SAÚDE ÚNICA

Cisticercose bovina: Embrapa diz que vacina está em fase avançada de criação

Tecnologia da Embrapa busca proteger rebanhos e reduzir perdas econômicas causadas pela zoonose que afeta pecuaristas, frigoríficos e a saúde pública

Cisticercose bovina: Embrapa diz que vacina está em fase avançada de criação
Cisticercose bovina: Embrapa diz que vacina está em fase avançada de criação

A pecuária brasileira pode comemorar em breve uma importante inovação: está em fase avançada o desenvolvimento da primeira vacina contra a cisticercose bovina, uma zoonose que causa grandes prejuízos econômicos e sanitários.

A pesquisa é conduzida pela Embrapa, em parceria com as universidades federais de Mato Grosso (UFMT), Mato Grosso do Sul (UFMS), Goiás (UFG), a Fiocruz-MS e com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A cisticercose é causada pelas larvas da Taenia saginata, mais conhecida popularmente como “solitária”, e compromete a carne de bovinos, tornando-a imprópria para consumo humano.

A doença está diretamente relacionada à teníase, que afeta os humanos e representa um sério problema de saúde pública, além de prejudicar a rentabilidade da cadeia produtiva da carne.

Duas proteínas são a base da vacina experimental

A vacina em desenvolvimento é baseada nas proteínas TSA-9 e TSA-18, com tecnologia de DNA recombinante, reconhecida pela comunidade científica.

“O objetivo é impedir o desenvolvimento dos cisticercos no animal imunizado, reduzindo os prejuízos da doença”, explica o imunologista Flabio Araújo, coordenador do projeto na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS).

O trabalho teve início em 2023 e a expectativa é que, além de prevenir a infecção nos rebanhos, a tecnologia ajude a quebrar o ciclo do parasita e garanta mais qualidade e segurança para o consumidor final.

Impacto econômico e legislação rigorosa

Segundo dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura e Pecuária, os prejuízos com a cisticercose bovina ultrapassam R$ 100 milhões por ano.

A prevalência da doença entre os bovinos abatidos entre 2007 e 2010 foi de 1,05%, com maior incidência em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Com o Decreto nº 10.468/2020, a legislação brasileira se alinhou às exigências internacionais e passou a adotar medidas mais rigorosas: o achado de um único cisticerco viável ou calcificado já exige tratamento térmico da carcaça, além da remoção das partes afetadas.

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Diagnóstico e controle integrado

Além da vacina, os pesquisadores também trabalham no desenvolvimento de testes diagnósticos mais precisos, o que permitirá monitoramento eficaz e controle mais sustentável da doença.

“Combinar o diagnóstico eficiente com a vacinação é uma estratégia eficaz para proteger o rebanho e valorizar a carne brasileira no mercado interno e externo”, afirma Lenita Ramires, pesquisadora em biologia molecular da Embrapa.

Prevenção ainda é essencial

Até que a vacina chegue ao mercado, especialistas reforçam a importância da prevenção por meio de boas práticas sanitárias, como:

  • Cozinhar bem a carne bovina e consumir apenas produtos com selo de inspeção;
  • Tratar ou ferver a água consumida;
  • Evitar o contato de bovinos com fezes humanas, adotando saneamento básico rural;
  • Lavar as mãos, frutas e verduras adequadamente;
  • Utilizar banheiros sanitários com descarte correto.

O ciclo da Taenia saginata é complexo e envolve o homem como hospedeiro final. A infecção humana ocorre ao consumir carne mal passada de um animal contaminado.

Já os bovinos se infectam ao ingerir ovos do parasita eliminados nas fezes de pessoas contaminadas, o que reforça a importância da visão integrada de saúde – a chamada “Saúde Única” (One Health).

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