SANIDADE ANIMAL

Resíduos de medicamentos veterinários na carne bovina: entenda seus impactos

Uso indevido e falta de atenção à bula colocam exportações e reputação da pecuária em risco, alerta especialista do Sindan. Assista ao vídeo

Resíduos de medicamentos veterinários na carne bovina: entenda seus impactos
Resíduos de medicamentos veterinários na carne bovina: entenda seus impactos

A presença de resíduos de medicamentos veterinários na carne bovina voltou a preocupar o setor pecuário brasileiro, especialmente após a desabilitação de três frigoríficos pela China, o maior comprador da nossa carne. O motivo? Alta concentração de fluazuron, um princípio ativo comum no combate a carrapatos, mas que exige respeito ao período de carência antes do abate. Assista ao vídeo abaixo.

O alerta foi reforçado pelo médico-veterinário Emílio Salani, vice-presidente executivo do Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal), em entrevista ao Giro do Boi.

O problema é recorrente — e tem solução

Veterinários cuidando de bezerro na fazenda. Foto: Divulgação
Veterinários cuidando de bezerro na fazenda. Foto: Divulgação

Segundo Salani, o Brasil já foi advertido diversas vezes por países da Ásia, Estados Unidos e União Europeia quanto aos resíduos na carne. A questão central é o não cumprimento do período de carência — intervalo obrigatório entre a aplicação do medicamento veterinário e o envio do animal para abate.

Não é falta de produto ou tecnologia, é falta de atenção e conscientização. Basta seguir a bula. Está tudo ali”, reforçou Salani.

Fluazuron, ivermectina e outros riscos

Dois princípios ativos concentram os maiores problemas de resíduos na carne exportada: fluazuron e ivermectina. Ambos são amplamente utilizados, mas têm carências variáveis:

  • Fluazuron puro: 30 dias de carência.
  • Fluazuron com outros ativos: pode chegar a 100 ou 120 dias.
  • Ivermectina 1%: 30 dias.
  • Ivermectina de alta concentração (3,15% ou 4%): até 90 ou 120 dias.

“O mesmo princípio ativo pode ter dois períodos de carência diferentes, dependendo da concentração. Isso precisa ser entendido pelo produtor e por toda a equipe da fazenda”, alertou o especialista.

Impactos diretos nas exportações

Detalhe de cortes de carne bovina. Foto: Divulgação
Detalhe de cortes de carne bovina. Foto: Divulgação

O caso mais recente, que resultou na suspensão de frigoríficos em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, causou prejuízos econômicos e reputacionais.

A China, responsável por mais da metade das exportações de carne bovina brasileira, exige rígido controle de resíduos.

Além da China, outros países da Ásia e Europa estão monitorando com rigor a qualidade da carne que importam.

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O papel do pecuarista e da equipe de campo

Para Salani, o problema muitas vezes ocorre por falta de comunicação entre o vaqueiro e o gestor da fazenda.

O funcionário aplica um medicamento, e o responsável pela venda não é informado. Quando o animal é enviado para abate antes do tempo correto, o resíduo aparece.

O que fazer:

  • Leia o rótulo e a bula do medicamento.
  • Adote protocolos de manejo sanitário, com orientação de um médico-veterinário.
  • Anote a data da aplicação e respeite o período de carência.
  • Evite improvisos. Há medicamentos com carência de apenas 7 a 14 dias, adequados para emergências.
  • Prefira produtos com menor concentração, que geralmente têm preço mais acessível e carência menor.

Responsabilidade coletiva

Técnico veterinário no preparo para a vacinação do rebanho. Foto: Wenderson Araujo/CNA
Técnico veterinário no preparo para a vacinação do rebanho. Foto: Wenderson Araujo/CNA

Com a possível certificação do Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação, prevista para maio, a exigência internacional será ainda maior.

A responsabilidade agora é manter vigilância e boas práticas para aproveitar os novos mercados que se abrem.

“O pecuarista brasileiro fez sua parte ao vacinar e cuidar do rebanho. Agora, não pode perder acesso ao mercado por negligência no uso de medicamentos”, concluiu Salani.

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