrando umidade e calor. Por isso o pecuarista está encontrando maiores desafios em outras regiões, principalmente no gado de corte”, explicou Rodrigues.
No Brasil Central, o problema se acentua justamente nessa época do ano, em que há mais chuvas e a umidade e o calor característico da região formam um ambiente ideal para a proliferação do ectoparasita.
“Uma fêmea tem capacidade de botar de 2.000 a 3.000 ovos e cada ovo desse gera um carrapato. […] E quanto mais umidade e calor, mais carrapatos eu tenho no meu ambiente. Por isso nós estamos vendo agora muitos carrapatos incomodando as propriedades”, relacionou.
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Rodrigues explicou como funciona o ciclo do carrapato para que o produtor entenda o melhor momento de iniciar o combate. “O ciclo do carrapato tem duas etapas, uma etapa que o carrapato fica no pasto, e aí depende de umidade e calor para que a larva saia do ovo, e a outra etapa em que o carrapato fica no boi. Na etapa que o carrapato fica no boi, ele demora aproximadamente 21 dias entre a presença da larva até ele se tornar aquela fêmea bem alimentada, que o pessoal a gente chama no campo de jabuticaba, que é aquele carrapato cheio de alimento que vai cair no solo e fazer sua postura dos ovos”, descreveu.
É justamente na fase do ciclo que o carrapato está preso ao animal que seu controle pode ser mais com mais facilidade, conforme apontou o veterinário. “Hoje a melhor forma que eu tenho de controlar é quando o carrapato está no animal. Deve-se observar esse carrapato nos animais, não deixar os animais ficarem muito ‘sujos‘ (repletos do ectoparasita)”, sustentou.
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Daniel disse que a observação do produtor e da equipe da fazenda serve como ferramenta para identificar o momento certo de iniciar o tratamento. “Esse é um ponto importante de alerta para o pecuarista: quando ele observa que mais de 10% do seu lote de animais têm a presença de carrapatos, já está na hora de fazer a intervenção porque, muitas vezes, nós temos aqueles animais que nós chamamos de sangue doce, que são os animais que têm mais sensibilidade ao carrapato. Se eu espero o meu gado ‘sujar’ todo, até eu conseguir fazer essa limpeza, os animais de sangue doce já deixaram cair muitos carrapatos no pasto, aí eu fico ‘sujando‘ pasto e, ao mesmo tempo, não consigo limpar os animais. Então a observação dos animais é importantíssima. Se você tem um lote de 100 animais e mais de 10 já estão ‘sujos’ de carrapatos, já faça a interferência com tratamento”, recomendou.
O veterinário orientou de forma prática como o pecuarista e a peonada podem fazer esta observação. “Uma forma simples de o pecuarista observar é olhar entre as pernas, barbelas e próximo à orelha dos animais aqueles carrapatos que estão maiores que 4 mm, ou seja, maior que uma cabecinha de fósforo. Se o carrapato já está maior do que isso, é o momento de eu ficar atento porque esse carrapato, em poucos dias, já irá cair no solo. Então no rodeio do gado eu começo a olhar essas áreas nos animais, barbela, entre as pernas, áreas da orelha e olhar o tamanho do carrapato”, detalhou.
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“Eles ficam bem escondidos ali, tentando se alimentar e ficar protegidos da retirada mecânica, uma vez que o animal, com a própria língua, acaba fazendo a retirada mecânica. Por isso o carrapato fica muito entre as pernas, naquela região da tábua do pescoço, onde o animal não consegue realizar a limpeza dele”, relatou.
Região da orelha, tábua do pescoço, barbela e entre as pernas: locais devem ser sempre observados para constatar quando a infestação de carrapatos deve ser tratada (clique nas fotos para ampliar).
Conforme frisou o veterinário, evitar a resistência do ectoparasita aos métodos de controle é outro desafio que deve constar na estratégia do produtor. “O primeiro ponto que nós temos trabalhado muito é na orientação ao pecuarista sobre sempre utilizar a dose correta do produto, fazer a aplicação correta. Então além da dose estar certa, eu tenho que utilizar o produto de forma correta, principalmente os produtos que envolvem banho, que são os produtos de aspersão. Então deve-se molhar corretamente os animais, fazer uma diluição correta do produto. Quando o produto é injetável, observar o peso do animal para que se faça a dosagem correta de acordo com o peso. Quando o produto é pour-on, observar também o peso do animal para que eu possa fazer uma dose correta”, recomendou.
“Todos esses fatores vão nos auxiliar a driblar a questão da resistência, mas ela está presente. Então nós precisamos ter essa observação dos animais, começar o tratamento cada vez mais cedo para que a gente possa tentar escapar desse fenômeno que a natureza encontra para sobreviver, que é o fenômeno da resistência”, ponderou.
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O especialista revelou em sua participação no Giro do Boi quais são os produtos que a companhia oferece para o controle dos parasitas. “Hoje nós temos produtos injetáveis que podem auxiliar no controle do carrapato, como o Solution e o Exceller. Nós temos produtos que fazem o controle através de aplicação pour-on, como o Tick Gard, o Solutic e o Bovguard e nós temos produtos para banho também, como o Potenty e o Triatox”, listou Rodrigues (veja neste link as opções).
Entretanto, o gerente técnico de ruminantes da MSD Saúde Animal destacou que a companhia destina um programa de manejo sanitário que orienta o pecuarista a elaborar a sua sequência de ações de combate a endo e ectoparasitas. “A MSD tem um arsenal de produtos muito eficiente e, mais do que os produtos, hoje nós temos um programa de serviço chamado Programa Endo e Ecto, em que a equipe MSD auxilia o pecuarista nestes pontos tão importante citados, de treinamento, de acompanhamento do treinamento, de orientação. Então hoje nós temos a nossa grande fortaleza, que é mais do que os produtos, o Programa Endo e Ecto através da equipe MSD de diferentes locais do nosso país”, revelou.
O serviço prestado pela companhia, conforme revelou o especialista, também contribui para a pesquisa. “Além de acompanhar a propriedade e orientar, eles também têm parcerias com universidades para poder auxiliar nesse monitoramento da resistência. Então a equipe está orientada e está capacitada para poder orientar o pecuarista, que é o nosso grande parceiro nesse negócio, e também tratar os animais para que eles possam estar cada vez mais limpos e produtivos”, valorizou.
Conforme informou o veterinário, as equipes da companhia podem ser acionadas através das lojas veterinárias e dos distribuidores em território nacional.
Ainda durante sua participação, Daniel ressaltou ainda que o controle dos carrapatos tem impacto direto sobre o bem-estar dos animais e o seu desempenho. “É um tema muito interessante. […] Os pesquisadores da Embrapa na região do Brasil Central já demonstraram que um animal infestado de carrapato na fase de recria pode perder até 22 quilos, tamanho o estresse que ele tem da presença do carrapato. Ou seja, é uma briga entre o animal tentando se alimentar e ganhar peso e o carrapato tentando tirar a energia e os nutrientes desse animal. Então realmente impacta muito o estresse, estar com a presença do carrapato incomodando, transmitindo doenças”, mencionou.
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No vídeo a seguir é possível assistir a entrevista completa com Daniel Rodrigues, médico veterinário e gerente técnico de ruminantes da MSD Saúde Animal ao Giro do Boi desta quarta, 17: