A tecnologia na pecuária não para de evoluir, e a mais recente inovação promete ser um divisor de águas para a reprodução bovina: um método capaz de identificar se uma vaca ficará prenha antes mesmo de ser inseminada. Assista ao vídeo abaixo e confira essa incrível novidade.
Em uma entrevista exclusiva, Gustavo Macedo, doutor em medicina veterinária e professor da UFMS, explica como essa técnica, que une espectroscopia de infravermelho e inteligência artificial, pode otimizar os programas de inseminação artificial (IA), trazendo ainda mais eficiência para a cadeia produtiva.
Essa descoberta, desenvolvida em parceria entre o Instituto de Física (Infi) e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (Famez) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), oferece benefícios expressivos.
Além da eficiência na estação de monta, o método promove ganhos no índice de prenhez, padronização do rebanho e redução dos custos de produção.
“Saber de antemão se a vaca ficará prenha nos permite focar nos animais de alto potencial, otimizando o uso de recursos e o tempo na fazenda”, destaca Gustavo.
Espectroscopia infravermelha: o “raio-x” do sangue bovino
O processo é realizado através de análises de amostras sanguíneas, coletadas antes da IA. Por meio de espectroscopia de infravermelho, é possível mapear uma “impressão digital” do sangue que revela a fertilidade do animal.
Segundo Gustavo, o método atinge uma precisão de 100% na identificação de vacas que terão uma gestação bem-sucedida. Esse avanço representa uma revolução no campo, permitindo que os produtores se concentrem nos animais de melhor desempenho reprodutivo, evitando inseminações desnecessárias e economizando recursos.
“A ideia é como um ‘raio-x molecular’. Com ele, conseguimos saber mais sobre a saúde e a fertilidade do animal, tudo através do sangue. É como se lêssemos o futuro da reprodução bovina”, explica o professor.
Pecuária mais sustentável e competitiva
O impacto dessa tecnologia vai além da eficiência reprodutiva. Com essa inovação, os produtores terão menos desperdício e poderão reduzir o rebanho necessário para alcançar a mesma produção de carne e leite, o que resulta em práticas mais sustentáveis e um preço de mercado mais competitivo.
Além disso, o método auxilia na redução do uso de antibióticos e contribui para uma pecuária de menor impacto ambiental, com menos emissão de carbono.
Para Gustavo Macedo, o avanço representa uma união promissora entre a física e a medicina veterinária, que trabalha em prol de uma produção pecuária mais eficiente, sustentável e alinhada com as demandas atuais do setor.
A técnica ainda está em fase de experimentação, mas as expectativas são altas, e os próximos passos incluem buscar parcerias para a implementação prática da tecnologia.
Avanço científico e reconhecimento internacional
O método já foi publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, e conta com um pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O grupo de pesquisa, que inclui estudantes e professores de diversos departamentos da UFMS, tem expectativas positivas para o impacto econômico e social dessa inovação.
“Estamos abrindo caminho para uma nova era na reprodução animal. Esta é uma conquista que mudará a forma como olhamos para a produtividade e a sustentabilidade na pecuária brasileira”, conclui Gustavo.
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