Atualmente, o Capim Annoni, nome científico Eragrostis plana Nees, é umas das plantas daninhas mais agressivas para as pastagens brasileiras. Sobretudo na Região Sul do País. Assim, seu controle não pode ser feito somente com estudo a campo, como também precisam do suporte do laboratório na Embrapa Pecuária Sul, em Bagé-RS. Foi isso o que mostrou reportagem da série Embrapa em Ação que foi ao ar pelo programa desta sexta, dia 28. Um dos objetivos dos esforços é justamente chegar a um eficiente herbicida para Capim Annoni.
Quem falou sobre o tema foi a engenheira agrônoma e doutora em fitotecnia Fabiane Lamego, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul. Conforme apontou, por meio de ações do programa Mirapasto, além de uma parceria firmada com uma rede de instituições em prol da recuperação de pastagens, a entidade está definindo estratégias para controlar a invasora.
Nesse sentido, o sequenciamento do genoma da planta daninha pode apontar soluções, como descobrir fraquezas e criar um herbicida para Capim Annoni.
IDENTIFICANDO OS PONTOS FORTES
Em seguida, a agrônoma destacou dois benefícios principais da decodificação do genoma do Capim Annoni. “São duas frentes. Em primeiro lugar, a gente vai conseguir entender melhor, possivelmente, os aspectos de invasibilidade dele no campo. Nós já sabemos de um estudo prévio, por exemplo, que ele é mais tolerante ao estresse hídrico do que as espécies nativas”, apontou.
Além disso, a informação pode servir para outros objetivos que não somente encontrar um herbicida para Capim Annoni. “A gente consegue, conhecendo esse genoma, identificar possíveis gens relacionados. E quem sabe até utilizar isso no melhoramento de outros pastos nativos e cultivados, de maneira geral”, acrescentou.
RNA INTERFERENTE
Juntamente com os pontos fortes, as pesquisas em laboratório tem um segundo objetivo, que serviria especificamente para criar um herbicida para Capim Annoni. “Outra ideia bastante interessante que tem ganhado espaço mundialmente é o uso da ferramenta chamada de RNA interferente, ou, em outras palavras, RNAi. […] Quem sabe a gente não está investindo em uma nova ferramenta de controle, que seria via pulverização? No caso, é o RNA a molécula, pulverizando isso sobre uma planta de Capim Annoni, silenciar algum alvo vital. Ou até mesmo diminuir ou evitar a produção de sementes, que é a principal forma de ele se disseminar pelos campos”, projetou a pesquisadora.
Em conclusão, a doutora em fitotecnia lembrou que entre as dificuldades para fazer o controle do Capim Annoni está o fato de que ele não é anual. Ou seja, a planta daninha é perene e não fecha um ciclo de produção específico. Entretanto, com o trabalho do laboratório em suporte com as pesquisas de campo, a pesquisadora se mostrou otimista nos resultados. “A persistência faz parte processo da ciência”, ressaltou.
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Por fim, assista reportagem sobre os trabalhos da Embrapa para descobrir herbicida para Capim Annoni ou outras formas de controlar a planta daninha: