No avanço da integração lavoura-pecuária (ILP) no Brasil, a cultivar de capim BRS Zuri, um Panicum maximum desenvolvido pela Embrapa em colaboração com parceiros, emerge como um divisor de águas na agricultura sustentável e na produtividade pecuária. Após a soja, capim pode garantir até 40 quilos de carcaça animal por hectare. Confira os detalhes desta pesquisa no vídeo abaixo.
O Giro do Boi entrevistou o engenheiro agrônomo e doutor em zootecnia, pastagem e forragicultura Luís Armando Zago Machado, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, localizada em Dourados (MS), e o produtor rural Everaldo Jorge dos Reis, de Naviraí (MS).
Eles falaram sobre o potencial do Zuri, cultivar lançada em 2014, que não só exibe um crescimento vigoroso e rápido, ideal para a alimentação de bovinos e ovinos, mas também uma notável capacidade de adaptação ao sistema ILP, revelando-se uma aliada na melhoria do solo e na produtividade subsequente da soja.
Uma cultivar de desempenho excepcional
Demonstrando um potencial de ampliar em até 40 arrobas a carcaça animal por hectare, a BRS Zuri tem se distinguido não apenas pela sua produtividade, mas também por sua contribuição à viabilidade econômica dos sistemas ILP.
Mesmo demandando um investimento maior em adubação quando comparada à braquiária, essa cultivar demonstrou um incremento na produção de forragem de 20% a 40%, uma vantagem substancial para os pecuaristas voltados para a melhoria contínua da produtividade.
Integração do capim com a soja: desafios e soluções
Os desafios no manejo dessa cultivar, como sua resistência ao herbicida glifosato e seu porte elevado, que dificulta o plantio subsequente da soja, foram superados por estratégias eficientes de manejo.
A aplicação de herbicidas sistêmicos e de contato em um esquema de duas doses, uma antes do pré-plantio da soja e outra pouco depois, demonstrou ser uma abordagem eficaz para a dessecação do capim BRS Zuri, facilitando a semeadura da soja sem atrasos significativos.
Mercado e meio ambiente
Além de incrementar a produção de carcaças de alta qualidade, o uso da BRS Zuri antecedendo culturas anuais como a soja se revela uma estratégia econômica e ecologicamente benéfica.
Permite aos produtores aproveitar ao máximo o potencial produtivo de suas terras, mantendo a saúde e a qualidade do solo, aspectos fundamentais para a sustentabilidade a longo prazo de suas atividades.
A pesquisa conduzida pela Embrapa Agropecuária Oeste aponta ainda para a diversificação de pastagens como uma tática inteligente no sistema ILP.
A BRS Zuri, ao lado das tradicionais Brachiaria, promove uma alternativa para a alimentação animal que se adapta às variações sazonais, garantindo forragem de qualidade mesmo em períodos de estiagem.
Futuro da pecuária e agricultura brasileira
Esse estudo enaltece o BRS Zuri como uma peça-chave para o futuro da integração lavoura-pecuária no Brasil.
Enquanto alternativa aos cultivos de Brachiaria, menos produtivos, mas também valorosos, esta cultivar Panicum maximum eleva o patamar da pecuária brasileira, proporcionando uma matriz alimentar rica e adaptada às exigências econômicas e ambientais do país.
Assim, o capim BRS Zuri afigura-se como um aliado indispensável para os agricultores e pecuaristas que buscam otimizar o uso de suas terras por meio do sistema ILP, ao combinar métodos sustentáveis e tecnologicamente avançados de produção.
A capacidade desta cultivar de se encaixar tão bem em diversos sistemas de manejo, melhorando tanto a produtividade animal quanto a qualidade da soja plantada em sucessão, confirma seu valor inestimável para a continuidade da inovação agrícola e pecuária no Brasil.