Na previsão do tempo desta sexta-feira, dia 23 de abril, o meteorologista e doutor em ciência ambiental pela USP Marcelo Schneider, coordenador regional do Inmet, o Instituto Nacional de Meteorologia, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, respondeu dúvida de um telespectador, Márcio Fagundes que perguntou se as chuvas do Matopiba vão ficar na média em 2021 na comparação com 2020.
“A perspectiva em relação ao ano passado é melhor. Ano passado teve chuvas abaixo numa boa área do Matopiba. Apenas algumas áreas mais a oeste da Bahia e extremo-sul do Maranhão tiveram chuva acima do normal e a tendência, a gente vê em função do final do La Niña, pois tem resquício ainda de La Niña, já está indo para uma situação de neutralidade. Águas ligeiramente aquecidas do Oceano Atlântico dão bom indicativo. Aqui é previsão de maio mostrando as áreas azuladas ao norte do Piauí e centro-norte do Maranhão, principalmente. Apenas essa área aqui do Piauí, a parte central, que deve ter chuvas um pouco abaixo. Na região de Luís Eduardo Magalhães e extremo-sul do Maranhão, anomalias positivas. […] Então próximo aqui à região central do Piauí, anomalias um pouco mais negativas. […] Em termos de temperatura, aquela região também próxima da neutralidade”, esclareceu.
Confira os tópicos abordados pelo meteorologista na previsão desta sexta:
PANORAMA
“Essa área de instabilidade que vem avançando próximo ao Paraguai e norte da Argentina deve atingir Mato Grosso do Sul e também estados do Sul do Brasil entre esta sexta e sábado, como a gente vai ver na previsão”.
“As áreas mais secas que a gente tem que prestar atenção nessas semanas são no interior de São Paulo e principalmente Mato Grosso do Sul que, aliás, deve ser beneficiado em algumas áreas, principalmente do centro, Pantanal e sul do estado”.
“Tem uma mudança importante nesses próximos dias, a chamada oscilação de Madden-Julian, que é uma área de instabilidade que cruza o globo num período de 30 a 60 dias, ela está mais ou menos com 40 dias nessa fase. A fase ativa vai provocar instabilidade, permanecendo nesses próximos dias na área mais Central e Norte do País e, ao mesmo tempo, fazer com que as duas próximas frentes frias e instabilidades cruzem mais rapidamente a região Sul e Centro do Brasil. Então vamos ter uma chuva antecipada neste final de semana em algumas áreas do Centro-Sul, mas logo depois ela se desloca rapidamente para a Região Norte. E, na semana seguinte, já na virada do final de abril para maio, tem uma massa de ar polar um pouco mais forte do que essa que vai entrar no final de semana. Esta, sim, com uma intensidade um pouco mais forte provocada pela passagem de Madden-Julian”.
“Nos próximos dias, a umidade ainda segue pelo menos até sexta e sábado na área mais ao Norte do país e essa área de umidade vai provocar aumento da instabilidade no setor Oeste. Tem uma perspectiva, […] mostrando ciclone em alto-mar, ele se desloca um pouco mais para o Sul nesta sexta e depois volta para alto-mar, no Oceano Atlântico no final de semana”.
FRENTE FRIA
“Final de semana com passagem de frente fria, então aquela chuva que a gente falava, primeiro de noroeste vinda da Argentina por causa da frente fria, deve atingir algumas áreas do norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e principalmente algumas áreas do Paraná neste domingo. E para quarta-feira já mostra que o sistema passa, a instabilidade fica ao Norte do País”.
PRECIPITAÇÕES
“Deve ter uma chuva antecipada nas missões, parte do oeste do Paraná, Santa Catarina, Pantanal, principalmente à noite deve ter alguma pancada de chuva mais forte com trovoadas. E durante o sábado esse sistema se desloca rapidamente, já se desloca ao norte do Rio Grande do Sul, mas pega Paraná, algumas áreas de Santa Catarina e São Paulo. Mato Grosso do Sul com pancadas de chuva irregulares, essas chuvas devem beneficiar várias culturas, principalmente o milho safrinha, que tem sido alto de estiagem nessas últimas semanas, quando tem tido pouca chuva. Depois daquela chuva de janeiro e fevereiro, não teve muita precipitação no Centro-Sul do Brasil. Então essa umidade se desloca rapidamente e, a partir de domingo e segunda-feira, ela retorna mais ao Norte do País. […] Tem mapas de tempestade mostrando que entre a sexta e sábado há uma tendência desta área de Mato Grosso do Sul e oeste da Região Sul, principalmente na virada de sexta para sábado, de ter alguma instabilidade”.
TEMPERATURAS
“Tem a chegada de uma massa de ar frio, ela é de média intensidade. A partir do domingo ela provoca queda mais pronunciada da temperatura e tem chance de geada, geada fraca ainda sexta e sábado só no alto da serra de Santa Catarina. E terça, quarta e quinta da próxima semana, já de fraca intensidade, pegando algumas áreas mais do Planalto Sul Catarinense, Serra Gaúcha, talvez a Campanha, na divisa com Uruguai”.
“Entre os dias 24 a 27, então, tem essa passagem de massa de ar frio, que provoca queda nas temperaturas e, aí sim, massa de origem polar um pouco mais forte de intensidade passa ao final do mês de abril, mas principalmente a partir do dia 2, 3 a 5 de maio, provocando queda mais acentuada na temperatura e um risco maior de geada para a área Centro-Sul do Brasil”.
“A gente acaba também mostrando aqui mapas de maio. As temperaturas no Sul do Brasil próximas à normalidade ou ligeiramente abaixo. Elas devem ter forte oscilação e essa Região Sudeste que deve chamar atenção. Parte do Sudeste, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais devem ter temperaturas abaixo do normal”.
ACUMULADO DE CHUVAS
“Entre quinta e domingo fica na metade mais norte, pegando Recôncavo na Bahia, principalmente nesta sexta-feira. Vai ter acumulados de chuva nessa região passando dos 50, algumas áreas até 100 mm. Volta a ter precipitações intensas no Norte, não tão intensas como a semana passada, mas continuam os volumes acima de 50, 80 mm ao Norte do País. E a instabilidade que a gente mencionou, volumes talvez de 30, 40 a 50 mm em parte de Mato Grosso do Sul e também entre Santa Catarina, Paraná e São Paulo”.
“Dessa quinta até a quarta-feira que vem, dia 28, as chuvas passam dos 100, 150 mm na parte da Amazônia, no Pará, também algumas áreas da Bahia e Tocantins”.
“Semana que vem tem uma frente fria então entre domingo e segunda-feira – o ciclo das frentes é de uma semana. Deve provocar alguma chuva passageira de caráter isolado entre o Rio Grande do Sul e o Paraná e depois São Paulo, mas não deve ser muita intensidade porque ela vai passar muito rápido. Continua umidade mais concentrada na metade norte do país”.
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Foto: Reprodução / Secom-TO