
A morte de gramíneas em pastagens tem tirado o sono de pecuaristas em várias regiões do Brasil Central, especialmente em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e até em estados do Nordeste e Norte.
O fenômeno, que já ocorre há pelo menos seis anos, ganhou novos contornos em 2024, agravado pela seca severa. Fazendas inteiras relatam pastos completamente mortos, mesmo com solo corrigido e manejo adequado.
Casos alarmantes e relatos do campo
Edmundo Rocha Vilela, médico-veterinário e pecuarista na Fazenda Flamboyant, localizada em Santa Rita do Araguaia (GO), é um dos produtores que vivenciou a situação.
“O problema começou em 2019, quando pastagens exuberantes morreram de repente. Tentamos replantar, mas o capim voltou a morrer no ano seguinte”, relata.
Segundo Edmundo, o problema afeta desde terras arenosas até solos com maior teor de argila. O fenômeno não está restrito à sua fazenda. Em um percurso de Alto Garças (MT) a Uberlândia (MG), Edmundo constatou um cenário desolador:
“Pastagens inteiras mortas, sejam de braquiárias, marandu, zuri ou outras variedades. Algo sério está acontecendo e não é só seca ou pragas.”
Possíveis causas da morte da pastagem
Diversas hipóteses têm sido levantadas, mas nenhuma solução definitiva foi apresentada. Entre as causas apontadas estão pragas como percevejos e cigarrinhas, além da seca prolongada. Contudo, Edmundo reforça que há algo mais:
“Mesmo áreas com correção de solo, alta saturação de base e aplicação de gesso estão sofrendo.”
Consultados, especialistas como a professora Janaína Marcelo, da Universidade Federal de São João Del Rei, e Edmar Peluso, da Gerente de Pasto, sugerem que o problema pode envolver doenças nas sementes ou desequilíbrios no manejo. A Embrapa e outras entidades já foram acionadas, mas ainda não há diagnóstico conclusivo.
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Mobilização e apelo dos pecuaristas
Para tentar uma solução, Edmundo levou o caso à Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Segundo ele, é urgente que os sindicatos rurais e autoridades tomem ciência da gravidade da situação.
“Sem pasto, não há pecuária intensiva nem produção de carne de qualidade. Precisamos de respostas”, enfatiza.
O alerta de Edmundo reflete a preocupação de produtores de várias regiões, de Roraima ao Maranhão. Com as pastagens morrendo, muitos estão vendendo o gado antes do tempo ou buscando alternativas caras para alimentação.
Próximos passos
Enquanto aguardam um diagnóstico preciso, os pecuaristas buscam adotar medidas paliativas, como diversificação de cultivares e associações com grãos. No entanto, sem um estudo aprofundado, a solução definitiva ainda parece distante.
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