Manter a sanidade do rebanho em confinamento é essencial para garantir o máximo desempenho dos animais e evitar perdas que podem comprometer até 40% do ganho médio diário (GMD).
No Feedlot Summit Brazil, um dos maiores eventos técnicos sobre terminação intensiva no país, o médico-veterinário e consultor Anderson Batista destacou as principais enfermidades que afetam os bovinos confinados e explicou as estratégias fundamentais para mitigar os impactos sanitários na engorda de cocho.
Principais desafios sanitários no confinamento
Independentemente da época do ano, os bovinos confinados enfrentam desafios sanitários recorrentes, que impactam diretamente o desempenho zootécnico e a rentabilidade do sistema. Entre as doenças mais comuns, destacam-se:
- Fraturas – Representam cerca de 20% das perdas no confinamento. Podem estar relacionadas a falhas no manejo, mistura de lotes, transporte inadequado e até horários de trato. A adoção de um checklist rigoroso para monitoramento de fraturas e identificação das causas pode reduzir significativamente esse problema.
- Doenças respiratórias (pneumonia e complexos infecciosos) – São frequentes no período seco do ano e agravam-se com a presença de poeira e más condições de transporte. Estratégias como descanso adequado dos animais na chegada ao confinamento, hidratação e vacinação preventiva são fundamentais para reduzir a incidência.
- Problemas locomotores e de casco – Durante o período chuvoso, o excesso de lama nos currais prejudica a locomoção do gado, aumentando os casos de lesões e infecções bacterianas, que podem comprometer até 20% do desempenho dos animais.
- Clostridioses e doenças metabólicas – O manejo inadequado da alimentação pode desencadear distúrbios como acidose e timpanismo. O alinhamento entre sanidade e nutrição é indispensável para evitar problemas metabólicos que afetam o crescimento e a conversão alimentar.
- Corpos estranhos no trato digestivo – O hábito exploratório dos bovinos pode levar à ingestão de grampões, pregos e fios de aço de pneus usados na cobertura de silos, resultando em óbitos inesperados. Programas de inspeção rigorosa e uso de ímãs para capturar resíduos metálicos no cocho são medidas preventivas eficazes.
Protocolos sanitários para mitigar riscos e otimizar a produtividade
Para reduzir a morbidade e manter o alto desempenho no confinamento, a adoção de protocolos sanitários bem estruturados é essencial. Segundo Anderson Batista, as fazendas mais eficientes seguem rotinas bem definidas, que incluem:
✅ Transporte e chegada dos animais – Viagens longas geram estresse e comprometem a imunidade dos bovinos. O ideal é garantir descanso adequado, reidratação e acesso a piquetes de recepção antes da vacinação.
✅ Vacinação estratégica – O protocolo básico inclui:
- Vacinas contra clostridioses e botulismo
- Vacinas para doenças respiratórias
- Aplicação de vermífugos injetáveis ou orais
✅ Manejo nutricional e prevenção de doenças metabólicas – A interação entre veterinários e nutricionistas é fundamental para avaliar ingredientes da dieta, horários de trato e qualidade do cocho.
✅ Monitoramento e necropsia – A análise de animais que vêm a óbito permite identificar causas reais dos problemas sanitários, evitando diagnósticos errados que levam a tratamentos ineficazes.
✅ Treinamento da equipe – A capacitação dos manejadores garante maior eficiência na detecção precoce de doenças, evitando perdas desnecessárias.
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Confinamento na época das águas exige atenção redobrada
No período chuvoso, o excesso de umidade cria um ambiente propício para infecções e comprometimento da locomoção do gado.
Além disso, as estradas dentro da fazenda podem se tornar intransitáveis, impactando a logística do trato e o fornecimento regular de alimentos.
Para evitar prejuízos, algumas estratégias podem ser adotadas:
✔️ Drenagem eficiente dos currais para evitar acúmulo excessivo de lama
✔️ Uso de cobertura nos cochos para evitar fermentação de alimentos
✔️ Rotinas rigorosas de inspeção sanitária para identificar precocemente sinais de doenças
Sanidade e nutrição andam juntas para um confinamento eficiente
De acordo com Batista, uma nutrição bem planejada reduz significativamente os desafios sanitários. Animais que passam por um período de adaptação adequado respondem melhor às vacinas e têm menor risco de problemas respiratórios e metabólicos.
A chave para o sucesso na terminação intensiva está na combinação de manejo sanitário eficiente, protocolos nutricionais bem calibrados e um acompanhamento constante da saúde dos animais.
Com essas práticas, é possível garantir melhor desempenho, maior ganho médio diário e rentabilidade mais previsível para os confinamentos brasileiros.
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