Veterinário dá dicas de prevenção e tratamento para diarreia do broto

Produtora de distrito em Mucuri, no estado da Bahia, enviou sua dúvida sobre como como combater a diarreia do broto que está acometendo seu rebanho

“O que usar para combater a diarreia do broto no gado?”, questionou ao Giro do Boi Responde a telespectadora Maria de Fátima de Oliveira Lima, do Assentamento Lagoa Bonita, distrito de Mucuri, interior da Bahia.

A produtora recebeu a ajuda do médico veterinário e professor Guilherme Vieira, criador das plataformas Farmácia na Fazenda e Semiconfinamento.com.br. Conforme apontou o especialista, a diarreia do broto é um distúrbio gastrointestinal que faz com que os bovinos apresentem fezes amolecidas, aquosas. Além disso, uma característica do quadro da doença é a quantidade enorme de evacuações durante o dia, apresentou Vieira.

COMO OCORRE?

Segundo pontuou Vieira, a diarreia do broto ocorre logo após as primeiras chuvas. “Os animais se acostumam a comer um capim maduro com alto teor de matéria seca. Posteriormente, após as primeiras chuvas, saem os brotos na pastagem. E os animais são são altamente seletivos, lógico, e começam a comer esses brotos, que são altamente tenros e macios. Contudo, esses brotos apresentam uma grande quantidade de água, de umidade, e um alto teor de nitrogênio solúvel. Tudo isso provoca uma enterite e leva ao distúrbio gastrointestinal, provocando essa diarreia”, detalhou.

Do mesmo modo, a diarreia do broto também pode ocorrer após o pastejo em capineiras novas. “Essa diarreia do broto também ocorre nas pastagens novas, recém-formadas, que têm uma grande quantidade de adubação. Isso porque sai uma grande quantidade de capim novo, cheio de broto, e os animais ‘caem matando’, como se diz aqui na Bahia. Isso leva à diarreia do broto”, acrescentou.

CATEGORIAS SENSÍVEIS

De acordo com o veterinário, quanto a resposta à diarreia do broto é feita em tempo, não costuma acarretar em grandes problemas. “Porém, se não tratada corretamente, ela é uma porta para bactérias oportunistas e para vírus, podendo agravar o quadro”, alertou.

Eventualmente, todas as categorias de animais dentro da porteira podem apresentar diarreia do broto. “Desde os bezerros de três a quatro meses, que já começam a comer o capim, até os bezerros desmamados, passando pelos garrotes e os animais maduros”, listou.

Entretanto, os bezerros após a desmama são, de fato, os mais sensíveis ao problema. “Porque eles já comem uma grande quantidade de capim e eles são os mais sensíveis em um rebanho”, justificou Vieira.

IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO

Primeiramente, o veterinário lembrou que a identificação do problema ocorre pelo visual de bunda suja do bovino. “A gente observa os animais e eles apresentam ali sujeira na região anal”, disse em suma.

Assim, ao identificar a diarreia do broto, os animais devem sair do pasto que apresenta grande quantidade de rebrota. “Os colaboradores da fazenda devem fazer vistorias constantes para ver se os animais apresentam o quadro de bunda suja e observar também a grande quantidade de rebrota deste pasto. Depois disso, levá-los para um pasto mais maduro porque, se continuar nesse pasto, vai ser um mecanismo de retroalimentação da diarreia”, advertiu.

Imediatamente os animais devem sair do pasto com contaminação da diarreia. “Deixar os animais longe desse pasto num período de 20 a 30 dias. Geralmente o quadro de diarreia do broto os animais se recuperam rápido, mas tem essa questão de retirar do pasto e procurar ver se esses animais não agravaram o quadro”, frisou o veterinário.

Acima de tudo, os animais devem estar com boa hidratação para se recuperar do problema. “Pode-se fazer uma solução de soro caseiro. Um litro de água filtrada ou ferver um litro de água, ou ainda um litro de água mineral, botar uma colher de sopa de açúcar e uma colher de café de sal. Misturar, homogeneizar bem, pegar uma seringa”, orientou o especialista.

Primordialmente, os animais mais novos devem receber 20 ml do soro, enquanto os mais erados, entre 40 e 50 ml. “Fornecer a cada duas horas ou quantas vezes for no dia. Ou até deixar à vontade. Existem também soluções comerciais. Mas o que não pode deixar é levar o animal à desidratação”, sustentou.

CUIDADO COM A SUPLEMENTAÇÃO

“Então o que tem que fazer? Prender esses animais, retirar o sal proteinado, que tem uma grande quantidade de nitrogênio presente que pode piorar o quadro de diarreia do broto. Depois disso, levar esses animais para um local, fazer o tratamento com o soro caseiro. Se os animais estiverem mamando, além do soro, colocá-los para mamar para evitar a desidratação”, complementou.

Todavia, caso os animais apresentem uma piora dos sintomas, o pecuarista deve buscar um médico veterinário. Nesse sentido, colaboradores da fazenda com treinamento em primeiro socorros podem medir a temperatura e, estando acima de 38 ou 39º C, podem acionar o veterinário. “Acima de 39º C já tem que tomar as medidas inerentes à questão da diarreia porque diarreia mata. E fazer antibioticoterapia a conselho de um médico veterinário, com hidratação endovenosa. Esse é o tratamento para aqueles animais que pioraram no quadro da diarreia do broto”, disse em resumo.

PRIMEIRO PASTEJO

Em conclusão, Guilherme Vieira deu uma dica ainda sobre como evitar a diarreia do broto com manejo de pasto. “Se você formou a pastagem e essa pastagem já está nova, você tem que vedar essa pastagem e soltar os animais só após 40 a 60 dias depois da formação”, aconselhou.

Em síntese, Vieira lembrou ainda que existe vários outros tipos de diarreia, como as bacterianas, viróticas e parasitárias. “Pode por coccidiose ou por verminose, intoxicação, troca de ração. Mas, geralmente, a gente tem que fazer esse diagnóstico diferencial, não deixar evoluir para um quadro mais grave. Lembrando sempre que você deve sempre vermifugar esses animais e vaciná-los”, finalizou.

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Por fim, assista a reposta completa do veterinário sobre diarreia do broto pelo vídeo a seguir: