
O programa Beef on Dairy, que consiste no cruzamento de vacas leiteiras com touros de corte, está em ascensão no Brasil. É um caminho sem volta para a pecuária moderna, especialmente para aumentar a rentabilidade do produtor de leite. Quer aprofundar seus conhecimentos e evitar prejuízos? Assista ao vídeo completo abaixo!
Nos Estados Unidos, em 2023, 84% das quase 8 milhões de doses de sêmen de corte vendidas foram usadas em rebanhos de leite, predominantemente em raças Jersey e Holandesa.
No entanto, para que o Beef on Dairy seja um sucesso aqui, é preciso mais do que entusiasmo. A implementação requer manejos estratégicos e especiais.
Quais são os erros que o pecuarista deve evitar? Para responder a essa pergunta crucial, o programa Giro do Boi entrevistou Ruan Daros, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUC Paraná.
Agrônomo, mestre pela Federal de Santa Catarina e doutor em Biologia Animal pela Universidade da Columbia, no Canadá, Daros tem vasta experiência em bem-estar animal e produção de bovinos de leite.
Erros que podem comprometer o Beef on Dairy
Apesar de ser uma estratégia inteligente, o Beef on Dairy exige atenção redobrada. Ruan Daros destaca que a fase inicial de desenvolvimento do animal é crítica.
Se não houver cuidado adequado, especialmente na fase pré-desmama, o projeto pode não ser rentável.
Os principais erros a serem evitados são:
- Colostragem inadequada: Bezerros que não recebem colostro suficiente nos primeiros momentos de vida têm a imunidade comprometida.
- Baixo volume de leite na fase inicial: Nos primeiros 60 a 90 dias de vida, o volume de leite oferecido aos bezerros deve ser adequado. Volumes muito baixos impactam diretamente no desempenho futuro.
- Manejo e limpeza insuficientes: A falta de higiene nas baias e um manejo deficiente aumentam a incidência de doenças, como problemas respiratórios e diarreias neonatais.
Esses problemas resultam em alta mortalidade e menor ganho de peso. Um animal que enfrenta doenças na fase inicial terá um desempenho inferior no confinamento, tornando-se menos desejável para quem o compra.
Investimento em infraestrutura e nutrição
Para o sucesso do Beef on Dairy, a infraestrutura da fazenda e a nutrição dos bezerros são pontos chave.
É fundamental avaliar a infraestrutura disponível e investir em nutrição específica para essa categoria de animais, considerando também as condições climáticas locais.
A experiência de Ruan Daros, que teve contato com o Beef on Dairy no Canadá (onde a prática se intensificou a partir de 2017 devido a uma penalização no abate de machos Holandeses puros), mostra que o investimento em bem-estar animal desde cedo impacta positivamente a resistência a doenças e o desempenho produtivo.
Um bezerro saudável desde a desmama é um animal que vai produzir mais carne e de melhor qualidade.
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Pesquisa e aprimoramento contínuo
Apesar do crescimento exponencial do Beef on Dairy, especialmente com raças como Angus e Hereford em vacas Holandesas e Jersey, ainda há poucos estudos sobre o desempenho da bezerrada na fase pré-desmama no Brasil.
Isso reforça que o programa é para pecuaristas profissionais, que buscam o sucesso do negócio.
Ruan Daros e sua equipe na PUC Paraná, em parceria com uma fazenda comercial em Palmeira, Paraná, estão desenvolvendo pesquisas para comparar o desempenho de bezerros Beef on Dairy com bezerros leiteiros, sob as melhores práticas de manejo.
O objetivo é fornecer recomendações técnicas precisas para o produtor. A iniciativa visa preencher lacunas de conhecimento e evitar que o produtor entre em “ciladas”.
O potencial do Beef on Dairy no Brasil
O Brasil tem um vasto potencial para o Beef on Dairy. A ideia é que a cadeia leiteira contribua com a cadeia de carne, trazendo animais de melhor qualidade e rendimento.
Mesmo em rebanhos Girolando, comuns em Minas Gerais e regiões tropicais, há um grande potencial para melhorar a conformação da carcaça para carne.
Estudos estão sendo feitos, inclusive pela Embrapa, sobre o cruzamento de Nelore com Girolando, visando animais mais adaptados e com boa qualidade de carne.
A genética de bovinos de corte tem avançado muito, e a combinação com a genética leiteira pode gerar resultados surpreendentes para a pecuária brasileira. O Beef on Dairy, com um manejo adequado e investimento em qualidade, é uma aposta certa para a lucratividade.
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