Tem problema deixar o cachorro entrar no bebedouro de água do gado?

Veterinário pediu que pecuarista não coloque nenhuma proteção de acesso ao bebedouro, o que pode prender animais silvestres e os próprios bovinos dentro da estrutura

O campeiro deve prevenir o cachorro companheiro de lida de entrar na pilheta do gado? O pecuarista deve indicar a instalação de algum tipo de proteção para evitar que tanto o cão quanto animais silvestres acessem as estruturas que fornecem água para o rebanho?

O médico veterinário Fernando Loureiro esclareceu essas dúvidas em participação no programa desta sexta-feira, dia 04, atendendo o telespectador Jerônimo David Dias de Campos, de Novo São Joaquim-MT

Jerônimo, deixe o cachorro entrar na água! O cachorro vai a campo junto com os peões, junto com os campeiros e ele sente bastante calor, ainda mais aí no Mato Grosso, nos meses de primavera e verão, quando é bastante quente e o animal nem sempre tem acesso a beber água sem que ele entre no bebedouro. O bebedouro muitas vezes é alto para o cachorro, então ele acaba pulando lá dentro, ele se refresca, ele se molha todo e ele vai beber a água nesse momento e se refrescar”, tranquilizou Fernando.

O especialista disse que, no fim das contas, o cachorro pode até facilitar o campeiro a fazer a leitura de bebedouro. “Ele acaba levantando a sujeira do fundo, o que se torna bom porque dá pra ver aquela sujeira que está sedimentada no fundo quando ela é mexida. Então ela precisa ser retirada do bebedouro. Ele lavar, limpar o bebedouro, tirando a sujeira de dentro. E o cachorro não vai levar tanta sujeira assim só por ele pular lá dentro”, confirmou.

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O veterinário informou que além do cachorro, outros animais terão acesso ao bebedouro. Nesse caso, o produtor deve, ao invés de restringir a passagem, prevenir que os animais entrem e fiquem presos até se afogar. “Tem a questão de todos os outros animais silvestres. Anta entra dentro do bebedouro, cervos entram também, o lobinho, que é um canídeo também. Algumas fazendas vão ter problemas com capivara, com aves, como o carcará, a garça, o tatu. Esses animais entram dentro do bebedouro e muitas vezes não conseguem sair. Esse sim é o problema!”, fez o alerta.

Fernando recomendou que o pecuarista faça instalação de estruturas na parte interna do bebedouro que ofereçam uma saída para os animais que entrarem lá e não conseguem sair. “Então quanto mais livre o acesso, melhor. Você pode até instalar dentro do bebedouro uma armação em V com algumas tábuas, algumas ripas para facilitar que esses pequenos animais achem esse meio de saída e consigam pular para fora. O importante é evitar que os animais fiquem presos dentro do bebedouro e que venham a óbito, venham a morrer lá dentro, incorrendo em risco para a saúde dos bovinos”, acrescentou.

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As proteções que os produtores eventualmente usam para evitar o acesso de alguns animais do bebedouro pode causar problemas graves inclusive para os próprios bovinos, advertiu o veterinário.

“Essas proteções acabam aprisionando bovinos lá dentro também. Bois, novilhas, garrotes, bezerros…. Se eles ficarem presos dentro do bebedouro – e a gente já abordou esse tema aqui em outra ocasião – o risco é muito grande de não achar os animais a tempo e eles ficarem se debatendo, querendo sair ou muito cansados, acabam cedendo e morrendo afogados dentro do bebedouro, o que seria um transtorno muito maior. Então na nossa recomendação, o bebedouro deve ser o mais aberto possível, com fácil acesso e possivelmente construindo dentro dele uma forma de os animais acharam o seu meio de fuga para que se ele cair ali dentro, ele consiga sair”, sustentou.

Pecuarista deve tomar cuidado para que eventuais restrições de acesso ao bebedouro não se tornem armadilhas para os animais.

“Essa é a nossa dica. Não precisa prevenir o cachorro de entrar. Para tirar a sujeira que ele leva para dentro, a gente recomenda que o bebedouro seja lavado com frequência de pelo menos uma vez por semana, que assegura que ele esteja sempre limpo, servindo uma água limpa para o gado beber e trazer benefícios para a produção, para o ganho de peso dos animais”, concluiu.

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Veja a resposta completa de Fernando Loureiro: