O processo para encontrar, por um lado, o funcionário ideal para a sua fazenda e, de outro lado, a propriedade que valorize os serviços de um bom vaqueiro parece passar por transformações no Brasil. Mudanças leis trabalhistas antigas inadequadas para o meio rural, dificuldades para capacitação e problemas de gestão estão entre as razões que, no fim das contas, abrem oportunidades para melhorias de ambas as partes.
Nesta terça, 22, a pedagoga, jornalista e consultora em gestão de pessoas e desenvolvimento humano em empresas rurais Jaqueline Lubaski passou dicas relevantes para todas as partes envolvidas no processo para que a combinação dê certo, uma necessidade que ficou evidente após repercussão pelo debate via Facebook após sua última entrevista ao programa.
Segundo Lubaski, cabe ao empregador definir o perfil de profissional que busca e, mesmo com a dificuldade de encontrar o trabalhar ideal, resistir para não contratar alguém que não tenha as qualidades que busca, o que acarreta em problemas mais significativos posteriormente. Também é preciso buscar referências no mercado de trabalho nas áreas urbanas e nas propriedades vizinhas para definir a remuneração, parte importante da seleção para atrair bons candidatos.
A especialista acrescentou ainda que parte das frustrações dos funcionários ocorre pela falta de um plano de carreira, como, por exemplo, pagar o mesmo para um vaqueiro recém-chegado à propriedade e outro de muitos anos dedicados à empresa rural. O plano de carreira, segundo a consultora, deve incluir também oportunidades de capacitação para os funcionários, como cursos do Senar. Lubaski lembrou que muitas vezes o pecuarista rechaça esta abertura por conta de acreditar que o vaqueiro “perde” muito tempo com o curso, mas ponderou que a capacitação é revertida, depois, em aumento de produtividade.
Já para o peão que busca a fazenda que valorize seu trabalho, Jack Lubaski também recomendou paciência e seletividade aos peões. Saber se o perfil da fazenda que tem vaga aberta atende suas expectativas. A busca pela qualificação também é importante para mostrar atitude e proatividade, completou a especialista. “Não conheço outra forma de ter bons resultados”, opinou.
A pedagoga explicou que caso o peão seja inexperiente, algo que ocorre com frequência hoje em dia por conta da impossibilidade de ensinar um ofício como a lida com animais desde cedo, é necessário que o funcionário novo passe por trabalho menos exigentes, como atividades no curral, manejo sanitário, entre outros, até que esteja confiante o suficiente para tarefas mais pesadas.
Lubaski disse acreditar que o mercado está positivo para quem busca emprego. “Vaqueiro tem vaga para quem quer realmente trabalhar. Não o cara ‘arrasta chinelo’”, comparou. “Sempre tem alguém olhando, então faça com excelência o seu trabalho porque com certeza, se você não for valorizado nesta fazenda é porque esta fazenda não te merece. Você vai procurar outra que realmente vai fazer você se sentir inserido e pagar melhor remuneração”, indicou.
Lubaski recomendou ainda que em municípios menores do interior um meio eficaz de anunciar vagas e encontrar oportunidades de emprego são as rádios locais. Mas detalhou que o pedido deve ser bem feito, específico de acordo com o que se busca para aumentar as chances de encontrar a combinação perfeita.
Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo: