
O capim “quebra-fazendeiro”, também conhecido como capim Custódio, está se alastrando por fazendas brasileiras, especialmente no Pará, e a principal via de infestação são as sementes piratas e de baixa qualidade. Quer saber como identificar o capim “quebra-fazendeiro” e como proteger sua propriedade desse prejuízo? Assista à entrevista completa abaixo!
Pecuaristas, um novo e sério problema está se espalhando pelas fazendas, ameaçando a produtividade e a saúde das pastagens: o capim “quebra-fazendeiro”.
Essa planta invasora, antes restrita ao Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), agora foi detectada em fazendas do Pará, onde nunca havia sido vista antes. Seu nome popular já indica o estrago que causa.
Nesta quarta-feira, 16 de julho, o programa Giro do Boi entrevistou o professor Salim Jacaúna, doutor pela ESALQ e professor da Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará. Ele alertou que a principal via de entrada dessa erva daninha são as sementes falsificadas ou piratas.
A invasão do capim Custódio (quebra-fazendeiro)
O capim Custódio, também chamado de capim mandante ou capim oferecido, é um desafio crescente.
Professor Salim Jacaúna relatou que, após aparecer inicialmente em pontos de estradas, agora está sendo encontrado no meio dos pastos e em áreas de produção de grãos no Pará. Isso indica uma infestação preocupante.
A grande dificuldade de controle é que essa erva daninha é um capim da mesma família das braquiárias, o que dificulta o manejo seletivo. Uma vez inserido no pasto, o controle se torna complicado.
Muitos pecuaristas de diversas regiões do Brasil já relataram a presença desse capim, confirmando a compra de sementes contaminadas. Sementes piratas e falsificadas são crime, e o pecuarista deve denunciar empresas não idôneas.
Características e prejuízos do capim invasor
O capim “quebra-fazendeiro” possui algumas características que o tornam altamente invasivo e prejudicial:
- Sementes leves e de fácil dispersão: Suas sementes se espalham facilmente pelo vento e, por possuírem cílios que as ajudam a grudar em superfícies (como animais e máquinas), infestam novas áreas rapidamente.
- Sistema radicular agressivo: Sua raiz é bruta e volumosa, o que lhe confere grande poder de competição.
- Hábito de crescimento cespitoso: Cresce em touceiras, de forma semelhante ao capim Mombaça, formando “reboleiras” enormes.
- Mata o capim nativo: Onde ele se estabelece, “mata” o capim ao redor, diminuindo a produção de forragem em até 30% a 50%.
- Não é consumido pelo gado: O animal não tem preferência por essa forrageira, especialmente quando florescida, o que permite que o capim invasor cresça livremente e produza mais sementes, perpetuando o ciclo de infestação.
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Estratégias de controle e prevenção
O professor Salim Jacaúna alerta que a roçada não é uma solução e, na verdade, pode piorar a situação ao pulverizar as sementes para outras áreas da propriedade ou até para o vizinho. O controle deve ser feito de forma integrada:
- Herbicidas: O Nicosulfuron é um herbicida com eficácia comprovada via foliar em pós-emergência, mas o controle pontual apenas com herbicidas não garante a erradicação. Um técnico deve ser consultado.
- Manejo do pasto: Dar vigor ao capim desejado através da calagem, que reduz a acidez do solo e cria um ambiente menos propício para plantas invasoras. Uma adubação fosfatada na semeadura ajuda o capim a arrancar na frente.
- Hábito de crescimento do capim cultivado: Utilizar capins com hábito de crescimento prostrado ou decumbente pode ajudar a “estrangular” o capim invasor.
- Prevenção da introdução: Evitar que a planta entre na fazenda. As colhedoras podem ser uma via de entrada, por exemplo.
Uma dica crucial para evitar a entrada de novas plantas daninhas é o manejo de gado recém-comprado. Ao adquirir animais, não os solte diretamente no pasto.
Deixe-os confinados em um curral por alguns dias para que esvaziem o rúmen, defecando possíveis sementes de plantas daninhas que possam ter sido ingeridas de outras propriedades. Isso evita a infestação de suas pastagens com espécies desconhecidas ou problemáticas.
A luta contra o capim “quebra-fazendeiro” é um desafio sério, mas com informação, planejamento e as medidas corretas, é possível proteger a produtividade e a rentabilidade da sua fazenda.
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