Vaca vazia: quanto custa e qual o melhor destino?

Consultor respondeu a um telespectador quanto custa manter a vaca vazia e suas variáveis, além de apresentar as alternativas sobre o que fazer com a categoria

Em entrevista ao Giro do Boi, o zootecnista Rodrigo Patussi, sócio-diretor da Terra Desenvolvimento, respondeu a um questionamento sobre vaca vazia. A pergunta veio do técnico agrícola Alisson Viana, de Itapetinga-BA: qual o custo desta categoria e o que se deve fazer com ela?

Segundo o zootecnista, é preciso especificar de que tipo de vaca vazia vem este custo. “A gente precisa entender o seguinte. É sobre o custo de uma vaca que ficou vazia ao longo do tempo dentro da fazenda? Ou o custo daquela vaca a partir do momento que ela é considerada descarte dentro daquele processo produtivo?

Por exemplo, se a intenção é descobrir o custo de uma vaca que estava com bezerro ao pé e ficou vazia, o ideal é entender o custo por cabeça ao mês. “Normalmente a gente usa o custo/cabeça/mês, que é quanto eu gastei dentro daquela propriedade, quanto eu tive de desembolso ou de custeio, dividido pelo rebanho médio, dividido por 12 meses. Quando eu tenho esse custo, já fica mais fácil eu fazer essa conta. Mas como uma vaca está muito mais próxima a uma unidade-animal do que exatamente a uma cabeça, então eu faço um ajuste nisso e transformo ao invés de custo por cabeça/mês, o custo por uma unidade-animal por mês”, revelou.

QUANTO CUSTA A VACA VAZIA?

Conforme destacou Patussi, no último benchmarking do qual a Terra Desenvolvimento participou, o custo por cabeça ao mês girou em torno de R$ 46,00. “Quando eu passo isso para unidade animal […] isso vai chegar na ordem dos seus R$ 65,00 a R$ 66,00 por unidade animal. Então, teoricamente, uma vaca de descarte teria que custar aproximadamente R$ 66,00 por mês dentro da fazenda.

VARIÁVEIS

Além disso, este custo pode variar conforme a necessidade de mais ou menos suplemento e do tempo que esta vaca vazia fica dentro da porteira. “Por exemplo, para eu ter uma estação de monta mais adequada, com mais nascimentos do bezerro cedo, os bezerros são desmamados para depois a vaca ser colocada no descarte. Então, se eu desmamo, por exemplo, em maio, aquela vaca tem maio, junho, julho, agosto”, ponderou.

Em outras palavras, continuou Patussi, “no final das águas, início da seca, ela tem uma chance de ficar menos tempo na fazenda pela qualidade de forragem, a velocidade de ganho dela e tudo mais. Quando os bezerros dessa vaca são desmamados em junho ou julho, por exemplo, você entende que essas vacas já entram no período de engorda numa situação de pastagem e qualidade de pasto, de oferta, bem diferente, o que muitas vezes faz com que essas vacas fiquem muito mais tempo na fazenda do que a gente espera”, acrescentou.

Depois disso, o especialista também fez as contas do custo da vaca vazia com a variável do desempenho. “Se ela tem um desempenho em torno de 500 gramas por dia (de ganho de peso), quer dizer que ela vai ganhar em torno de 15 kg por mês. Para que ela coloque uma ou duas arrobas, você vai fazer essa conta. A arroba produzida dela vai sair na casa dos R$ 132,00 a R$ 135,00. Porém, se essa mesma vaca tem um desempenho de 400 gramas por dia, essa arroba no mesmo custo/cabeça/mês vai custar R$ 164,00. Da mesma forma, se ela estiver gastando R$ 66,00 ganhando 600 gramas, essa arroba produzida dela cai para R$ 109,00. Então isso depende muito”, disse.

DESCARTAR OU DAR UMA CHANCE?

Em seguida, Patussi declarou que descartar a vaca vazia ou manter na fazenda até a próxima monta pode ser uma decisão estratégica por conta do mercado, dos custos da reposição ou da qualidade do animal. “Porém, normalmente isso não é usual. A gente prefere realmente liquidar esse animal e colocar um animal mais produtivo nesse processo, principalmente se for um animal mais jovem, que ainda tem ganho de peso”, comentou.

Primordialmente, o consultor disse que é vantajoso descartar a vaca vazia mesmo quando seu custo de engorda quase empata com o preço da arroba. “O período que esse animal passa normalmente vazio dentro da fazenda é um período crítico. […] Então muitas vezes essa vaca está ali consumindo um alimento que seria essencial para um outro animal de recria. Às vezes ela está comendo […] alimento para duas ou três bezerras ou bezerros”, aviso.

Nesse sentido, Patussi disse que o produtor deve pensar no descarte. “Por esse motivo, em alguns momentos, a gente até em alguns projetos, busca uma alternativa diferente para ela. Por exemplo, terminá-la, apesar de produzir uma arroba custando muito mais caro dos que os R$ 130,00 ou R$ 160,00 que eu citei anteriormente, e produzir uma arroba quase ao preço de venda […] e liberar essas pastagens para que outros animais tenham um melhor desempenho”, analisou.

VENDA

Ao mesmo tempo, o pecuarista pode pensar na venda da vaca vazia. “E eu não estou dizendo que isso é pior ou melhor. Cada situação tem a sua particularidade, mas a gente não deve pensar só no custo direto de produção daquele animal. Até porque a gente busca o resultado pela fazenda, pelo negócio. E muitas vezes eu aceito uma conta pior em alguma categoria. Por isso u aceito produzir uma arroba mais cara nesse período dessa vaca e tudo mais em detrimento à produção de uma arroba mais barata de um bezerro, de uma bezerra” comentou.

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+ Qual o custo da vaca vazia e o que é melhor fazer com ela: engordar ou segurar?

Por fim, assista a entrevista completa com Rodrigo Patussi pelo vídeo a seguir: