
A dúvida do produtor Fernando Fonseca, da Fazenda Alexandrino Fonseca, em Buritis (MG), foi o tema do quadro Giro do Boi Responde desta quarta-feira (16). Ele relatou que cultiva quatro hectares irrigados com plantio direto sobre o capim, onde o gado pasteja sem o uso de químicos, e quer saber se pode arar o solo ou se deve continuar com o plantio direto. Assista ao vídeo abaixo e confira as recomendações detalhadas.
Quem respondeu foi o engenheiro agrônomo André Figueiredo, mestre em Genética e Melhoramento de Plantas. E a resposta é: depende das condições do solo.
Quando o arado pode ser necessário

Segundo o especialista, dois fatores principais devem ser avaliados antes de tomar qualquer decisão:
1. pH muito ácido do solo
Se o pH estiver abaixo do ideal, principalmente na camada de 0 a 20 cm, é importante incorporar calcário em profundidade, o que só é possível com o revolvimento do solo. Isso prepara o terreno para, futuramente, adotar o plantio direto com mais eficiência.
“Não adianta começar o plantio direto em um solo com pH ácido e deficiências nutricionais severas. Ele não terá sustentabilidade no longo prazo”, explica Figueiredo.
2. Compactação severa
Solos muito compactados, com formação de pé de grade, também exigem descompactação mecânica, e o arado pode ser indicado nesse cenário. A avaliação pode ser feita com um penetrômetro, ferramenta disponível com técnicos agrícolas da região.
Quando manter o plantio direto?

Se o pH do solo estiver corrigido e não houver compactação significativa, a manutenção do plantio direto é a melhor escolha. Isso porque revolver o solo traz riscos importantes, como:
- Erosão, especialmente com chuvas fortes e irregulares;
- Perda de matéria orgânica, pela oxidação acelerada com o revolvimento;
- Desestruturação do solo, comprometendo a atividade biológica e a conservação da umidade.
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Manejo ideal: foco na matéria seca e matéria orgânica

Para que o plantio direto funcione bem, o agrônomo reforça a importância de adicionar entre 8 e 12 toneladas de matéria seca por hectare ao ano. Essa cobertura vegetal contribui para:
- Aumento da matéria orgânica do solo;
- Melhoria da estrutura física e da vida microbiana;
- Manutenção de um solo fértil e produtivo.
Conclusão

A decisão entre arar ou não arar deve ser baseada em dados técnicos do solo.
Em áreas irrigadas e integradas com pastagens, como a do produtor Fernando, o plantio direto é a melhor opção, desde que o solo esteja bem corrigido, não compactado e manejado com alta cobertura vegetal.
“Plantar sem revolver o solo é preservar. Mas é preciso garantir que esse solo esteja pronto para sustentar o sistema”, finaliza André Figueiredo.
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