Em complemento à entrevista de seu colega ao Giro do Boi desta segunda, 14 (veja pelo link abaixo), o também pesquisador da Fundação MT e engenheiro agrônomo Felipe Bertol falou ao Giro do Boi sobre estratégias para reduzir a dependência da importação de fertilizantes pelos produtores rurais.
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Em resumo, Bertol apontou que o produtor deve investir no levantamento de informações. Primeiramente, o histórico de aplicação de adubo nas áreAs, seguido de análise de solo e histórico de produtividade.
TRÊS PILARES
“Nós estamos trabalhando com três pilares. E nada mais é do que um capricho no levantamento de informações para tomar decisões. O que você vem fazendo ao longo dos anos, o que você adubou no sistema produtivo. Depois, onde está pisando, ou seja, qual é o seu solo, o histórico de análise de solo que vem adubando e chegou a um certo patamar. Como isso está acontecendo? E por último, consequentemente, o histórico de produção, que é como se fosse a consequência de todas as nossas ações”, detalhou.
Conforme apontou o pesquisador da fundação de Mato Grosso, com a estratégia de “dinâmica de poupança” é possível diminuir a adubação sem perder desempenho. Em síntese, trata-se de aproveitar os insumo que já estão acumulados no solo ao longo dos anos.
“É aproveitar o investimento que eu fiz ao longo dos anos nesse momento difícil. Isso funciona basicamente para fósforo e potássio. Os outros nutrientes dependem da sua dinâmica, sua necessidade e da sua exportação para o sistema produtivo. Então quanto mais eficiente for o seu sistema em ciclagem de nutrientes, menos dependente você fica do fertilizante”, ponderou.
APLICAÇÃO
Contudo, Bertol ponderou que a estratégia varia de produtor para produtor. “A redução da adubação é para quem pode fazer. Quando eu falo de um solo de baixa fertilidade, eu tenho alguma limitação”, lembrou.
Como as limitações tem diversas causas, como físicas, químicas e biológicas, o produtor depende do levantamento de dados sobre seu solo para tomar a decisão correta.
“Agora, na minha área que eu tenho retenção de água muito boa, aporte de matéria orgânica no meu sistema produtivo com gramíneas e leguminosas e também os níveis de nutrientes altos, muito altos, uma calagem muito bem feita…. Ali, sim, eu posso trabalhar com uma redução, uma estratégia de redução da adubação muito bem estabelecida. Então é mais uma realocação de recursos”, explicou.
CONSUMINDO A POUPANÇA
De acordo com o agrônomo, em certos casos, ao adubar um área, o produtor está mantendo o nível de fertilidade do solo, mas não tem mais produtividade como resultado. Por isso, em alguns períodos ele pode consumir a “poupança” que fez ao longo dos anos. Para tanto, precisa escolher bem o material genético que vai plantar, dos animais, se for o caso de pecuária, e manejo do pasto, por exemplo.
“É uma prática de redução de adubação. E o solo é um sistema vivo e aberto. Portanto, se você fizer essa prática, você tem que monitorar para ver se realmente o seu impedimento é químico ou outro, que faça você depender tanto desses fertilizantes”, comentou.
Em conclusão, para ilustrar a situação, o especialista citou o exemplo da adubação feita na safra passada para a soja em Mato Grosso. Pelas intempéries, os produtores colheram abaixo do esperado. Entretanto, a adubação foi feita e ficou em reserva no solo. “Algumas regiões sofreram muito mesmo com a seca, mas eu adubei para colher 60 sacos. Então por que nessa safra eu não posso reduzir a adubação? Os outros 20 sacos de soja que eu perdi não foram exportados, eles estão ali ainda. Dinâmica parecida pode ser feita com o gado. Então tem algumas lógicas que a gente pode utilizar”, projetou.
Por fim, assista a entrevista completa com Felipe Bertol sobre estratégias para reduzir o uso de fertilizantes nas lavouras e pastagens:
Foto ilustrativa: Reprodução / Fundação MT