Um estudo da Embrapa Territorial revelou que o custo das emissões de carbono na agropecuária brasileira é de US$ 11,54 por tonelada de CO₂ equivalente (tCO₂e).
O levantamento, publicado na Revista de Economia e Sociologia Rural, analisou 32 estudos científicos entre 2004 e 2024, comparando métodos de precificação do carbono em diferentes países.
Os valores encontrados variam entre US$ 2,60 e US$ 157,50/tCO₂e, dependendo da economia local, dos níveis de emissão e do uso de fertilizantes nitrogenados.
Fatores que influenciam o preço do carbono agrícola
A análise da Embrapa destacou que o valor do carbono no setor agropecuário depende de diversos fatores:
- PIB do País: Economias maiores tendem a ter preços de carbono mais baixos.
- Nível de emissões: Mercados menos regulamentados podem apresentar variações menores nos preços, mesmo com aumento das emissões.
- Participação da agropecuária na economia: Setores agrícolas mais representativos podem influenciar a precificação do carbono.
- Uso de fertilizantes nitrogenados: O manejo adequado reduz as emissões de óxido nitroso (N₂O), um dos principais gases de efeito estufa (GEE) da agricultura.
Impacto no mercado de carbono e políticas públicas
O preço médio de US$ 11,54/tCO₂e está próximo ao valor praticado no mercado voluntário internacional de carbono, segundo a economista da Embrapa, Daniela Tatiane de Souza.
Essa estimativa serve como referência para programas de incentivos ambientais, certificação de carbono e políticas públicas de descarbonização do agronegócio.
“É importante reconhecer que, em alguns casos, o aumento da tecnologia no campo pode elevar as emissões, mas isso é compensado por ganhos na produtividade e maior sequestro de carbono nos sistemas agrícolas”, explica Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial.
A precificação do carbono na agropecuária brasileira
A valoração do carbono tem ganhado relevância em debates globais, pois cria incentivos para adoção de práticas mais sustentáveis, como:
- Uso eficiente de fertilizantes para reduzir a emissão de gases poluentes.
- Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que aumentam o sequestro de carbono.
- Pagamentos por serviços ambientais (PSA) e programas de compensação de emissões.
“O mercado de carbono é uma realidade e a precificação é necessária para estabelecer referências para quem paga e quem recebe pelos créditos de carbono. No Brasil, esse tema já faz parte das discussões de diversos setores produtivos”, explica o pesquisador da Embrapa, Lauro Rodrigues Nogueira Júnior.
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Outros estudos sobre precificação de carbono
Este é o segundo estudo publicado pela Embrapa Territorial sobre precificação de carbono no agronegócio. Em 2024, o mesmo grupo de pesquisa estimou um valor de US$ 7,72/tCO₂e para a citricultura brasileira, com base em um estudo sobre o estoque de carbono no cinturão citrícola do país.
A pesquisa sobre o setor citrícola foi realizada em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e recebeu apoio financeiro do Fundo de Inovação para Agricultores da Innocent Drinks (Reino Unido).
O estudo revelou que os pomares, solos e vegetação nativa das fazendas de laranja do Brasil armazenam aproximadamente 36 milhões de toneladas de carbono.
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