No Giro do Boi desta sexta, dia 13, durante o quadro Embrapa em Ação, uma reportagem apresentou pesquisa da unidade Pecuária Sudeste que está analisando os motivos da resistência à verminoses de uma raça de ovinos chamada Morada Nova para replicar o modelo em estudos com bovinos Nelore.
Segundo a bióloga Ana Carolina Chagas, mestre em comportamento e ecologia de zooparasitas, doutora em ciência animal e pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, a raça Morada Nova, voltada para o corte, se reproduz com até três partos em dois anos, o que acelera a seleção genética. Os estudos acompanharam um rebanho de 500 animais por dois anos e foi possível confirmar a resistência às verminoses por meio da contagem de ovos nas fezes. Mesmo naqueles com infecção mais elevada em relação à média, não houve quadro de anemia, o que faz com que o criador da raça poupe recursos na aplicação de medicamentos, por exemplo. Com a identificação dos animais mais resistentes dentro deste rebanho, os pesquisadores utilizaram marcadores moleculares para facilitar o melhoramento genético da raça e chegar até reprodutores e matrizes que possam multiplicar a característica.
“A ideia é utilizar uma metodologia semelhante em bovinos Nelore. Está acontecendo toda esta questão da resistência parasitária é que está se acentuando bastante em bovinos. As pesquisas estão se voltando para buscar o melhoramento genético dos indivíduos baseado na resistência aos parasitas, então se você tem animais mais resistentes você vai vermifugar menos , vai ter menos resistência”, justificou Ana Carolina.
E o estudo pode trazer impactos significativos para a pecuária brasileira. “O produtor não vê o verme, então ele acha que não tem problema, mas tem estudos que dizem que os bovinos podem perder até 45 kg de peso por ano devido à verminoses. Quando ela não é tratada, quando o animal não é adequadamente tratado, pode ocorrer de 10% a 30% de mortes em função da verminose em bovinos de corte”, alertou a pesquisadora.
“Então a tendência é esta, buscar por meio do melhoramento genético selecionar os indivíduos mais resistentes e fazer com que seus filhos, todo o rebanho possa ser selecionado para resistência aos parasitas”, projetou Ana Carolina.
“A ideia é transferir este potencial genético do gado de elite para rebanhos comerciais parceiros, então toda a cadeia produtiva do setor de carne vai ser beneficiada porque nós vamos conseguir transferir este potencial do animal, que já vai ser avaliado para estas características, paro setor direto comercial”, avaliou a zootecnista, mestre em genética e melhoramento animal e doutora em zootecnia Patrícia Tholon, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste.
Veja pelo vídeo abaixo a reportagem completa da série Embrapa em Ação: