A partir desta sexta, dia 20 de março, tem início a estação do outono, que para boa parte do Brasil marca o começo da entressafra da pecuária de corte. Com a diminuição das chuvas, as pastagens começam a perder seu valor nutritivo e é quando os bovinos precisam ser suplementados. Mas os pecuaristas que fazem a lição de casa e fornecem complemento na dieta dos bois precisam ter um cuidado extra no manejo nutricional: barrar o acesso dos cavalos da tropa aos piquetes dos bovinos.
Foi o que alertou ao Giro do Boi desta quinta, 19, o médico veterinário e consultor especialista em equinos Ricardo Moraes. “Principalmente a gente vai entrar agora no período de estiagem. Amanhã (20) é outono. Então os nutrientes começam a diminuir na pastagem, requerimentos começam a aumentar e aí é uma fase que, se o pecuarista começa a utilizar muito os proteicos, estes proteico energéticos e alguns suplementos contém aditivos que não são próprios para cavalos. E que são letais para cavalo, como é o caso da monensina. Não é interessante usar um sal proteinado de gado de corte para cavalos que contenha este aditivo porque mata, é letal”, frisou.
Segundo Moraes, o ideal é separar sempre os cavalos da tropa dos lotes de gado. “Vai prolongar a vida deles”, resumiu. Desta forma é possível para o produtor fornecer o capim correto, a ração e o sal específicos para atender as demandas da espécie.
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O consultor listou ainda dicas para a formulação correta da dieta para a alta performance de um equino. “Eu tenho que olhar que idade este cavalo tem, qual seu estado fisiológico, qual a raça e o que este cavalo faz, qual a atividade física”, revelou.
O veterinário explicou que as exigências nutricionais dos cavalos mudam conforme sua idade. “Eu não posso fazer a mesma dieta para um cavalo de esporte e para um potro que está mamando no pé da mãe, ou um potro desmamado. O potro que está mamando tem um requerimento e o potro quando já desmamou também tem outro requerimento”, destacou.
O escore corporal dos cavalos também indica quais são seus requerimentos, e que também impactarão na formulação da dieta entre proteína, energia, vitaminas, macro e micro minerais e água.
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A raça também é um componente importante na hora de formular a dieta. Conforme ilustrou Moraes, um cavalo Quarto-de-milha deixa de ser potro aos 24 meses, enquanto um Mangalarga Marchador somente se transforma de potro em adulto aos 36 meses. A diferença se dá pelo tempo de fechamento de placas de ossos chamadas epífises, que marcam a passagem para a vida adulta do cavalo. Ou seja, enquanto um Quarto-de-milha vai receber uma dieta de potro até seus dois anos de idade, um Mangalarga Marchador deve ser tratado como um potro até os seus três anos de idade.
Moraes alertou que um dos erros mais comuns dos criadores na alimentação dos equinos está no exagero, ou seja, na superalimentação. Isto acarreta naquele que é o principal motivo de morte dos equinos nas fazendas, conforme disse o consultor: as cólicas.
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O consultor colocou seus contatos à disposição de produtores em busca de mais detalhes, seja pelo e-mail [email protected] ou pelo seu perfil de Instagram, @ricardo.moraes.vet.
Veja a entrevista completa com Ricardo Moraes: