Uso de aditivo no confinamento reduz em até 20% as emissões de GEE por boi

Estudo sobre impacto do aditivo nas dietas intensivas de engorda está sendo conduzido em novo laboratório de fermentação ruminal e nutrição de bovinos de corte do IZ-SP

Reportagem exibida no Giro do Boi desta quarta, dia 21, mostrou um dos primeiros trabalhos conduzidos no recém-inaugurado Laboratório de Fermentação Ruminal e Nutrição de Bovinos de Corte do Instituto de Zootecnia de São Paulo, o IZ-SP, em Sertãozinho, interior do estado.

A nova estrutura do instituto que é vinculado à Apta, Agência Paulista de Tecnologias dos Agronegócios, da Secretaria de de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, estabeleceu uma parceria público-privada com a JBS para que as análises pudessem ser feitas a partir do desempenho de animais confinados pelo boitel da companhia em Guaiçara-SP.

“Quando a gente idealizou esse laboratório, a gente pensou em como a gente poderia ajudar o produtor a produzir mais, como as nossas pesquisas poderiam chegar até a cadeia produtiva. E aí a gente pensou em delinear e desenvolver esse laboratório para que a gente pudesse entender um pouco mais como os aditivos podem otimizar a fermentação ruminal e, com isso, aumentar a eficiência de utilização dos alimentos e como que essa eficiência de utilização dos alimentos pode melhorar a produção animal, aumentar ganho de peso, a produção de leite e como isso vai chegar até o produtor e otimizar a cadeia produtiva”, destacou a diretora de gestão estratégica da Apta Renata Branco em entrevista à reportagem feita por Yahell Bonfim.

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Branco ressaltou o papel da parceria com instituições privadas para que a pesquisa pública tenha o impacto esperado. “A gente não consegue otimizar a cadeia produtiva e não consegue fazer que as pesquisas cheguem até a cadeia produtiva sem o parceiro. A parceria público-privada é de extrema importância. O nosso objetivo mesmo é que as nossas pesquisas cheguem até a cadeia produtiva. E isso só acontece se a gente tiver a empresa junto”, afirmou.

“Hoje (reportagem gravada dia 15/07, quando o IZ completou seus 116 anos) a gente assina o nosso primeiro protocolo de intenções com uma empresa. A gente assina um protocolo de intenções com a JBS, que é uma das maiores empresas fornecedoras de proteína animal do mundo. Isso para a gente é muito importante porque a gente tem certeza que a nossa pesquisa vai chegar até o produtor, vai melhorar a cadeia produtiva. E fruto dessa assinatura do protocolo, a gente assina o nosso segundo protocolo, que é com a Silvateam. A Silvateam é a empresa que fornece o aditivo. Então é uma necessidade da indústria alimentícia, da indústria que fornece proteína animal, juntando com a empresa que fornece o aditivo”, informou Branco.

O médico veterinário Marcelo Manella, diretor técnico de ruminantes da Silvateam, detalhou como o aditivo atua para melhorar o rendimento dos animais e reduzir as emissões de GEE. “O produto em si é à base de tanino e a gente sabe que ele promove a redução de gases de efeito estufa, tanto que recentemente nós conseguimos uma certificação que chama Carbon Trust, em que ficou certificado que os nossos aditivos reduzem a produção de gases de efeito estufa pelos bovinos, no caso metano e óxido nitroso. […] A gente percebe essa demanda do mercado, por (selos de) carbono neutro e […] hoje nós temos o único aditivo no Brasil com essa certificação”, confirmou Manella.

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“Esse é o nosso objetivo: poder fomentar a cadeia, poder trabalhar para que a cadeia seja melhor, para que emita menos metano, para que a gente consiga utilizar de uma forma muito melhor os alimentos e que a gente consiga principalmente aumentar a produção de proteína animal”, analisou Renata Branco.

“Nós estamos investindo bastante nisso. […] Especificamente na questão do experimento em Guaiçara, nesse período que o animal vai ficar no cocho, em torno de três a quatro meses, […] vai ter uma redução em torno de 15% a 20% de gases que causam o efeito estufa por boi nesse período de engorda. Nós estamos fazendo esse experimento que está sendo rodado”, comentou o gerente de confinamento da JBS, José Roberto Bischofe Filho, em entrevista ao Giro do Boi.

“É importante a gente produzir com qualidade, com responsabilidade social e ambiental. Esse é o futuro e nós estamos empenhados em cada vez mais investir no que tiver de tecnologia de ponta para os boiteis e relacionar isso aos nossos parceiros pecuaristas”, concluiu Bischofe.

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Assista a reportagem completa a entrevista com José Roberto Bischofe Filho no vídeo disponível abaixo: