O Giro do Boi desta quarta, 05, apresentou resultados de uma pesquisa conduzida pela Embrapa Gado de Corte para entender a relação entre o tipo de suplemento utilizado para o gado de corte e as condições do tempo. A principal descoberta foi de que utilizando a suplementação granulada, ou aglomerada, a chance de empedramento é menor e as perdas de produto com as chuvas diminuem em até 16% na comparação com o suplemento em pó tradicional. O tema foi comentado pelo pesquisador da Embrapa Rodrigo da Costa Gomes, zootecnista, especialista em nutrição animal e doutor em qualidade e produtividade animal.
De acordo com a publicação da Embrapa Gado de Corte sobre a pesquisa, estima-se que o investimento em suplementação alimentar para gado de corte seja de R$ 27 por cabeça ao ano em média, partindo de um consumo diário de 80 g ao longo de seis meses. “O uso de suplemento aglomerado é capaz de gerar economia de até R$ 4,86 por cabeça por ano”, diz a reportagem divulgada pelo centro de pesquisa (leia aqui na íntegra).
“Basicamente o que a gente utiliza é uma estrutura de pastagem em vários piquetes contendo cochos descobertos, que é a grande realidade do Brasil. Cobrir cocho não é tão barato, então não é todo mundo que consegue manter esta estrutura”, pontuou o pesquisador. Além disso, com a dinamização dos sistemas produtivos, como a ILP e ILPF, ficou menos simples manter estruturas fixas nas áreas de produção da fazenda, como em pastos que podem virar lavouras na safra seguinte, frisou.
O zootecnista acrescentou ainda que, na pesquisa, o aproveitamento do consumo da suplementação foi melhor, o que impactou na produtividade dos animais além da menor perda do produto. Para que mantenha boa saúde e desenvolvimento, o pesquisador afirmou que os bovinos precisam consumir diariamente mais de uma dezena de mineirais como Cálcio, Fósforo, Sódio, Enxofre, Magnésio, Manganês, Ferro, Zinco, Cobre, Iodo, Cobalto e Selênio, componentes que as pastagens brasileiras não são capazes de fornecer.
“É muito comum o pecuarista falar ‘a minha terra é muito fértil. Minha área é muito boa, muito rica, então eu não preciso suplementar meu gado porque minha terra é muito boa‘. Este é um dos maiores enganos que existe, um dos maiores mitos que tem na pecuária. As pesquisas lá da década de 80 já mostraram que os solos nossos no Brasil são na maioria pobres em vários elementos e o bovino tem necessidade de dez até quinze elementos todos os dias, então não é só o sódio. O sal branco ele fornece cloreto de sódio, cloro e sódio praticamente. Enquanto no sal mineral ele tem desses dez a quinze elementos diferentes que ele precisa todos os dias e a pastagem não tem condição de fornecer esses macro e micro minerais”, reforçou.
Rodrigo ainda afirmou que o custo da suplementação parte de 5% a 8% do custo total de uma fazenda de gado de corte, portanto a eficiência no uso deste recurso é imprescindível para o resultado da propriedade.
Confira a entrevista completa e os detalhes da pesquisa no vídeo abaixo:
Fotos: Thiago Araújo e Andrei Neves / divulgação Embrapa Gado de Corte