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Sindi resistente ao calor recebe registro genético no Semiárido

Rebanho Sindi da Embrapa ganha chancela de pureza de origem e reforça papel estratégico da raça adaptada ao clima seco

Sindi resistente ao calor recebe registro genético no Semiárido
Sindi resistente ao calor recebe registro genético no Semiárido

Um passo importante para a pecuária adaptada ao clima seco foi dado no Nordeste. A Embrapa Semiárido, em Pernambuco, conquistou o registro de Pureza de Origem (PO) para seu rebanho da raça Sindi, um dos mais adaptados às condições do Semiárido brasileiro.

A certificação, concedida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), atesta a qualidade genética dos 91 animais da unidade e permite sua utilização em programas de conservação, melhoramento e comercialização de material genético certificado.

Reprodutores PO da raça Sindi em área de pastagem. Foto: Marcelino Ribeiro/Embrapa Semiárido
Reprodutores PO da raça Sindi em área de pastagem. Foto: Marcelino Ribeiro/Embrapa Semiárido

Com o registro, a Embrapa passa a disponibilizar ao mercado sêmen, embriões e animais vivos com chancela oficial, o que representa um avanço para pecuaristas que buscam raças resistentes ao calor e de boa conversão alimentar.

Gado Sindi: adaptado ao clima e pronto para produzir

O pesquisador Rafael Dantas, responsável pelo Núcleo de Conservação da Raça Sindi. Foto: Fernanda Birolo/Embrapa Semiárido
O pesquisador Rafael Dantas, responsável pelo Núcleo de Conservação da Raça Sindi. Foto: Fernanda Birolo/Embrapa Semiárido

Originário do Paquistão, o gado Sindi é pequeno, rústico e exige menos alimentação. Ele consegue produzir carne e leite mesmo em áreas degradadas, com escassez de pasto e água.

“Esse animal pasteja onde outras raças não conseguem. Sua rusticidade é estratégica diante das mudanças climáticas”, destaca o pesquisador Rafael Dantas, da Embrapa.

A conquista só foi possível graças a uma articulação entre a Embrapa, a ABCSindi (Associação Brasileira dos Criadores de Sindi) e a ABCZ.

“Com o registro, poderemos socializar esse material por meio da venda de sêmen, embriões e animais vivos, todos com certificação genética”, explica Dantas, responsável pelo Núcleo de Conservação da Raça Sindi.

Certificação rigorosa e valorização genética

O conselheiro da ABCZ José Kléber Calou Filho. Foto: Fernanda Birolo/Embrapa Semiárido
O conselheiro da ABCZ José Kléber Calou Filho. Foto: Fernanda Birolo/Embrapa Semiárido

O registro PO exige rastreabilidade total, incluindo exames de DNA e comprovação da genealogia dos animais. Parte do rebanho foi registrada pelo rito tradicional, com pai e mãe conhecidos.

Já outro grupo passou pelo processo de resgate genético, com análise de DNA para reconstituir a origem.

“Essa foi a etapa final. Agora o rebanho é todo registrado como PO e, daqui para frente, todos seguem o rito normal”, afirma Dantas.

Esse rigor técnico assegura a identidade racial e a adaptabilidade, elementos essenciais para o Semiárido e outras regiões do Brasil.

Segundo o conselheiro da ABCZ, José Kléber Calou Filho, a iniciativa beneficia toda a pecuária nacional.

“Ganha não só o Semiárido, mas o país inteiro. O Sindi está crescendo e essa genética é um diferencial para quem quer desempenho com rusticidade”, diz.

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Tradição e ciência unidas pela conservação

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba. Foto: Fernanda Birolo/Embrapa Semiárido
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba. Foto: Fernanda Birolo/Embrapa Semiárido

O rebanho da Embrapa tem linhagem direta dos animais importados do Paquistão em 1952, mantido como rebanho fechado desde 1996.

Além do trabalho de campo, o material genético também está armazenado em um banco de germoplasma da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, no DF.

Esses animais são utilizados em pesquisas sobre nutrição, sanidade e cruzamentos, com foco em melhorar a produtividade de rebanhos locais.

“Estamos garantindo que as futuras gerações tenham acesso a uma genética adaptada às novas realidades do campo”, conclui Dantas.

Para o criador e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba, o Sindi é um gado completo.

“Se ele vai bem no Semiárido, vai melhor ainda no Sul e no Sudeste. É um animal milenar que precisa ser preservado.”

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