GIRO DO BOI RESPONDE

Semiconfinamento melhora o pasto ou pode prejudicar o solo? 

Zootecnista Edmar Peluso explica se a técnica realmente enriquece o solo com nutrientes ou se o efeito é apenas indireto

Semiconfinamento melhora o pasto ou pode prejudicar o solo? (Foto: Reprodução).
Semiconfinamento melhora o pasto ou pode prejudicar o solo? (Foto: Divulgação).

O uso estratégico do semiconfinamento levanta a questão sobre o aporte de nutrientes ao pasto e seu impacto na qualidade do solo. 

Ao quadro Giro do Boi Responde, o pecuarista Max Almeida, de Canarana (MT), perguntou sobre os benefícios da suplementação significativa (1% ou mais de ração) nesse sistema. 

O zootecnista Edmar Peluso, gerente de pasto, explica que o aporte de nutrientes (fezes e urina) ocorre, mas é um benefício indireto e não deve ser o fator principal para a decisão de confinar. Confira:

O especialista alerta que a fertilização resultante do semiconfinamento é apenas um “rebote”, ou a “cereja do bolo”. Se o objetivo principal fosse a adubação, o produtor deveria usar fertilizantes comerciais, que oferecem resultados mais rápidos e uniformes. 

A decisão de entrar no semiconfinamento deve ser baseada no planejamento da fazenda, focando na estratégia de engorda dos animais e no ciclo de produção para o próximo ano.

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Distribuição e lotação: o ponto crucial

Embora o animal devolva Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK) à pastagem, a distribuição efetiva desses nutrientes pela área é o ponto crucial. A eficiência do aporte está diretamente ligada à taxa de lotação e ao manejo da área:

  • Baixa eficiência: em um cenário de pasto grande, com aguada mal localizada e baixa taxa de lotação (0,6 a 1 cabeça por hectare), o aporte de nutrientes será baixo (cerca de 15 a 20 kg de NPK por hectare) e muito desigual. A maior parte dos dejetos ficará concentrada perto da praça de alimentação, sem beneficiar o fundo do pasto.
  • Alta eficiência: para que o benefício seja significativo, o produtor deve trabalhar com uma área menor ou dividida, que gere uma taxa de lotação instantânea maior (5, 6, 8, ou 10 cabeças por hectare). Nesse cenário, o aporte aumenta (100 a 200 kg de NPK por hectare), e a distribuição se torna mais uniforme.

Capacidade de suporte e alerta sobre ilusão

O zootecnista faz um alerta importante: o produtor não deve aumentar a lotação apenas para obter a fertilização. É necessário trabalhar sempre dentro da capacidade de suporte do pasto. Se o gado exceder essa capacidade, o desempenho nutricional dos animais será prejudicado, o pasto ficará batido e haverá degradação do solo, transformando o benefício em prejuízo.

Outro ponto de atenção é a ilusão de que o semiconfinamento pode regenerar um solo fraco apenas com os dejetos. O aporte de nutrientes vem da ração fornecida (de fora do solo), e não de uma regeneração milagrosa. A sustentabilidade e o lucro no semiconfinamento vêm da estratégia de engorda e não da fertilização indireta.

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